A rave-couture dos sonhos de Dries Van Noten

Para coleção de verão 2022, estilista belga decide manter o formato em vídeo e aposta em uma moda colorida e elaborada.


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Fotos: Rafael Pavarotti/Divulgação



Em maio, quando Dries Van Noten soube que a temporada de desfiles de verão 2022 poderia ser presencial, ele ainda não se sentia 100% seguro para viajar com sua equipe para Paris. Achou melhor manter o formato digital das duas últimas coleções e assim o fez. Filmou e fotografou um grupo de modelos durante três dias, em um estúdio na Antuérpia.

A cautela em retomar os modelos pré-pandêmicos, não significa que o estilista belga esteja conformado ou acomodado com o estado das coisas. Pelo contrário. Como muitos de nós, Dries também não vê a hora de poder voltar para uma pista de dança e, mais ainda, dividir experiência com amigos ou simplesmente com qualquer outro ser humano.

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Seu verão 2022 é exatamente sobre isso. O ponto de partida, ou melhor, a inspiração inicial são os festivais de música que aconteciam na primavera do hemisfério norte antes da pandemia – em especial o Tomorrowland. Daí o clima rave couture que transparece principalmente no vídeo dirigido por Albert Moya e com trechos de hits de Grace Jones como trilha sonora.

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Nas cenas, as modelos interagem entre si, dançam, se soltam, se sentem. É uma coisa meio sonho, meio viagem alucinante ao mesmo tempo em que bastante real e próximo de desejos comuns a bastante gente. Na coleção passada, a de inverno 2021, Dries convidou um grupo de bailarinos para performar com suas roupas. Agora, o clima é similar, ainda bastante focado na relação entre corpo e roupa. Porém, se antes o sentimento era de angústia, na atual apresentação é de êxtase.

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Mais do que a música, a dança ou a festa, o verão 2022 é sobre experiências, compartilhamento e troca de sensações. Inclusive com aquilo que cobre nosso corpo. Suas roupas trazem uma profusão de cores saturadas, brilhos mil, bordados e texturas que gritam pelo toque – mesmo em imagens (absurdamente capturadas pelo fotógrafo Rafael Pavarotti).

A construção é mais elaborada do que nas duas estações anteriores, com bastante alfaiataria, experimentação com volumes, superfícies e tingimentos. Fala com a vontade reprimida por uma moda mais arrumada, porém de maneira considerada.

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Ao optar por apresentar a coleção longe das passarelas, é como se Dries reconhecesse o desejo frustrado por uma boa montação e jogação, por ora limitada a um mundo de sonhos, livre de variantes e negacionistas antivacinas. E, bom, já que na imaginação pode tudo, melhor que seja algo com o que a gente se divirta – física ou visualmente.

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