Muito além de “Nasce Uma Rainha”: drag queens brasileiras para ficar de olho

Conversamos com as apresentadoras Gloria Groove e Alexia Twister sobre o novo reality show da Netflix e sobre a cena drag nacional.


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É carão com emoção que você quer? Então toma! Já está disponível Nasce Uma Rainha, um reality show cheio de brilho, salto alto, coreografias e afeto, na Netflix. Nele, a diva pop Gloria Groove e a dançarina Alexia Twister fazem as vezes de madrinha de aspirantes a drag queen e drag king – e é uma delícia acompanhar os participantes desabrocharem com as dicas das veteranas.

Nasce uma Rainha se destaca, primeiro, por não ser uma competição, mas sim um programa de suporte, de ir em busca do seu brilho próprio, da sua melhor versão”, ressalta Gloria durante entrevista feita por videoconferência. Ela, que tem mais de 3 milhões de ouvintes mensais no Spotify e hits como É Coisa Boa e Bumbum de Ouro, assume uma missão tocante no reality: convencer uma pessoa importante da vida de cada afilhado de que a arte drag importa.

Completamente desmontada – sem peruca, nem maquiagem exagerada –, a cantora se apresenta como Daniel Garcia, nome da sua persona masculina, e, com muito diálogo e sensibilidade, tenta combater estigmas que rondam o universo das drag queens. O objetivo é fazer com que essa pessoa se torne um suporte especial da rainha que está para nascer, tanto aplaudindo a apresentação que encerra o episódio, quanto sendo um aliado dentro do cerco da família daquele minuto em diante.

Nesse momento, Gloria/Daniel também pega o público leigo pela mão, fazendo com que o reality converse para além da comunidade LGBTQIA+. “O espectador percebe a importância de entender quem é o ser humano por trás do artista que está para se mostrar. E essa humanização faz uma diferença drástica para todas nós drag queens e para o entendimento da sociedade em geral sobre o que é a arte drag”, avalia.

Além de Gloria Groove: conheça outras drags da cena nacional

“O Brasil ainda está descobrindo as drags brasileiras”, comenta Alexia, alter ego de Matheus Moreira de Miranda, que se apresenta na noite há 24 anos e já teve seu trabalho enaltecido por ídolas como Lady Gaga e Kylie Minogue. “A gente tem performers, drags delicadas, drags caricatas, drags humoristas, drags que vendem brownie, drag kings… Temos de tudo neste país maravilhoso.”

Para ela, artistas que furam a bolha LGBTQIA+, como a Gloria, que toca nas rádios e canta no Domingão do Faustão, e programas com a proposta global do “Nasce Uma Rainha” são fundamentais para que todos comecem a prestar a atenção em como a arte drag feita por aqui é maravilhosa. “Sem desmerecer o trabalho das gringas, mas o brasileiro tem esse poder do aculturamento, de trazer para a gente uma coisa que vem de fora, que dá essa mistura gostosa, esse suingue, essa coisa boa!”, celebra.

Então, se você ficou com gostinho de quero mais após maratonar o reality show, saiba que tem muito mais drags queens maravilhosas para acompanhar fora da telinha. Aqui estão cinco artistas sensacionais que têm feito trabalhos de destaque no Brasil e que vale a pena ficar de olho:

Lorelay Fox

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Dona de um canal no YouTube com mais de 826 mil inscritos, Lorelay Fox é considerada a primeira drag militante da plataforma. Em seus vídeos, ela compartilha dicas de maquiagem, relatos bastante pessoais e análises riquíssimas sobre assuntos essenciais para a comunidade LGBTQIA+. Ganhou destaque nacional ao participar do programa Amor & Sexo, da TV Globo, em 2016. Foi jurada da temporada 2018 do Superbonita, no GNT, ao lado de Karol Conká, Giovanna Ewbank e Renner Souza.

Seu nome é inspirado no da personagem Lorelay, da série Gilmore Girls, e o sobrenome vem de LoveFoxxx, nome da vocalista da banda Cansei de Ser Sexy – mulheres que eram referência para Danilo Dabague, publicitário por trás da montação, quando criou seu alter ego cerca de 15 anos atrás em Sorocaba, interior de São Paulo.

Samira Close

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Fenômeno gamer, a drag queen cearense Samira Close faz sucesso transmitindo ao vivo suas partidas de jogos online, como Free Fire Battlegrounds, Cyber Hunter e League of Legends (LoL). São mais de 719 mil seguidores na sua página do Facebook, plataforma onde acontecem as lives, e cerca de 732 mil inscritos no YouTube, onde compartilha trechos editados e outras produções artísticas.

Samira, que também é cantora, volta e meia joga com artistas da música pop – gerando buzz para além do universo streamer. Em janeiro, promoveu a versão mobile de Call Of Duty em uma partida com Pabllo Vittar. Mais recentemente, foi Anitta quem decidiu virar gamer também e convidou Samira para sua equipe de estreia no Free Fire. Já na carreira musical, o maior sucesso de Samira é Madrugada, com mais de 1,5 milhões de visualizações no clipe no canal Música Multishow.

Bianca Dellafancy

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Tudo começou com uma brincadeira entre amigos após assistir a Ru Paul Drag’s Race, reality show norte-americano que contribuiu muito para trazer a arte drag para o mainstream no mundo todo. Atualmente modelo, podcaster, hostess, DJ e youtuber, Bianca Dellafancy veio para ficar quando o paulistano Felippe Souza percebeu que poderia se expressar e trabalhar suas inseguranças por meio da arte drag.

Seu primeiro convite para desfilar veio de Fernando Cozendey, para a 46ª Casa de Criadores. No YouTube, são mais de 200 mil inscritos que acompanham seus vídeos. O destaque fica para o quadro Della Makeup, no qual Bianca recebe convidados famosos para conversas cheias de reflexão e histórias inesperadas enquanto elas os maquia. Ela também apresenta o podcast Santíssima Trindade das Perucas, junto com as drags Duda Dello Russo e LaMona Divine.

Kika Boom

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Kika Boom é compositora de sucessos como “Então Vem”, de Matheus Carrilho, “Miragem”, de Pabllo Vittar, e “Bumbum no Ar”, de Lia Clarke com Wanessa. Mas a estrela brilhou mesmo foi com o hit “Loka de Pinga, versão abrasileirada da música End Game da Taylor Swift, em 2019, parceria com Danny Bond. A música conquistou as paradas virais do Spotify e rendeu 7 shows no carnaval paulistano para a artista nascida em Goiânia.

Rita Von Hunty

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De maquiagem sóbria, penteados elegantes e looks vindos direto dos anos 1950, Rita Von Hunty encanta a todos que assistem aos seus vídeos no canal Tempero Drag, com mais de 674 mil inscritos no YouTube. Seu sucesso está em dar aulas de política e sociologia com uma linguagem didática e simples (ela inclusive já fez um vídeo para ELLE sobre linguagem neutra).

O foco inicial eram receitas veganas com uma boa dose de humor debochado, mas logo o professor Guilherme Terreri percebeu que o público poderia não entender a sua crítica social por trás dos discursos conservadores de Rita e decidiu torná-la uma drag feminista com consciência de classe. Deu certo. Atualmente, ela também é colunista da Carta Capital e apresenta o reality Drag Me As A Queen, no canal E!.

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