O manual do bartender caseiro
Quer liberar a estrela da coquetelaria que existe em você? Siga essas dicas e transforme sua casa no melhor bar da cidade.
Aos poucos, o balcão dos bares volta a receber seus habitués e a vida noturna vai ficando mais agitada. Mas uma boa happy hour entre amigos, no conforto do lar, vai sempre ser uma delícia de opção. Não é só pela bebida: o preparo do drinque tem todo um ritual e pode ser um prazer em si. A seguir, confira as dicas dos craques Rodolfo Bob, chefe de bar do Caledonia Whisky & Co., de Michelly Rossi, gestora de bares do Grupo Tokyo, e da redação para uma noite de papo ótimo e bons drinque
Mantenha o freezer abarrotado de gelo
Mas muito mesmo. Acreditar que você vai fazer uma série de coquetéis com duas forminhas é o primeiro passo mal dado. Recorrer ao gelo de posto não é exatamente uma boa ideia, pois ele dilui muito rapidamente, mas, na hora do aperto, quebra o galho.
Gelo grande
Para coquetéis mais densos e potentes. As casas de produtos para cozinha vendem formas para fazer em casa os gelões quadrados ou redondos, cuja diluição é mais lenta e, portanto, não deixam o drinque aguar rapidamente. O seu gelo quadrado pode não ficar translúcido e lindão como o dos bares bacanas, que são fabricados com equipamento profissional, mas vai cumprir bem o seu papel.
Que bebidas comprar?
Um bar básico, bem básico, pode ter dois tipos de destilados brancos (gim e vodca) e dois amadeirados (bourbon, scotch ou rum), mais algum tipo de vermute (um tinto doce ou um branco seco), pelo menos um tipo de bitter (Angostura tradicional e Angostura de laranja são os mais encontráveis). E frutas da estação.
Invista em amaros
Campari, Averna, Cynar e Fernet são algumas boas opções. Vale investir também em licores (o de café é um curinga para vários coquetéis e o de laranja, o tal triple sec, indispensável em outra série de receitas), até chegar a vinhos fortificados mais complexos, como o Jerez.
Na geladeira, tenha sempre gasosas
Elas são ótimas para o preparo de coquetéis refrescantes: água com gás, água tônica, ginger ale ou ginger beer e um espumante doce ou seco, dependendo do seu paladar.
Abra a carteira
Um supercoquetel só se faz com superingredientes. Beber em casa quase sempre é mais barato, ainda que se abuse na finesse dos destilados e vermutes. Faça as contas: com uma garrafa de gim do bom, de R$ 200, você prepara até 15 coquetéis por cerca de R$ 13 a dose. Sem 10% e sem Uber.
Tenha taças variadas
Pelo menos quatro de cada: copos longos, copos baixos (os de uísque), taça bojuda de vinho branco ou taça gim tônica, taça coupe (a baixinha e redondinha, também conhecida como Maria Antonieta) e taça martini.
Respeite a técnica descrita nas receitas
Não adianta querer tascar tudo no copo e achar que vai ficar bom. Se um site em que confia pede para você usar o copo de misturas, gelar a taça, usar determinado tipo de ingrediente, fazer assim e assado, siga o passo a passo e as chances de sucesso serão grandes.
Que fontes confiáveis são essas?
Além das reportagens da Elle, há portais muito bons de coquetelaria em português: Difford’s Guide, Mixology News, Clube do Barman, O Bar Virtual. Em inglês, os sites Imbibe, Punch e Liquor.com são indispensáveis. Não se intimide com as medidas em onças nas receitas gringas: jogue no Google que ele converte de oz para ml. Quase sempre dá um número quebrado, mas é só arredondar.
Laranja é bahia
Muitos coquetéis clássicos pedem a casquinha da fruta para perfumar. Isso faz toda a diferença, pode crer. A laranja-bahia é, sem dúvida, a mais cheirosa. Outros tipos de laranja podem arruinar o aroma e o sabor do seu coquetel. Sério. Limões siciliano, taiti, galego e cravo estão liberados – são todos gostosos e perfumosos.
Que história é essa de coagem dupla?
Aparece em muitas receitas e é bom saber. Na coagem simples, a bebida vai diretamente da coqueteleira ou do copo de misturas para a taça – o ralinho da coqueteleira ou o strainer fazem a primeira coagem. Na dupla (ou fina), é preciso usar uma peneirinha fina como intermediária. Ela evita que grumos de frutas, pedacinhos de gengibre macerado, ervas e outras coisicas fiquem boiando no coquetel.
Batido, mexido e montado
O que significam esses nomes que aparecem nas receitas? São as três técnicas básicas de preparo de coquetéis. O drinque batido é feito na coqueteleira, quando é necessário mesclar bem o destilado base com algum sumo ou ingrediente vínico e garantir uma textura “fofa”. Os mexidos, geralmente compostos apenas de ingredientes alcoólicos, são misturados no mixing glass. Montados são preparados diretamente no copo.
Taça refrigerada não é frescura!
É um recurso ótimo, especialmente nos dias mais quentes. Vale tudo para frear a diluição do gelo. Portanto, colocar as taças no freezer alguns minutos antes de preparar os coquetéis vai deixá-las prontas para receber o líquido. Esqueceu de resfriá-las? Coloque algumas pedras de gelo e água dentro da taças, que ficam fresquinhas num instante, enquanto você mexe o coquetel. No calorão, é recomendável também guardar os destilados na geladeira, para que não troquem de temperatura abruptamente com o gelo do coquetel. Refrigerados, em qualquer estação, sempre devem estar amaros, vermutes, licores e vinhos depois de abertos, para retardar sua oxidação.
Equipamentos básicos para ter um bar em casa
Rodolfo Bob diz que a qualidade dos ingredientes e do gelo, mais o respeito à técnica, são fundamentais para o sucesso na coquetelaria caseira. “Coqueteleira você pode até improvisar com um tupperware, sua colher pode ser uma qualquer e seu mixing glass pode ser um pote”. Mas que ajuda ter alguns apetrechos básicos, ajuda. Anote o que você pode ter no seu bar.
Jigger
O medidor de doses. O mais prático é aquele que tem um lado de 50 ml e outro de 25 ml. Certifique-se de que tenha marquinhas na parte interna, para não errar nenhuma dose.
Coqueteleira
O modelo cobbler, em três partes, é indicado para iniciantes, pois já faz a primeira coagem do coquetel e é mais fácil de manusear. É legal ter uma coqueteleira pequena (350 ml), para quando for preparar um ou dois drinques, e uma grande (750 ml ou 860 ml), para quando a turma for maior.
Mixing glass
O copo de misturas no qual você vai resfriar e mexer os coquetéis antes de passar para a taça. É bom também ter um menor e outro grandão, para os dias de festa.
Colher bailarina
É aquela de haste comprida, para mexer os drinques. Prefira os modelos que tenham cabo torcido, pois facilitam o manuseio e também são úteis para ajudar verter lentamente bebidas com gás, como o espumante.
Strainer
Aquele coador maluco com uma mola que permite o encaixe no copo de misturas e impede que o gelo usado para mexer as bebidas caia no copo.
Peneirinha fina
Com trama mais fechada, para os coquetéis que exigem coagem dupla.
Zester
Cortador para tirar os zests. Ou seja, as casquinhas das frutas.
Socador
Tipo o pilão da caipirinha, útil para quando a receita pede qualquer tipo de maceração.
Faca
Sem serra e bem afiadinha, para tirar rodelas e gomos perfeitos das frutas.
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