As 3 melhores atividades para colocar seu prazer em primeiro lugar
Dedicar alguns minutos para conhecer melhor seu corpo e estimular a mente pode revolucionar sua vida sexual. Jogue-se nessas brincadeiras nada bobas e muito gostosas!
Existe um mundo de possibilidades infinitas quando pensamos em formas de sentir prazer, por mais que a maioria das pessoas tenha o costume de se limitar por medo ou falta de conhecimento nessa área. O corpo é sábio, a mente, criativa, e essa combinação é infalível. Quando se trata de buscar um alívio no meio do caos, opções prazerosas realmente não faltam, mas só uma boa educação sexual pode te ajudar a ampliar os horizontes das maneiras mais saudáveis e menos óbvias possíveis. E não precisamos de nenhuma justificativa para ir atrás dessas experiências, além do pleno direito de poder viver nossas potências sem culpa. Não é à toa que até hoje não foi descoberta a função biológica do orgasmo feminino. Talvez realmente não tenha nenhuma função além de ser gostoso de sentir. Talvez seja o que muitas estudiosas da sexualidade humana chamam de “bônus da natureza” – e que maravilha de bônus! Então, para máximo proveito, selecionei três atividades diferentes para você, minha querida leitora, viver um novo e mais completo autoprazer:
Atividade 1: Edging
Essa é uma técnica instigante e poderosa, que tem como objetivo trazer orgasmos beeeeem mais intensos do que os de costume. Sabe quando decidimos ir por um caminho mais longo, justamente porque sabemos que a demora a mais será recompensada por uma paisagem mais gostosa de percorrer, tornando a chegada mais bonita? A prática do Edging é exatamente sobre isso. Esse nome vem da palavra em inglês “edge”, que significa estar à beira de algo. No caso da sexualidade, estar à beira de um orgasmo. Ao construir um caminho de excitação intensa e deixar com que ele seja o mais consciente e prolongado possível, o resultado pode ser orgasmos extremamente fortes e diferentes de tudo que você já sentiu até então, transformando algo que já é bom em uma verdadeira experiência de catarse.
Nosso cérebro, que digo sempre que é o maior órgão sexual humano, quando aprende um caminho mais fácil e curto para alcançar algo, vai sempre querer ir por ele. Isso funciona com absolutamente tudo, e o orgasmo não fica nem um pouco de fora. Se aprendemos a gozar de um jeito, nossa mente vai querer poupar energia e pode acabar ficando um pouco preguiçosa, dizendo que você deve seguir sempre os mesmos passos. Por isso técnicas como o Edging podem ser tão benéficas, já que é recomendado sair do modo automático.
E como fazer? Primeiro, é necessário já ter uma certa familiaridade com seu orgasmo, entender como você o alcança e qual tipo de estimulação é necessária para chegar ao ápice do prazer (e já temos aí mais um bônus, porque a vontade de praticar pode te trazer exatamente para esse lugar de se investigar com mais afinco e entender melhor como seu corpo funciona). Depois, é sair da teoria e ir para a prática, ou seja, se tocar! Continue se tocando e, quando estiver prestes a ter um orgasmo, simplesmente pare de se tocar ou reduza o ritmo – você também pode trocar de posição e tipo de estímulo. Depois, recomece todo o processo aos poucos. Uma dica é rapidamente tirar a mão ou o vibrador da região íntima e ir tocar outra parte do corpo, como coxas, mamilos, pescoço etc,, fazer uma automassagem, observar com atenção o clitóris ou pênis pulsando, e só depois voltar diretamente às partes íntimas. Basicamente é isso: começar, parar, recomeçar. Quantas vezes quiser, até achar que chegou a hora de viver o orgasmo.
Nesse processo, podemos acessar várias coisas sobre nós mesmos, entender não só uma parte física, mas também sobre como funcionamos na hora de ter o controle de algo e depois deixar soltar completamente. Assim como entender de maneira bem sensorial como nossas potências são tão particulares.
Atividade 2: Fazer listas de sim / não / talvez
Já a construção desse tipo de atividade é famosa entre praticantes de BDSM (sigla para Bondage e Disciplina, Dominação e Submissão, e Sadomasoquismo), mas pode se expandir para absolutamente toda e qualquer pessoa com a vida sexual ativa. Ela consiste em listar várias atividades sexuais e gestos que podem acontecer nos momentos íntimos, desde o envio ou recebimento de nudes até coisas mais quentes e extremas. Ao lado de cada atividade, abra três espaços em branco para você marcar se essa é uma vivência que gostaria de experienciar, não gostaria ou talvez pudesse dar uma chance.
E como listar até o que não queremos pode ajudar no nosso prazer? Porque assim conseguimos pensar de maneira mais consciente sobre nossos desejos e limites. Esse é um exercício de autoconhecimento que nos leva a investigar nosso íntimo de maneira profunda. Ele nos faz refletir sobre como nossa imaginação reage diante de cada atividade sexual. Por exemplo, ao ler “usar algemas” o corpo e a mente se empolgam ou o efeito é contrário?
O legal dessa tarefa é que ela pode ter diversas respostas dependendo da parceria ou do momento em que estamos. Sendo assim, ela pode ser feita de tempos em tempos, e o resultado variar a cada vez. Também é interessantíssimo para abrir uma conversa maior sobre fantasias entre casais. Nesse caso, imprima duas folhas da mesma lista para cada um marcar de maneira privada suas preferências. Depois se encontrem e vejam juntos o que foi marcado de maneira parecida, onde vocês dois discordam, onde há possibilidades a serem exploradas e como seria a melhor forma de viver essas vontades em conjunto.
Você pode exercitar sua criatividade e montar sua própria lista do zero ou buscar na internet por “yes/no/maybe list” – algumas plataformas de educação sexual fornecem gratuitamente o pdf para ser impresso em casa. O importante aqui é pensar além e, se quiser, também viver a expansão da sexualidade.
Atividade 3: Vulva Mapping
Esse é um exercício que tem como foco elevar a consciência corporal focando na vulva, que foi tão marginalizada e acabou sendo deixada de lado. Aproximar-se da própria vulva também é se reaproximar de si. O prazer depende de atenção e estimulação, então que tal combinar essas duas coisas de uma maneira mais atenciosa?
Do que você vai precisar?
Privacidade
Silêncio
Papel
Caneta ou lápis
Meia luz
Um vibrador pequeno
Lubrificante
Como fazer?
Passo 1: Anote no papel como você está se sentindo no momento antes de começar o exercício. Você se sente conectada com seu corpo? Como anda sua libido? Existe alguma insegurança, ansiedade e cansaço? Ou você tem se sentido mais aberta e curiosa?
Passo 2: Com pouca ou nenhuma roupa, deite-se com a barriga para cima em um lugar confortável e reservado. Se quiser criar um ambiente mais aconchegante com velas e música ambiente, vá em frente.
Passo 3: Feche os olhos e busque focar na sua respiração. Comece respirando normalmente, percebendo cada inspiração e expiração. Quando estiver bem atenta à própria respiração, diminua o ritmo e deixe ela mais intensa. Repita essa respiração lenta e profunda cinco vezes e volte ao ritmo normal.
Passo 4: Tome consciência do seu corpo parte por parte, começando pelos pés e indo até a cabeça. A cada parte “escaneada” mentalmente, procure notar como você se sente. Não tenha pressa.
Passo 5: Depois de “tocar” seu corpo com a mente, toque parte por parte com as mãos. Se precisar, sente-se ao encostar nos pés, pernas, coxa; depois deite-se para continuar pela barriga, seios, braços, pescoço, rosto e o topo da cabeça. Continue sem pressa, faça movimentos delicados e fique em cada parte por quanto tempo for preciso.
Passo 6: Pegue seu pequeno vibrador e coloque na vibração contínua mais suave. Repita o passo 5, mas em vez das mãos, use o vibro. Desperte toda a vulva com a vibração e note como você se sente. Se necessário, adicione lubrificante para deslizar o toy.
Passo 7: Volte com o vibro nos pontos mais sensíveis da vulva, e explore com curiosidade a resposta física e mental que esses estímulos provocam. Passe lentamente o vibrador pelos lábios externos, o monte de vênus, a virilha, ao redor do clitóris. Sinta cada milímetro da sua região íntima. Se quiser, você pode tanto aumentar a velocidade do vibrador para uma estimulação mais completa como voltar a usar as mãos para um carinho mais suave. O foco aqui é a conexão com a própria vulva, não necessariamente ter um orgasmo, porém, se ele vier, não precisa barrá-lo.
Passo 8: Ao terminar, volte a focar na respiração e aos poucos vá espreguiçando todo o corpo até despertar completamente.
Passo 9: Sente-se, e descreva no papel como você está se sentindo após o exercício. Liste as zonas mais sensíveis, onde você gostou de ser tocada, onde não gostou e onde foi indiferente. Como sua mente respondeu ao toque físico? Como seu corpo respondeu ao mapeamento mental? Você descobriu novas coisas sobre você mesma nesse processo?
Exercícios como o Vulva Mapping podem ser reveladores, e também podem ser repetidos sempre que a pessoa sentir necessidade. Esse misto de meditação com masturbação é um autocuidado poderoso e uma forma gostosa e relaxante de se conhecer melhor.
Permitir investir tempo e atenção para o próprio prazer pode mudar a vida num espectro muito mais amplo, mas requer coragem e prática. Por isso, já parabenizo vocês que estão abertos a iniciar esse processo tão gostoso, e desejo ótimas descobertas para todos!
Com amor,
Clariana
Clariana Leal é educadora sexual e carrega como propósito a abertura honesta e inclusiva do diálogo sobre sexo, desejo e corpo. Ela é também sócia da primeira sex shop brasileira 100% focada no prazer feminino. Na sua coluna Prazer sem dúvidas, vai responder mensalmente as dúvidas do público da ELLE pelo Instagram e também aqui no site.
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