Os destaques culturais de 2021

O retorno de festivais de cinema, o revival de séries de sucesso e o movimento #freeBritney estão na lista dos acontecimentos que movimentaram o ano.


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O avanço da vacinação contra a Covid-19 permitiu que o mundo pudesse voltar a respirar fora de casa — ainda que munido de máscara e álcool gel. A indústria cultural, que precisou recorrer às lives e ao streaming para se manter viva durante a pandemia, pôde lentamente retomar alguns formatos. Confira os principais destaques culturais deste ano em que voltamos aos cinemas e às exposições de arte e assistimos ao retorno de séries de sucesso:

A reabertura dos cinemas e o legado dos streamings

A Cr\u00f4nica Francesa
“A crônica francesa”, de Wes Anderson

Foto: Divulgação

O aumento no número de pessoas vacinadas contra o coronavírus permitiu com que as redes de cinema reabrissem as portas, fechadas durante parte do penúltimo ano. Grandes produções como A crônica francesa, de Wes Anderson, Eternos, de Chloé Zhao, e a adaptação cinematográfica de Duna, de Denis Villeneuve, adiados por causa da pandemia, enfim estrearam nos cinemas, e levaram multidões mascaradas às salas. Mas o período da pandemia em que as plataformas de streaming foram a principal plataforma para o lançamento de filmes pode ter deixado seu legado. Atualmente, cerca de dois meses separam a estreia de um filme nas telonas e nos serviços por assinatura — o que antes poderia levar anos —, caso de Duna e de Matrix Resurrections.

Séries: reboots, revivals e reunions

Sarah Jessica Parker Cynthia Nixon Kristin Davis Sex and the City And Just Like That
Carrie (Sarah Jessica Parker), Miranda (Cynthia Nixon), Charlotte (Kristin Davis) no reboot de “Sex and the city”.

Getty Images

A nostalgia tomou conta das séries em 2021. Reboots, revivals e remakes de séries que já tinham se despedido do público voltaram para uma esticadinha. Friends, por exemplo, lançou um especial reunindo o elenco pela primeira vez desde que a série terminou, em 2004. Os atores revisitaram o set, relembraram momentos marcantes da trama, entre lágrimas e risadas. Já Sex and the city retomou a trajetória das amigas Carrie (Sarah Jessica Parker), Miranda (Cynthia Nixon), Charlotte (Kristin Davis) — sem Samantha (Kim Cattrall), que preferiu não retornar à trama20 anos após o fim da produção, no reboot And just like that… Gossip girl foi um caso diferente: a trama se passa no mesmo universo que a série original, mas trata-se de uma história independente, com novos personagens, atores e dramas. Vez ou outra um rosto conhecido dos fãs faz uma aparição relâmpago na produção.

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#freeBritney

Britney Spears
Britney Spears.

Getty Images

O ano de 2021 foi de Britney Spears. A cantora finalmente se viu livre da tutela do pai, Jamie Spears, que já durava 13 anos. Há anos fãs de Britney pediam por sua liberdade, mas o movimento ganhou força quando o jornal The New York Times lançou o documentário Framing Britney Spears (disponível no Brasil pela Globoplay), que reascendeu o debate. Em audiência em junho, a cantora pediu a remoção do pai como seu tutor, e deu alguns relatos estarrecedores: “Realmente acredito que essa tutela é abusiva”, afirmou. Segundo ela, apesar da sua vontade de ter outros filhos, um DIU (dispositivo intrauterino) foi implantado no seu corpo contra sua vontade, além de receber doses diárias de lítio (remédio usado para estabilizar o humor). A cantora ainda afirmou que foi obrigada a fazer uma turnê em 2018.

O afastamento de Jamie, no entanto, não significa o fim do estado de tutela. O processo para que Britney volte a responder pelos seus atos pode levar anos. Mas Jamie apresentou uma petição à justiça estadunidense pedindo que a filha seja novamente responsável por si própria.

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Reabertura do Museu da Língua Portuguesa e a volta das exposições de arte

Museu de L\u00edngua Portuguesa
Museu da Língua Portuguesa reabre ao público

Ana Melo/ Museu da Língua Portuguesa

Quase seis anos depois de um incêndio destruir boa parte de seu acervo e espaço em São Paulo, o Museu da Língua Portuguesa foi reaberto ao público. Mostras anteriores ao incidente entraram novamente em cartaz, ao lado de novas exposições, pensadas para a reinauguração. Diversos profissionais de países que falam a língua portuguesa foram convidados para colaborar com a reconstrução do acervo, entre eles Mia Couto, Marcelino Freire, Arnaldo Antunes e Laerte.

Mostras de arte importantes também reencontraram o público, como a 34ª Bienal de Arte, que aconteceu entre agosto e dezembro, e a SP-Arte, principal feira da América Latina, em outubro.

A recuperação do mercado editorial

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“Bridgerton”, a adaptação da série de livros de Julia Quinn pela Netflix

elle.com.br

Entre 2019 e 2020, o mercado editorial encolheu de todos os lados. Segundo o relatório anual do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e a Nielsen Book, houve queda de 18% na venda de livros e baixa de 20% produção de novos títulos. Mas desde janeiro de 2021, o setor mostra indícios de recuperação. Houve um aumento de 33% na venda de livros em volume e 31% em valor. O reestabelecimento do mercado veio acompanhado de um entusiasmo especial do público por livros de romance — de 1,93 milhões de livros vendidos no ano passado, para 2,57 milhões neste ano. A lista foi impulsionada pelo sucesso da série da Netflix Bridgerton, inspirado na saga de mesmo nome, assinada por Julia Quinn, que ocupa quatro posições no ranking dos dez livros mais vendidos, segundo a Nielsen IQ (confira a lista completa aqui).

Em meio a essa recuperação, tivemos o retorno de Chico Buarque com Anos de chumbo e outros contos, e de Itamar Vieira Junior com Doramar ou a odisseia. Já a violência sexual foi tanto tema de Vista chinesa, de Tatina Salem Levy, quanto de A vida nunca mais será a mesma, de Adriana Negreiros. Em 2021, nos despedimos de bell hooks e Joan Didion. E Carolina de Jesus foi reconhecida com o título póstumo de doutora honoris causa pela UFRJ.

O retorno do Festival de Cannes e um Festival de Veneza menos tímido

Julia Ducournau
Julia Ducournau, a segunda mulher a vencer Palma de Ouro

Getty Images

Após um hiato de um ano, Festival de Cinema de Cannes retormou em 2021. O evento, que geralmente acontece em maio, foi transferido para julho, mas aconteceu. E se um número maior de produções participou do festival, o público foi cortado pela metade, em prol das medidas sanitárias para prevenir a contaminação pela Covid-19. Spike Lee, que iria presidir o júri em 2020, assumiu a função neste ano, o primeiro negro a ocupar o posto. Maggie Gyllenhaal e o brasileiro Kleber Mendonça Filho também foram jurados do festival, que deu a Palma de Ouro a Julia Ducournau, a segunda mulher na história do festival a levar o prêmio.

Já o Festival de Cinema de Veneza buscou um modelo menos tímido este ano, deixando para trás o o tanto quanto possível o formato híbrido, além da maior presença de artistas. Filmes como Duna, Ataque dos cães, Spencer, Cenas de um casamento e Madres paralelas fizeram sua estreia no festival.

Premiações como o Emmy, realizada em setembro, também puderam abrir as portas para que mais artistas recebessem o prêmio em mãos, embora tenha sido pulverizado entre Nova York, Los Angeles e Londres, para evitar a aglomeração e o deslocamento de pessoas, em meio à pandemia.

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