5 segredos de Dindi Hojah

Com ajuda de um repertório manual que vai da aquarela ao crochê passando pela cerâmica e pela marcenaria, o maquiador e cabeleireiro é um dos nomes mais prolíficos de sua geração.


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“5 segredos de…” é uma série mensal de entrevistas da editoria de beleza da ELLE Brasil. Nela, conversamos com beauty artists veteranos para entender a sua história e descobrir cinco segredos que vão desde truques de maquiagem até conselhos para uma carreira no mercado de cosméticos.

Apesar de ter nascido em São Paulo, ainda quando criança, aos 10 anos, a família de Dindi Hojah se mudou para o litoral norte do estado. “Só eu que voltei para cá depois. Todo mundo mora em São Sebastião até hoje.” O maquiador e cabeleireiro de 34 anos, responsável pela beleza das capas de Gilberto Gil e IZA na primeira edição depois da volta da ELLE ao impresso no Brasil, demorou bastante para mergulhar de vez no universo dos cosméticos. E, segundo ele, talvez seja exatamente aí que esteja o seu grande trunfo. “Minha infância foi uma coisa quase hippie, na verdade. Ninguém usava maquiagem. Claro, a gente passou pelo boom da Avon nos anos 1980, sempre tinha uma caixinha com algum batom ou alguma paleta em casa. Mas, não era algo que fazia parte das nossas vidas”, lembra.

No entanto, o desenho, as artes e o trabalho manual de modo geral o fascinavam desde pequeno. Em seus aniversários, sempre ganhava algum material novo para explorar. Era aquarela, giz pastel, lápis de cor… Até uma serra tico-tico, aos 14, virou presente. “Acho que mais do que a imagem final, o que importa é o processo, a construção. As pessoas olham, por exemplo, para essa capa com o Gilberto Gil e entendem o cabelo que eu fiz como dreads. E está certo, claro. Mas, não é um trabalho de cabelo, por assim dizer. É um trabalho de crochê”, disse antes de revelar que mandou uma mensagem no grupo que tem no WhatsApp com suas “amigas do crochê”, como ele as chama, para entender como poderia resolver essa beleza com a ajuda da técnica têxtil. “No limite, é um trabalho em tecido. Faz parte da beleza, mas não é só cabelo e maquiagem.”

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Gilberto Gil com beleza de Dindi Hojah no volume 1 da ELLE Brasil impressa.Foto: Bob Wolfenson

Dindi é formado em Design de Produto pela Universidade Estadual de Maringá e pós-graduado em moda pela Universidade Estadual de Londrina. Depois de passar pelas duas instituições, ele veio a São Paulo para “fazer todos os cursos que tinha vontade, mas que não tive a oportunidade de investir anteriormente. Queria me descobrir.” E, em uma dessas, ele acabou por encontrar Vanessa Rozan e ingressou em um curso no seu Liceu de Maquiagem, escola pioneira no ensino em beleza. “Eu tinha muita dificuldade em escolher meu campo de atuação porque sempre imaginava que, ao escolher o grafite, perderia a cerâmica. Ou que, ao escolher a pintura, perderia a costura… A maquiagem, no entanto, parece que foi maior do que esse medo. Foi nesse momento que consegui me desapegar do resto.”

Aos 26 anos, então, é que começa a carreira estrelada do beauty artist que, bem mais tarde, chegou em Los Angeles, no quartel-general do rapper Kanye West. Ele confiou a Dindi a missão de enfeitar os integrantes de seu Sunday Service, celebração religiosa cristã que fazia aos domingos e virou até show no festival Coachella. “Foi uma experiência muito importante para mim. Fiquei muito feliz de ter dado conta e achava incrível o fato de estar tão perto de gente extremamente importante para o design mundial e perceber que elas não estavam nem aí para o Instagram. A Kim Schraub, ex-diretora criativa da Yeezy que agora dirige a SKIMS [marca de cintas elásticas de Kim Kardashian] é uma das pessoas mais incríveis que já conheci. Uma pessoa muito inspiradora que quase ninguém sabe que existe.”

“A beleza ‘dar certo’ é consequência de uma organização que está muito antes da imagem final. O brilho está na operação por trás da foto ou do desfile”, Dindi Hojah

O caminho até a Califórnia, é claro, não foi tão suave. “Tenho a sensação de que, no começo, me chamavam só para apagar incêndio. Você tinha que dar duplo twist carpado e cair de pé. Acho que eu caí de pé porque continuaram me chamando…”, brinca. “Mas, são poucas as oportunidades que a gente tem de realmente canalizar toda a nossa potência criativa”, conta antes de deixar o seu sol em Virgem (meticuloso e perfeccionista) falar mais alto: “Até porque, não importa só se a beleza ficou bonita. Isso é consequência de uma organização que está muito antes da execução no backstage. O brilho é uma operação bem sucedida por trás do desfile ou da foto. Essa coisa do culto ao caos, acho balela. Sou bem nerd, nesse sentido. Tenho salvo no meu celular a bancada e o kit de vários maquiadores e maquiadoras que admiro. É nisso que estou interessado. O que está por trás daquela visão? Como essa pessoa consegue chegar ali?” À ELLE Brasil, Dindi mostra o ouro: confira abaixo seus cinco segredos de beleza!

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