A trajetória de Hedi Slimane até chegar à Celine

Com passagens pela Saint Laurent e Dior Homme, o estilista e fotógrafo é conhecido principalmente por ter transformado completamente a moda masculina ao introduzir a silhueta skinny.


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Estrop / Getty Images



Hedi Slimane tinha apenas 16 anos quando começou a fazer as próprias roupas. Formado em História da Arte, começou a sua carreira como estilista na Yves Sait Laurent, em 1996. À frente da Dior Homme, garantiu seu posto na história ao introduzir a silhueta skinny na moda masculina. Desde 2018, Slimane vem transformando a Celine como diretor criativo da grife.

Acompanhe a sua trajetória abaixo:

A origem de Hedi Slimane

Conhecido por sacudir a indústria da moda ao apresentar uma silhueta masculina skinny e andrógina na virada do século 21, Slimane começou a fazer suas próprias roupas aos 16 anos. Nascido em Paris em 1968, filho de mãe italiana a pai tunisino, se apaixonou por fotografia ainda na infância e, até hoje, se divide entre a carreira de designer e fotógrafo.

Depois de se formar em História da Arte na École du Louvre em 1992, Slimane começou a trabalhar com o consultor de moda Jean-Jacques Picart, em uma exposição que celebrava o centenário do icônico monograma de Louis Vuitton. Em 1996, após um período como assistente no departamento de marketing da Yves Saint Laurent, foi nomeado diretor de moda masculina. No ano seguinte, se tornou diretor artístico da linha masculina. Dizem que Yves Saint Laurent, em pessoa, compareceu ao seu primeiro desfile e aplaudiu com entusiasmo na primeira fila.

A silhueta masculina skinny e seu tempo na Dior Homme

Foi na YSL que Slimane introduziu a silhueta que lhe renderia fama até os dias de hoje.A linha”Black Tie, apresentada no inverno 2000, colocou o designer no centro das atenções. O motivo? Uma silhueta esguia e justa, em total contraste com o caimento largo e solto que era padrão na moda masculina da época. O sucesso foi tanto, que uma marca concorrente, a Dior, fez uma proposta para o estilista, que acabou aceitando. Na casa nova, ele assumiu a linha masculina, que passou a se chamar Dior Homme.

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Karl Lagerfeld era fã da nova silhueta proposta por Hedi Slimane Stephane Cardinale - Corbis / Getty Images

Karl Lagerfeld foi um dos primeiros a adotar a silhueta skinny proposta pelo francês. O diretor criativo da Chanel chegou a perder 40kg para caber nas peças de Slimane. “Me dava bem com meu excesso de peso e não tinha problemas de saúde, ou – o que seria pior – problemas emocionais. Mas, de repente, queria usar roupas desenhadas por Hedi, o que me obrigou a perder peso”, disse em entrevistas.

Astros da música, como Mick Jagger e David Bowie, também se tornaram fãs e contrataram Slimane para fazer os figurinos dos seus shows. The Libertines, Franz Ferdinand e The Kills foram algumas das bandas que ele vestiu. Essa forte ligação com o universo musical (ao qual ele sempre mostrou bastante interesse) também se refletia nos desfiles, que tinham trilhas criadas especialmente por bandas de indie rock.

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FRANCOIS GUILLOT / Getty Imafes

Em 2002, Slimane se tornou o primeiro estilista de moda masculina a ser nomeado Designer Internacional do Ano pelo Conselho de Designers de Moda da América (CFDA). Foi Bowie que apresentou o prêmio. No verão de 2006, o estilista decidiu não renovar seu contrato com a Dior Homme, depois que negociações sobre o financiamento de um selo musical com a casa darem errado.

Pausa na carreira e retorno à Saint Laurent

Slimane nunca abandonou a fotografia. Ele sempre registrava os bastidores de seus próprios desfiles e chegou até a lançar alguns livros com suas imagens. Com a saída da Dior, decidiu se dedicar mais a essa paixão e se mudou paraLos Angeles, nos Estados Unidos. A carreira de estilista só foi retomada seis anos mais tarde, quando o francês foi convidado para se tornar diretor criativo da Yves Saint Laurent, em 2012.

Sob a sua liderança, a YSL ficou conhecida apenas como Saint Laurent, e o estúdio de design foi transferido de Paris para Los Angeles. A mudança de nome causou controvérsias, foi considerada por muitos como desrespeitosa. Nas passarelas, o estilista reviveu a silhueta skinny que lhe rendeu fama, anos atrás, porém de uma maneira mais informal.

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O desfile de Hedi Slimane no retorno a Saint Laurent. picture alliance / Getty Images

Agora, ela estava mais relacionada ao cenário musical de Los Angeles do que às tradições parisienses. Era mais festival Coachella do que salão de alta-costura e tinha uma pegada bem comercial. Tanto, aliás, que houve quem comparasse a coleção de verão 2013 aos looks da rede de fast fashion Forever 21. Apesar das críticas, nos quatro anos em que comandou a grife, Slimane aumentou sua receita em mais de 20 por cento, e se tornou uma das mais lucrativas do grupo Kering, do qual faz parte. Mesmo assim, o estilista despediu-se da grife em 2016, dessa vez por supostas discordâncias com a direção executiva.

Hedi Slimane na Celine

Pouco tempo depois, em 2018, Slimane é contratado pelo grupo rival, o LVMH, para assumir a direção criativa da Céline. Com a sua entrada, a estética da predecessora Phoebe Philo ficou para trás quase que imediatamente, e uma série de mudanças estruturais foram implementadas. Deu-se adeus ao sotaque francês e o nome Céline perdeu o acento. A linha de perfumaria (com um um único perfume, lançado em 1964 e descontinuado há anos) foi relançada. Lojas-conceito foram abertas em Paris, Tóquio, Xangai, Los Angeles, Madrid, Milão e Londres. Um ateliê de alta-costura foi criado e a linha masculina também.

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Celine / Divulgação

As primeiras coleções do estilista para a maison recuperou parte do passado burguês da etiqueta. Alfaiataria, tons terrosos e neutros, peças clássicas do guarda-roupa e uma imagem mais adulta do que todos estavam acostumados. Contudo, pouco antes da pandemia, o francês promoveu uma mudança de percurso brusca, ao voltar a investir em estereótipos extremamente jovens e silhueta skinny. Durante a pandemia, seus vídeos de apresentação geraram certo buzz pelo flerte e aproximação de estéticas queridas dos Gen Zs. Algo que faz bastante sentido, afinal a obsessão por movimentos da cultura jovem sempre foram a força motriz por trás de toda e qualquer criação de Slimane.

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