Leitura feminina
Lançamentos trazem o pensamento de Simone de Beauvoir, Susan Sontag e Cida Bento sobre a cultura moderna e a vida em sociedade.
Três lançamentos lançam holofotes sobre a contribuição decisiva das mulheres para o amadurecimento da compreensão da vida em sociedade. Em As visionárias: quatro mulheres e a salvação da filosofia em tempos sombrios, 1933-1943 (Todavia), Wolfram Eilenberger amarra com habilidade as biografias e teorias de um quarteto nascido no início do século 20, que perseguiu a liberdade com obstinação: as francesas Simone Weil e Simone de Beauvoir, a alemã Hannah Arendt e a russo-estadunidense Ayn Rand. Em um período marcado por totalitarismos de direita e esquerda na Europa, além da Segunda Guerra Mundial, elas defendiam a autodeterminação como tábua de salvação, fosse no plano íntimo, econômico ou político.
Guardadas as proporções, pode-se dizer que um conceito central na obra de Arendt está na raiz de O pacto da branquitude (Companhia das Letras), de Cida Bento: o da banalidade do mal. A psicóloga traça uma linha histórica da normalização da dominação dos brancos sobre os negros no Brasil. Escolas, processos de seleção, modelos de gestão de empresas, tudo foi construído para perpetuar a hegemonia de um grupo étnico. O problema é sistêmico, estrutural, desenha a autora. A lucidez também é um dos traços que definem a escrita da estadunidense Susan Sontag.
A reedição de Sob o signo de Saturno (Companhia das Letras) oferece uma amostra de seu olhar afiado para a cultura moderna, da literatura ao cinema, passando pelo teatro e por seus ascendentes na filosofia, como Walter Benjamin e sua intrincada melancolia.
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