Otto lança disco e divide suas influências
Luis Buñuel, Bob Marley e Kafka estão entre os favoritos do cantor e compositor pernambucano.
São quase 25 anos desde que Otto lançou sua estreia solo, Samba pra burro (1998), unindo elementos da música brasileira e da eletrônica. No fim de abril, ele retornou com Canicule Sauvage, seu sétimo álbum e o primeiro em que assina a produção. No novo disco, conta com as participações de Tulipa Ruiz, Ana Cañas, Nina Miranda e Lirinha, entre outros. No ano passado, Otto fez sua estreia na literatura com Meu livro vermelho, uma reunião de textos e fotografias. Aqui, ele divide o que gosta de ler, escutar e ouvir:
Alguém que te fez querer cantar:
Luiz Gonzaga, a seca cantada e denunciada pelo Rei do Baião. Embaixo dos paredões da Serra do Araripe, surgiu o forró pé de serra e o baião. Gonzaga falava de amor, saudade e solidão; de gente sofrida e esquecida.
Um disco que gostaria de ter gravado:
Transa, de Caetano Veloso. Os inúmeros diálogos estabelecidos nesse LP foram muito importantes para a MPB. Piro na estrutura, no estilo e conteúdo.
Uma música que gostaria de ter escrito:
“Mel”, de Waly Salomão e Caetano Veloso. Essa música mexe comigo. Wally era vigoroso, falante, brilhante. A letra é de uma singularidade… Sinto uma experiência genuína quando a escuto.
Que cantor (a) ou banda nunca falta em uma playlist sua?
Belchior. A obra dele nos ensina que é necessário romper paradigmas para avançar e descobrir a imensidão das possibilidades que o universo reserva.
Bob Marley & The Wailers – Jammin’ (Live At The Rainbow Theatre, London / 1977)
www.youtube.com
Quais discos que você levaria para uma ilha deserta:
The Legend Live!, de Bob Marley & The Wailers, e Tim Maia Racional. Esses discos são um soco na cara do mundo. Obras-primas da música. O som e a fúria desses álbuns são o meu norte. A influência do soul e da black music, a textura do som… Eu me identifico com várias facetas: superação, controvérsia, sinceridade e fúria.
Um show inesquecível que você assistiu:
Lady Gaga.
Um show que você ainda quer assistir:
Rita Lee, a obra dela é magnífica e serviu de inspiração para gerações de artistas.
Qual cantor(a) ou banda que você anda dando repeat ultimamente?
Tim Maia. É o pai da soul music brasileira. Uma figura plural em todas as direções de sua bússola musical, mostrando a sua versatilidade ao interpretar desde o funk, soul e bossa nova até standards americanos.
Um filme você que adora ver a reprise:
Anjo exterminador, filme mexicano de 1962, dirigido por Luis Buñuel. O longa faz ainda mais sentido neste momento em que a empatia e respeito ao próximo podem salvar vidas. A película é uma investigação sobre o comportamento humano, que explora o irracional, o subconsciente e o mistério que ronda as nossas personalidades.
Uma ator, atriz ou diretor preferido:
Grande Otelo, Simone Signoret e François Truffaut.
Uma série que você maratonaria de novo:
The Crown. A série é cheia de plot twists, que me fazem assistir vários episódios seguidos. Traz um olhar íntimo e revelador de personagens notórios. É uma aula de história em movimento. Gosto de história.
TRAILER – O Anjo Exterminador
TRAILER – O Anjo Exterminador
mubi.com
Uma peça que gostaria de rever:
Um processo, com direção de Gerald Thomas.
Um livro de cabeceira:
A Metamorfose, de Kafka.
Quem você adora seguir no Instagram?
O poeta Bráulio Bessa.
Uma descoberta recente nas artes:
Andressa Melina de Melo Silva Soares. O trabalho dessa artista paraense impressiona pelos traços e pela naturalidade. Descobri as obras dela durante a pandemia.
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