40 anos sem Bob Marley

Relembre a trajetória do maior nome do reggae em dez movimentos.





Este 11 de maio marca os 40 anos da morte de Bob Marley, até hoje o maior nome da história do reggae e também o artista de terceiro mundo com maior êxito comercial. O jamaicano vendeu mais de 75 milhões de discos e se tornou um ídolo mundial na década de 70. Aqui, relembramos a trajetória do músico, cantor e compositor em dez movimentos, dos primeiros sucessos à tentativa de assassinato que sofreu, passando pela conversão ao rastafarismo:

– Nascido Robert Nesta Marley na vila de Nine Mille, no interior da Jamaica, em 1945, ele foi criado juntamente com o filho de seu padrasto e seu futuro parceiro musical, Bunny Wailer. No começo dos anos 60, eles conhecem Peter Tosh e formam o trio The Wailing Wailers, muito influenciado pelo soul estadunidense e pela febre do ska que dominava a ilha caribenha.

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Bunny Wailer, Bob Marley e Peter Tosh, em 1964Foto: Getty Images

– O primeiro single, “Simmer down”, foi produzido pelo renomado Coxsone Dodd e alcançou o topo das paradas jamaicanas em 1964. O sucesso garantiu um contrato ao trio, que ganhava um salário semanal e seguiu gravando pelo selo Studio One. Faixas como “Sun is shinning” e “I don’t need your Love” também se tornaram hits nos anos seguintes.

– Na vida pessoal, duas passagens marcam a década de 1960: o casamento com a jovem cubana Alpharita Constantia Anerson (Rita Marley, sua companheira até o fim da vida) e a conversão ao rastafarismo – o que faz com que ele deixe crescer os enormes dreadlocks (uma marca de seu visual) e passe a tratar de temas sociais e políticos em suas letras.

– No fim dos anos 60, os Wailing Wailers já eram o grupo mais popular da Jamaica. O produtor Lee Perry passa a trabalhar com a banda e a rebatiza de The Wailers. O LP Soul rebel (1969) é lançado na Inglaterra pelo selo Trojan e os pilares do reggae começam a se erguer. A batida desacelera e as dinâmicas entre baixo e bateria ganham destaque nos arranjos.

– O álbum Catch a fire, de 1973, projeta Bob Marley definitivamente ao estrelato internacional. O produtor Chris Blackwell, que anos depois foi fundamental nas carreiras de Grace Jones e U2, interfere nos arranjos (como no solo de guitarra em “Concrete Jungle”), na concepção da capa (com o artista tragando um cigarro de maconha) e no nome da banda (agora Bob Marley & The Wailers) para moldar a receita jamaicana ao gosto do público roqueiro.

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Foto: Reprodução

– O LP seguinte seria o último com Peter Tosh e Bunny Wailer como integrantes da banda. Lançado em 1973, Burnin traz o hino de protesto “Get up, Stand up” e a famosa “I shot the sheriff”, regravada por Eric Clapton. À esta altura, Marley já desfrutava de um prestígio surpreendente: recebia visitas de Paul McCartney e George Harrison no camarim e dividia o palco com Stevie Wonder.

– Entre 1974 e 1980, o jamaicano gravou mais seis LPs de estúdio. Os vocais de Tosh e Bunny foram substituídos pelo coro do trio feminino The I-Threes, formado por Rita Marley, Judy Mowatt e Marcia Griffiths. O conteúdo das letras, cada vez mais, reverberava as tensões sociais que a ilha vivia por conta da desigualdade e da tensão política entre os dois partidos que se alternavam no poder (PNP – People’s National Party e JLP – Jamaican Labour Party).

– Em 1976, Bob Marley sofre uma tentativa de assassinato. Sua casa é invadida por um grupo de homens armados. Ele e Rita Marley são atingidos levemente. O atentado acontece algumas semanas antes de sua participação em um show gratuito, em Kingston, que teve o apoio do então primeiro-ministro Michael Manley (PNP) e pretendia apaziguar os ânimos acirrados em ano de eleições.

– Nos anos seguintes, destacam-se os álbuns Exodus (1977) e Survival (1979). O primeiro se divide em canções que tratam de assuntos relacionados a questões religiosas no lado A (“Natural Mystic”, por exemplo) e assuntos afetivos no lado B (“Waiting in vain”, entre elas). O outro foi gravado com inspiração no continente africano e traz a mensagem do pan-africanismo em “Africa Unite”.

– Bob Marley morreu em 11 de maio de 1981 por conta de um câncer no pé, que se espalhou para o cérebro, o pulmão e o estômago. Ele deixou 11 filhos. Até hoje é um dos rostos mais recorrentes nas estampas de camisetas de jovens mundo afora, enquanto os dreadlocks e o clássico casaco Adidas vermelho são parte da imagem que o consagrou.

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