Beautyletter: Platinar ou não platinar? Eis a questão…

O que significa descolorir o cabelo para uma jovem gay? Para nosso editor de beleza, foi como uma micro-revolução.


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Foto: Eduardo Urzedo / Ilustração: Mariana Baptista



Hello, hello, hello!

Platinar ou não platinar? Eis a questão que atormenta a mente desta gay fashionista que vos fala e de tantas outras. Bom, muito já se falou sobre as razões por trás desse ímpeto oxigenado. Eu, por exemplo, adoro a série “Gay Science”, do comediante Rob Anderson, no TikTok. Por lá, ele explica (brincando, é claro) que as gays que platinam o cabelo querem duas coisas: se diferenciar em absoluto da estética heteronormativa e avisar o mundo de que sua saúde mental não está passando pelos seus melhores e mais estáveis dias.

De fato, quando eu descolori o cabelo pela primeira vez (em 2016) a coisa estava feia… Quem leu a primeira edição desta newsletter sabe que eu e meu pai não nos falamos mais. A maneira como nós vemos o mundo nos afastou e os laços que ainda nos seguravam eram muito frágeis e não resistiram à passagem do tempo. Naquele ano, contudo, foi o fatídico ano em que eu “saí do armário”. Claro, todos os meus amigos já sabiam que eu era gay. Toda a família que eu escolhi já sabia. Mas, ele, da família de sangue, da família que eu não escolhi, não sabia. Quer dizer, sabia, mas fingia não ver – era mais fácil ignorar.

Eu lembro que mandei um textão no Whatsapp – sempre fui melhor na escrita do que na fala – e deixei a bomba na mão dele. Ele, por sua vez, respondeu como quem nunca disse para mim que eu deveria ser mais homem, como quem nunca disse que eu não deveria ter amigas mulheres porque elas são todas falsas e traiçoeiras, como quem nunca me proibiu de assistir a desfiles de moda… Respondeu dizendo: “Eu jamais teria preconceito com alguém por sua opção sexual”, como se fosse uma opção. “Jamais julgaria você por isso, como nunca fiz”, em uma negação completamente absurda e, naquele momento, simplesmente inacreditável. É o que dizem: quem bate esquece, quem apanha lembra.

Depois disso, eu finalmente fui para Itapetininga – cidade onde nasci, no interior de São Paulo – e descolori meu cabelo em um salão perto de casa. Minha mãe e meu irmão tinham saído. Ele apareceu – meu pai tinha a chave do portão, ainda que não morasse mais naquela casa. Ordenou que eu sentasse no sofá porque “precisávamos conversar”. Eu, loiro até dizer chega, inquestionavelmente viado, respondi que “não temos mais nada a falar um para o outro. Acho que você já deixou claro o que pensa sobre a nossa história e eu discordo em absoluto das suas memórias. O que você me disse é mentira e eu sei porque quem ouviu, quem viveu, quem sentiu o peso das suas palavras fui eu”.

Ele não reagiu bem, para dizer o mínimo. Pela primeira vez, as ameaças de violência – sob as quais vivíamos constantemente em casa – estavam prestes a se concretizar. Meu pai me segurou pelos braços e me jogou contra a parede. Ele meio que rugia, meio que babava, enquanto falava grosso, de um jeito antinatural, de um jeito que não era dele. De um jeito que estava guardado, na verdade, e que ele finalmente revelou, dada a circunstância. Por sorte, minha mãe chegou em casa a tempo de gritar mais alto do que ele, de falar mais grosso do que ele, de quase latir para ele. “Vai embora, vai embora, vai embora, vai embora”, ela repetia. Ele se foi e eu nunca mais deixei ele voltar.

Enfim, puta história triste, eu sei… Mas é que platinar o cabelo, para esta gay que escreve a vocês, marcou esse momento de intensa turbulência, mas de uma força tamanha que, vez ou outra, sinto que preciso recuperar. Era o que estava na minha mente este mês, decidi compartilhar. Esta newsletter é também para isso, né? Ainda vou escrever mais sobre esse assunto. Por hora, sigo aqui em casa pensando: platinar ou não platinar… Eis a questão.

Por aí…

No “Por aí”, um giro por eventos, lançamentos e experiências de beauté que vivi, atravessei, assisti ou participei no último mês!

Touchdown!

Neste mês, se você teve qualquer tipo de acesso à internet, o show magnânimo de Rihanna no Superbowl deve ter chegado ao seu feed de alguma forma. Para celebrar o comeback da diva pop aos palcos, a Fenty Beauty organizou um agito no Bar Bário, em Pinheiros, aqui em São Paulo. Nos Estados Unidos, a marca até lançou uma coleção especial em comemoração ao evento. Infelizmente, os produtos da Game Day Collection só estão disponíveis no site gringo da Fenty – dá para importar, mas corre o risco da taxação, fique de olho!

Além do arco-íris

Para quem ainda não sabe, a Bárbara Rossi – repórter de beleza da ELLE – entrevistou a Claudia Soare, também conhecida como Norvina, a presidente da Anastasia Beverly Hills. Leia o bate-papo aqui! Mas, para além disso, tanto ela quanto sua mãe (a própria Anastasia) vieram ao Brasil para brindar a estreia das paletas ultracoloridas da marca no país. Custando R$ 499, são cinco versões com 25 sombras em cada uma delas!

Here comes the sun

A gente pede, a Sallve faz acontecer! Finalmente, chegou a versão “toque seco” do protetor solar da marca – um queridinho entre os fãs da experts em skincare inteligente e com ótimo custo-benefício. Com proteção UVA/UVB, a nova fórmula tem FPS 50 e está com uma embalagem diferente – sai a bisnaga e entra em cena um potinho com bico dosador. Muito mais prático! Sai por R$ 69,90.

Ata-me!

Fechando o mês, almoçamos com a Dior Beauty no La Serena, no JK Iguatemi. No primeiro andar do shopping, a maison armou uma ativação de Miss Dior em que você pode mergulhar no universo da icônica fragrância floral e conhecer a fundo suas diferentes versões. Além disso, o Miss Dior Blooming Bouquet acaba de ganhar um novo lacinho – dessa vez, feito de tecido (ao invés do antigo, de metal) e amarrado pelo ateliê responsável pelos laçarotes da alta-costura da marca. Um luxo!

Na estante 

ESPECIAL BRUMAS: Refresca, hidrata e dá aquela sensação maravilhosa de spa em casa!

Eau Thermale, Avène (R$ 79,90)

Quando fui para Avène, micro-cidadezinha no Sul da França, visitei o laboratório, o spa e a fábrica da marca de mesmo nome e fiquei de cara com tudo. O cuidado, a tecnologia, a pesquisa, a história… As águas das fontes termais de lá são ricas em uma substância excretada por uma microbiota local que tem propriedades calmantes. Desde então, nunca mais abandonei meu spray.

S.O.S. Water, Herō Beauté (R$ 120)

Como tudo da Herō, este spray tem um combo poderoso de ativos naturais em sua composição. Estamos falando da função relaxante e refrescante da Aloe Vera e da Camomila, da assepsia da Calêndula, da ação antiinflamatória da Melaleuca, e muito mais. Isso sem falar que o borrifador também pode mirar no cabelo para proporcionar hidratação, nutrição e efeito antifrizz.

Bouncy Jelly Mist Edelweiss, The Body Shop (R$ 209)

Essa bruma da The Body Shop promete um monte de coisas: hidratação, combate aos efeitos da poluição, proteção contra luz azul, efeito antioxidante… Na minha opinião, o mais interessante, na verdade, é a textura gelatinosa deste produto que, depois de borrifado, ainda rende no rosto para uma massagem. Com aroma fresquinho, é perfeita para dias quentes!

Hidratante em spray Moisture Surge, Clinique (R$ 239)

Já tive um desses que deixava na gaveta da minha mesa no trabalho. Era perfeito para combater o ressecamento causado pelo ar condicionado. O problema é que o spray era tão gostoso que eu ficava passando toda hora e ele acabou rapidinho. E, vale lembrar, ele é da mesma linha de um dos hidratantes mais queridos e famosos do mundinho skincare: o Moisture Surge, de Clinique.

Bruma Hidratante, CARE Natural Beauty (R$ 78,40)

Diferente da maioria dos produtos selecionados aqui, esta bruma, na verdade, funciona como um tônico. Isso implica que, na sua rotina, ele entra logo depois da limpeza e antes de outros tratamentos, ok? Dica: gosto de mantê-lo na geladeira para potencializar o efeito refrescante.

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