Balenciaga faz desfile em tapete vermelho e curta-metragem com Os Simpsons

Num dos momentos mais emblemáticos da temporada, Demna Gvasalia mostra como é possível ir além do formato tradicional de desfile.


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Fotos: Getty Images



Uma das peças mais comentadas e provavelmente desejadas do inverno 2021 da Balenciaga, aquele dos clones digitais da Eliza Douglas, foi um casaco de moletom com estampas da família Simpson. Para o verão 2022, a parceria entre a marca de luxo e o desenho animado foi estendida para um curta-metragem de 10 min, exibido na noite deste sábado, 02.10, no Theatre du Chatelet, em Paris.

No filme, uma versão animada de Demna Gvasalia, diretor de criação da Balenciaga, voa até uma deprimida Springfield para convidar seus residentes para desfilar para a marca. Corta para o chefe Wiggum, as tias Patty e Selma, Waylon Smithers, além de Marge, Homer, Bart, Lisa e Maggie Simpson na passarela com looks emblemáticos do estilista georgiano: as jaquetas puff com golas estruturadas, a alfaiataria com ombros saltados, os jeans baggy, os dad sneakers e por aí vai.

Licenciamentos entre animações e marcas de moda já acontecem há algum tempo. Na última São Paulo Fashion Week, por exemplo, a ÀLG, segunda marca da À La Garçonne, contou com personagens clássicos de Looney Tunes em sua coleção. Internacionalmente, teve Loewe com Meu Amigo Totoro, Coach com Mickey Mouse, Longchamp com Pokemon e Gucci com o Pato Donald e Doraemon. Contudo, é bem provável que a parceria entre Balenciaga e Os Simpsons seja a primeira vez que a colaboração se deu na via contrária, da passarela para a tela.

Ainda assim, o crossover está longe de ser a parte mais genial da apresentação. O evento, ou melhor, a première foi precedida de um tapete vermelho, que serviu de passarela para a coleção de verão 2022 da maison. Com transmissão ao vivo, demorou um pouco para a coisa toda fazer sentido. Ninguém sabia ao certo quem era convidado, quem era modelo – nem os fotógrafos lá presentes. No fim, nem fazia diferença, daí a genialidade.

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Cardi B, Offset, Elliott Page, Isabelle Huppert, Juergen Teller, Naomi Campbell, Amber Valletta e Dev Hynes se juntaram ao time de modelos e amigos da marca, vestindo versões mais leves e fluidas de peças clássicas da grife. Os ternos oversized, os jeans baggy, os camisetões e moletons aparecem mais relaxados, quase numa versão simplificada do que foi apresentado em julho, no retorno da marca à alta-costura.

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E isso é algo que merece atenção. Indica uma vontade de trabalhar uma moda mais elaborada, de luxo, para além dos códigos de streetwear que já vinham dando sinais de cansaço e estagnação. Para isso, a escolha de um tapete vermelho faz perfeito sentido. Afinal, essa é uma plataforma que rende milhões de likes, além de ser uma vitrine importante e mercado no qual a Balenciaga está de olho há algum tempo. Kim Kardashian que o diga.

Para terminar, vale lembrar que esta é a primeira temporada de desfiles presenciais após a chegada da pandemia. A pergunta que não quer calar, aquela pulga atrás da orelha, é se algo vai de fato mudar, se é que tem como mudar. Algumas mentes mais ousadas e menos acomodadas dizem que sim. Teve Marine Serre, Thebe Magugu, Olivier Rousteing, na Balmain, Jonathan Anderson, na Loewe.

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Ao colocar convidados e modelos no mesmo balaio, com as mesmas roupas, Demna faz algo parecido com a ideia de Francesco Risso, da Marni: um rompimento entre plateia e passarela, entre o real e o idealizado. Dizem que uma moda só se torna real quando chega às ruas, quando veste pessoas de verdade. Agora é como se tudo isso acontecesse ao mesmo tempo (ou quase), dando toda uma outra perspectiva para a roupa, para a narrativa, para quem as veste, para tudo.

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