Celine volta às origens, a Paris e garante hits
Inverno 2022 da marca francesa recupera proposta inicial do diretor de criação Hedi Slimane.
Hedi Slimane não gosta muito de dividir holofotes. Dá até para questionar se ele realmente gosta de holofotes em geral – pelo menos direcionados a sua pessoa ou imagem. Faz um tempo que o diretor de criação da Celine anda meio recluso, sem falar com ninguém, dar entrevistas ou aparecer publicamente. Seus desfiles, aliás, deixaram de acontecer presencialmente e durante as semanas de moda, e seguem assim, firme e forte, até hoje, fiéis ao formato digital.
O mais recente deles, da coleção de inverno 2022 de feminino, foi lançado em vídeo nesta semana. Com nome de Dans Paris, a apresentação segue os formatos das últimas temporadas, porém em duas locações emblemáticas da capital francesa. A primeira é o Salons D’Apparat, no recém-reformado Hôtel de la Marine, uma construção histórica do século 18, na Place de la Concorde. Era ali que os costureiros parisienses apresentavam as novidades para realeza e seus convidados. A segunda foi o pátio do Hôtel National des Invalides, construído a pedido de Luís XIV e local do primeiro desfile de Slimane para a Celine.
Sem falar nada diretamente, como de costume, o diretor de criação deu a entender que, nesta estação, a marca estava de volta às origens. Foi o primeiro desfile gravado em Paris depois de quase dois anos de tour pela França. Foi também um reencontro com as propostas iniciais do estilista para a marca.
Em uma de suas primeiras entrevistas como diretor criativo da Celine, no início de 2018, Slimane disse que uma de suas ideias era recuperar a veia burguesa que pautou a grife lá pela metade do século 20. Suas primeiras coleções ilustraram bem esse desejo, mas logo suas obsessões pela cultura jovem, pelo streetwear e, mais recentemente, pelo TikTok tomaram conta das apresentações.
Contudo, nas últimas duas temporadas Slimane deu início a uma recuperação daquela ideia inicial. Os moletons, as camisetas oversized, os tênis e aquela cara meio usada/batida das roupas passaram a dividir espaço com elementos de aparência mais elaborada ou sofisticada. Os vestidos ganharam drapeados e construções mais elegantes, o corte dos blazers ficou mais tradicional e preciso, as proporções, mais harmoniosas e por aí vai.
O inverno 2022 é o ápice desse movimento. Jaquetas e partes de cima chegam com precisão máxima, levemente estruturadas e, às vezes, encurtadas. Por debaixo delas, blusas de gola alta preta, corsets e tricôs de tons neutros ou blusas de seda soltinhas e esvoaçantes. Nas partes de baixo, alguns dos jeans mais desejáveis da temporada: lavagem levemente desgastada, barras desfiadas, cintura alta e modelagem quadrada, afastada do corpo na medida exata. Nos ombros ou nas mãos, sempre uma bolsa com correntes douradas. Além do cabelo meio por fazer, tipo saí do banho e não sequei, as modelos tinham sempre óculos escuros – para satisfação dos tiktokers que colocaram a peça entre as mais buscadas do Google nas últimas semanas.
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