Conheça as cores que são tendência no décor para 2021

Aconchego, resiliência e otimismo. Estas são as mensagens dos tons da temporada. Uma paleta que começa com o conforto dos naturais, passa pela força do cinza e explode na alegria do amarelo, promessa de um futuro cheio de boas energias.


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Divulgação / Couleur Locale



Mais do que preferência pessoal, cor é uma forma de expressão. Ser apaixonado por determinado tom e ter antipatia por outro é o pedacinho mais corriqueiro da nossa relação com esse arco-íris de possibilidades. Mas essa história vai além. As cores revelam muito sobre quem somos – seja nos tons das roupas que vestimos, nas tintas que colorem o lugar onde moramos ou mesmo nos traços da embalagem que atraem nosso olhar na prateleira do supermercado. “Não tem como falar de cor sem contextualizar o tempo em que a gente vive e a nossa relação com o mundo e com as pessoas. Podemos pensar cor como uma linguagem, porque fazemos o tempo todo uma leitura subjetiva do mundo por meio das cores”, diz Ana Kreutzer, pesquisadora e consultora de cores no Estúdio Prisma.

É com esse mindset que todos os anos os grandes bureaux de tendências definem as cores que vão ser fortes na temporada seguinte, seja na moda, no design de produtos, na decoração ou na beleza. São pesquisas extensas, que olham para o que está acontecendo no mundo, identificando os grandes movimentos políticos, sociais, ambientais e comportamentais, mas levam em conta também as premissas da indústria e uma série de referências das mais diversas áreas, como artes, entretenimento e destinos de viagem. É um exercício de concentração, que capta o zeitgeist com uma cor (ou um conjunto delas).

É por isso que a construção das paletas para 2021 foi fortemente influenciada pelo impacto que a pandemia causou em nossas vidas, incluindo nessa pensata a experiência de isolamento, a vivência intensa da casa, a mudança da relação com o trabalho, o amadurecimento emocional com a família e os amigos e a necessidade de baixar a ansiedade, ganhar resiliência e encontrar esperança para seguir adiante.

Os reflexos apareceram primeiro nas passarelas internacionais. Boa parte dos desfiles de outono/inverno 2021 e mesmo do verão 2020 do hemisfério norte já embarcaram nas novas cores, que incluíram tons aconchegantes, como marrons, crus, caramelos e rosas (que variaram entre nuances fechadas e suaves) e surpreenderam com pontos iluminados por amarelos, num conjunto bastante representativo desse mood pós-pandemia.

Sala em cinza com estante amarela dividindo o ambiente

Cinza e amarelo no projeto de Barbara Dundes para a Casa Cor.Foto: Divulgação

Sala clean, em rosa clarinho e branco

Projeto da BC Arquitetos para a Casa Cor: a vida em cor-de-rosa.Foto: Divulgação

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Projeto de Nareg Taimoorian une o rosa a tons terrosos.Foto: Divulgação

O portal WGSN, por exemplo, trabalhou com duas premissas. “Optamos por um grupo de tons que tranquilizam a mente e por outro que energiza, que traz alegria”, conta Luiza Loyola. As principais influências vieram da natureza e da tecnologia – dois aspectos que marcaram nosso dia a dia em 2020. A comunicação com o mundo exterior ficou ainda mais digital, enquanto nossa vontade de relaxar e de se reconectar com a natureza aflorou (quem não encheu a sala de plantas e respirou mais fundo durante a meditação entre uma videochamada e outra?). A proposta deles é um caminho que começa no amarelo luminoso, passa por um degradê de orgânicos (neutros reconfortantes, terrosos, olivas e verdes acinzentados) e inclui azuis e tonalidades pastel com pegada hi-tech. Lembrando que os naturais são uma elegia ao artesanal, ao feito a mão, à perfeição do imperfeito – que se liga ao nosso anseio de voltar ao que é simples, da terra.

Pé na terra

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Ambiente produzido para o estudo de tendências de cores Suvinil Revela 2021.

Foto: Brejo

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Coleção Oriente, do arquiteto Carlos Fortes, à venda na Dpot Objeto.

Foto: Tomas Arthuzzi

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Terracota dá o tom à mesa para home office projetada por Melina Romano.

Foto: Divulgação

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Cadeiras de ferro da Bruises Gallery.

Foto: Divulgação.

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Cadeiras Laia, com design de Jean Louis Iratzoki para Alki.

Foto: Divulgação

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Terra, madeira e aconchego: projeto de interiores de Shirlei Proença.

Foto: Renato Navarro

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Garrafas de madeira de demolição do designer Victor Iervolino, à venda na CauleWood.

Foto: Divulgação

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Tapeçaria de Alex Rocca.

Foto: Divulgação

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Sofá de três lugares, da Tok & Stok.

Foto: Divulgação

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Pufe em bouclé terracota, da Westwing.

Foto: Divulgação

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Batizado de Arado, o tapeta do designer Fabrício Roncca lembra sulcos na terra, à venda na Tapetah.

Foto: Divulgação

Rosa na cabeça

O ponto de convergência entre todas as previsões está justamente na busca de acolhimento, de reconforto, representada pelos tons terrosos, dos rosas mais suaves e fechados aos marrons quase vinho. “Trouxemos o tema da casa como santuário, como refúgio, onde as cores são usadas como antídoto, como dose diária de respiro”, diz Sylvia Gracia, coordenadora de marketing, conteúdo e cores da Suvinil, que trabalhou três grandes temas (Consciência, Resgate e Conexão) e fechou no tom Meia-Luz, o último rosa da paleta antes dos lilases, como sua cor do ano.

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Cerâmica de Rina Menardi.

Foto: Divulgação

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Para se jogar: sofá do estúdio Mula Preta.

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Projeto da arquiteta Ana Bumachar, com produção de Nuria Uliana.

Foto: Renato Navarro

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Peça da coleção Pecten, da designer Sara Ricciardi.

Foto: Divulgação.

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Fofura pura: almofada da Breton.

Foto: Divulgação

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Projeto da arquiteta e design de interiores Erica Salguero.

Foto: Renato Navarro

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Luminária de piso da Houseof.

Foto: Divulgação

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Rosa translúcido na mesa do designer Francesco Balzano.

Foto: Divulgação

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Poltrona Eva, do designer Gustavo Bittencourt.

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Poltrona Breeze, do Studio Marta Manente: franjas e leveza.

Foto: Divulgação

EQUILÍBRIO EM CINZA E AMARELO

A energia do amarelo, lembrada pelo WGSN, marcou presença também na escolha da Pantone, que elegeu o Ultimate Gray e o Illuminating. É a segunda vez na história que a marca escolhe um duo em vez de uma cor solo. A primeira foi em 2016, quando o azul Serenity e o Rose Quartz celebraram a diversidade de gênero. A dobradinha atual também tem um significado forte. O cinza Ultimate representa a rocha, a solidez, a certeza. E o amarelo Illuminating, a positividade, o otimismo. Em tempo de polarizações, elas tocam em um desejo universal: o de entendimento entre diferentes. “É uma mensagem de cooperação entre as pessoas, para que se entendam e se apoiem”, explica Blanca Lliahnne, diretora executiva da Lexus Groupe, maior representante da Pantone no Brasil. “Nesse momento, é importante confiar em algo sólido. Em contrapartida, o amarelo vem do sol, traz vitalidade”. Uma dupla que nos lembra como é importante seguir em frente.

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A dupla amarelo e cinza marcou presença na primavera-verão 2021 da Prada.

Foto Cortesia | Prada

Depois de um ano puxado, mas cheio de descobertas e aprendizados, as cores apontam para um 2021 de recomeços. Estamos mais maduros, mais fortes, mais preparados, mas também sedentos por um amanhecer luminoso. Bora construir esse futuro colorido?

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Poltronas Ami, de Paola Lenti.Foto: Sergio Chimenti

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Torneira da Meber Metais.

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Sofá Truncado, de Tiago Curioni.

Foto: Divulgação

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Projeto do SP Studio.Foto: Rafael Renzo

Poltrona amarela de formas organicas
Poltrona Splash, de Rodrigo Delazzeri.

Foto: Divulgação

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Porcelanato Bailarinas, da Portinari.

Foto: Divulgação

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Prato de Calu Fontes.

Foto: Divulgação

Foto do ambiente que abre a reportagem: Divulgação / Couleur Locale.

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