Mostra em SP passeia pela relação entre arte e moda

A Arte da Moda - Histórias Criativas, no Farol Santander, abre nesta sexta-feira (22.1) e vai de Paul Poiret a Jum Nakao.


lG2SpgoR origin 833 scaled



O vestido de noiva de Tarsila do Amaral, assinado por Paul Poiret, para o casamento com Oswald de Andrade, em 1926, foi o ponto de partida para a pesquisa da mostra A Arte da Moda – Histórias Criativas. A exposição, que abre ao público nesta sexta-feira (22.1) e ocupa dois andares no alto do Farol Santander, no centro de São Paulo, passeia pela relação entre arte e moda. A mostra exibe pela primeira vez peças do vestido de Tarsila (o corset e uma capa branca), feito a partir da cauda do vestido de casamento da mãe de Oswald e que pertence hoje ao acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

O vestido é um dos 170 itens da mostra, que tem como foco o diálogo de mais de um século entre arte e moda e toma como ponto de partida os Ballets Russes (1909-1929), extinta companhia com sede em Paris. “Foi a primeira vez que houve essa conexão entre moda, arte, dança e música. O empresário (e fundador Serguei) Diaghilev era um visionário e reuniu artistas de diversas áreas”, diz à ELLE a curadora Giselle Padoin. “Ele contratou nomes como Picasso, Sonia Delaunay, Coco Chanel, que colaboravam com cenário e figurino.” O trabalho de Diaghilev inspiraria a moda décadas depois: há na mostra uma seção dedicada à Dior, com look da coleção Cirque, da alta-costura do verão 2019, em que Maria Grazia Chiuri olhou para os Ballets Russes, lembra a curadora.

Se\u00e7\u00e3o da exposi\u00e7\u00e3o com looks da Rhodia.
Seção da exposição com looks da Rhodia.Foto: Divulgação/Fifi Tong

Essa conexão entre arte e moda chegou ao Brasil anos depois. “Eu queria mostrar a influência da moda francesa na brasileira do início do século 20 até os anos 60, 70, quando houve a iniciativa da Rhodia de criar uma conexão entre artistas e estilistas para incentivar a moda nacional. Até então, a moda brasileira era, praticamente, baseada na francesa, principalmente no início do século”, diz a curadora. A mostra exibe dez vestidos da Coleção Rhodia das décadas 60 e 70, pertencentes ao acervo do MASP, desenvolvidos por estilistas como Dener, com a colaboração de artistas da época, como Alfredo Volpi, além de cinco obras de artistas plásticos que criaram estampas para a marca na época.

Entre os estilistas brasileiros contemporâneos, há destaque para o trabalho de Alessandra Affonso Ferreira, à frente da SISSA. “Ela é uma artista nata, pinta os tecidos à mão”, diz a curadora, que levou para a exposição um tear de 200 anos, usado por tecelões do sul de Minas Gerais em um trabalho de reaproveitamento de tecidos, promovido por Alessandra. Não faltou também Jum Nakao e sua emblemática coleção “A Costura do Invisível” (2004), em que as modelos rasgaram os looks tecidos em papel ao fim do desfile na SPFW. “O Nakao é um grande símbolo brasileiro dessa conexão.”

A Arte da Moda – Histórias Criativas: de 22 de janeiro até 4 de abril, no Farol Santander (farolsantander.com.br), R$ 25

Look da alta-costura, do ver\u00e3o 2019, da Dior.
Look da alta-costura, do verão 2019, da Dior.Foto: Divulgação/Fifi Tong

Vestido com inps

Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes