Investir pode ser bem mais simples do que você pensa
Ansiedade para acompanhar aplicações da moda atrapalha a rentabilidade. Segredo é manter o foco!
Quem acompanha o mercado financeiro sabe: tem notícias literalmente o tempo inteiro. Ação subiu, ação caiu, inflação cresceu, Selic em queda, decisão do governo, empresa que faliu, companhia que abriu capital, renda fixa morreu, renda fixa ressuscitou, investimentos quentes do momento, dólar sobe, dólar desce, o curso milagroso que vai te contar tudo o que ninguém sabe ainda sobre investimentos. Nossa! Parece um inferno. Isso sem contar as oscilações do mercado financeiro que acontecem simplesmente por pânico, euforia e movimento de manada, sem qualquer fundamento racional por trás.
Pois bem, para quem não é do mercado financeiro (e, sinceramente, para muita gente que é também), isso tudo gera ansiedade e uma sensação de que nunca saberemos o suficiente para investir direito. Sempre estaremos por fora ou precisaremos fazer mil cursos e acompanhar tudo o que está acontecendo. E se não estivermos por dentro de tudo, investindo de acordo com as notícias mais recentes, parece que estamos fadados a investir mal ou perder dinheiro. Seremos insuficientes. Seremos investidoras “rasas”.
A realidade, porém, é que o mercado como um todo se beneficia dessa insegurança. Seja por você demorar mais tempo para tomar uma decisão ou acabar ficando em um produto financeiro ruim, seja por te fazer querer trocar de investimento toda hora e, claro, pagar taxas nesse processo. Por isso, nosso objetivo hoje é mostrar que, se você quiser, dá pra ignorar quase tudo e ainda investir bem. Obviamente, se você quiser mergulhar de cabeça nesse mundo, maravilha! Mas hoje vamos focar na primeira opção.
Muita calma nessa hora!
Começando pelo começo: por que as pessoas investem? O ponto de partida ao investir é quase sempre preservar o poder de compra do seu dinheiro. Ou seja, impedir que ele seja desvalorizado pela inflação, que principalmente na atualidade deixa o custo de vida mais caro. Investir, portanto, é se proteger, pois só a gente sabe o quanto trabalhamos para ganhar esse dinheiro!
Legal, mas se esse é o propósito fundamental para se investir, por que existem tantos tipos de investimento e tantas estratégias possíveis? A dinâmica por trás de um investimento é simples: quem tem dinheiro sobrando empresta para quem está precisando. Acontece que a criatividade e a ambição humanas não conhecem limites – e isso pode tornar as relações financeiras bem complexas. Há muitos jeitos de emprestar dinheiro e financiar projetos e empresas, e todos eles envolvem algum tipo de risco. O mínimo que esperamos é ter uma rentabilidade na mesma taxa que a inflação, mas as pessoas também querem uma recompensa acima desse mínimo para correr esses riscos.
Dito isso, existem duas variáveis principais que influenciam na rentabilidade: por quanto tempo você está disposta a deixar o dinheiro investido e o quanto é capaz de lidar com oscilação ou perdas, que é o que chamamos de tolerância (ou apetite) ao risco. O tempo e o risco são determinantes para a rentabilidade. Em tese, quanto mais tempo o dinheiro for poupado e quanto mais risco houver, maior deve ser o retorno do investimento. E acreditamos que essas são questões fáceis de você responder para si mesma. Por exemplo: se investirei com intenção de usar o dinheiro daqui a um mês, vou deixá-lo por pouco tempo e não posso arriscar. Se estou investindo para a aposentadoria, então é possível deixá-lo por mais tempo e assumir mais risco.
Mas e a ansiedade?
Parece mais fácil falar do que controlar a ansiedade, certo? Contudo, é possível administrar melhor essa sensação se pensarmos no objetivo financeiro como se ele estivesse dividido em dois grandes blocos, partindo do pressuposto que todas deveríamos ter pelo menos duas reservas. A primeira é a reserva de emergência, que te dará mais liberdade e paz. A outra é a reserva de longo prazo, aquela pensada para um futuro com independência financeira.
Nosso conselho é que você comece por pensar em juntar o montante de emergência e só aí, escolha o investimento que faz mais sentido e como e quando você fará outros aportes. O mesmo roteirinho vale para aplicar o dinheiro a longo prazo: quanto vou investir, em quais títulos, com que frequência… A diferença neste caso estará na estratégia, que deve ser diversificada sempre! E então, pode “esquecer” de acompanhar a montanha russa do mercado financeiro sem medo.
Claro, acreditamos que, sim, é importante saber onde nosso dinheiro está, por que ele está neste investimento e não em outro, qual o motivo de diversificar e quais critérios usar. Porém, no fim do dia, investir se resume a conseguir poupar dinheiro consistentemente e ter disciplina para continuar até alcançar aquele objetivo que determinou sua estratégia. São bem maiores as chances de enriquecer ao focar em poupar recorrentemente, no lugar de ficar caçando o investimento da moda.
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