Jalaconda exibe cisão estética em roupas para futuro apocalíptico

Tie dye, tecidos de contas e minirroupas vazadas traduzem viés artesanal do fashion filme que marca estreia da multiartista Jala na Casa de Criadores.


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Vazem os vestidos, detonem a roupa e joguem com os excessos porque a carroça da Jalaconda quer passar. A estreia da grife experimental na Casa de Criadores tirou da zona de conforto quem acompanhava, segundos antes, o filme minimalista da NotEqual. Se esta lidou com a engenharia da moda, a marca da multiartista Marina Avello, a Jala, deslocou a equação da costura para explodir cores, acessórios pesados e minirroupas na tela.

Proposta em conjunto com outros artistas, como o diretor criativo Allan Weber e Alan Ixba, a alegoria audiovisual confundiu os sentidos com o intuito de provocar uma cisão estética entre o mundo do passado e este que, segundo a marca, acabou.

Em um cenário devastado, os modelos apareceram montados numa carroça, correndo pelas ruas de barro como uma tropa que resistiu à destruição e se viu livre para explorar os limites do adorno corporal. Um guarda-roupa puído, furado pelo tempo e sem ordem aparente, cobriu esses corpos sobreviventes, sejam trans, sejam cis.

Eles viajam em boleia de caminhão, remam pelos rios e dançam em construções implodidas com casacos forrados de spikes, sandálias enfeitadas e correntes, muitas correntes, enroladas no pescoço como tesouros possíveis de carregar. É que o corpo não guardaria apenas a vida, mas também o que restou de valor.

A escolha pelo tie dye, aplicado na camisaria usada com sobreposições, e pelas contas tecidas, que formam vestidos, blusas e saias, remete à ideia do faça você mesmo que, em um futuro apocalíptico, pode vir a calhar.

Tanto exibicionismo, no entanto, parece mascarar uma crítica, ácida como parte dos tons de cabelos e roupas mostrados no fashion filme. Por que se encaixar nas linhas retas, se seguir pelas tortas de hoje pode ser libertador? Além de divertido.

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