Luísa Sonza fala sobre novo álbum e o afastamento das redes sociais

Cantora clicou ensaio pouco antes de se afastar das redes sociais e fala pela primeira vez sobre os ataques que sofreu no fim de maio.


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O convite para Luísa Sonza estrelar a capa da ELLE View de junho surgiu alguns meses antes dos episódios que a fizeram se afastar das redes sociais no fim de maio. Nossa ideia conjunta era apresentar a nova fase de Luísa, que lançaria neste mês o segundo álbum de sua carreira, chamado Doce 22. O nome, que ela revelou com exclusividade na entrevista que você vai ler dentro da edição, virou até tatuagem no dorso da sua mão esquerda, e é o título para um trabalho autoral, que a cantora sonha que seja escutado com atenção pelo seu público. Nele, ela apresentará músicas que trazem referências às suas raízes gaúchas, o pop dos anos 2000 e ainda rock e Elis Regina. Pela primeira vez, ela também decidiu expor suas vulnerabilidades nas canções, aquelas com as quais ela precisa lidar desde que começou a aparecer para o público, aos 17 anos.

Nem toda a experiência de seis anos aguentando haters da internet, porém, conseguiu prepará-la para o que ela teve que lidar quando começaram a culpá-la pela morte do filho do seu ex-marido. Como contou para a jornalista Angelica Santa Cruz, ela desabou e precisou tirar um tempo para se recompor. Nesta entrevista, que você confere alguns trechos abaixo, é a primeira vez que ela fala sobre o assunto publicamente e, como diz Angelica, “é um relato tocante, mas é também uma exposição corajosa, uma espécie de manifesto contra a misoginia nas redes”.

O disco ainda está sem data oficial de lançamento, mas Luísa decidiu falar sobre ele e sobre como está passando por este período. Nós, por aqui, mantivemos a ideia de mostrar a sua nova fase, uma que está transformando as suas vulnerabilidades em força. Torcemos para que ela também represente uma nova era de respeito para que Luísa possa, finalmente, exercer em paz o trabalho que sempre sonhou.

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Como você decide quando é melhor se explicar e quando é melhor deixar quieto e esperar para ver se passa?

Eu sempre segui quieta. Odeio ficar me justificando porque não acho justo também. Eu durmo com a consciência limpa todos os dias e estou sempre sendo contestada e indagada. É um eterno tribunal. Eu pensava: não liga pra isso, você está na sua verdade, faz as suas coisas, acredita no teu. Achava que ia melhorar assim, mas aconteceu o contrário. Só piorou. E eu nunca falava que não tinha sido eu que iniciou o término do meu antigo relacionamento. Nunca quis expor a minha vida pessoal. Eu só queria trabalhar, fazer música, ter a liberdade de cantar, de amar uma pessoa que é tão incrível e não fazer com que ela tenha que pagar um preço que não é dela. Eu faço música desde os 7 anos, nasci pra isso. Não quero ser atacada na rua, não quero ver meu caráter sendo reduzido a nada, não quero que minha família sofra diariamente, não quero que meu namorado sofra sem ter culpa nenhuma, não quero que meu ex-marido sofra com isso também. Ninguém deve pagar esse preço por viver o seu sonho. Só que, depois desses últimos acontecimentos, dessas ameaças, ficou incontrolável. Eu venho há um ano postando um pouco sobre isso, dizendo parem, gente, eu não traí. Até que chegou um momento de desespero. Eu estava sentada no chão do meu quarto tendo uma crise, abri os stories e pedi para as pessoas pararem: “Parem! Eu não aguento mais!” E aí, desse jeito, acabei me pronunciando mais diretamente pela primeira vez.

O que aconteceu com você depois de gravar esse vídeo?

Por sorte, o meu assessor digital e a minha assessora estavam na minha casa no momento. Eu estava no quarto, eles abriram a porta e me tiraram do chão, com o celular nas mãos. Eles me acolheram naquela hora. Em um primeiro momento, fui afastada das redes sociais mesmo, porque estava em crise. E agora excluí todas elas do meu celular. A minha equipe é que fica olhando e me mandando várias mensagens carinhosas. Agora não estou com cabeça para lidar com a internet novamente. Preciso realmente cuidar um pouquinho da minha saúde mental. Estou há dias sem mexer nisso, com acompanhamento psiquiátrico e psicológico, e já me sinto bem melhor. Eu sou uma jovem de 22 anos, cria das redes sociais, uso como uma grande ferramenta de trabalho e ali realizo meu sonho de ter contato com meus fãs e de ver a minha música. É tudo junto. Mas não sei quando vou voltar a mexer na internet como era antes, aquela coisa todo dia, o dia inteiro, como uma jovem qualquer. Depois dessas últimas ameaças, não vejo mais sentido em ter que ver tudo isso. Preciso me cuidar para também tranquilizar a minha família. E tenho que pensar na minha equipe e na família do Victor. Sandra, a minha sogra, de um ano pra cá, viu o filho tendo o trabalho e o sonho prejudicados por nada. Isso ultrapassa qualquer coisa que eu já tenha visto. O que é isso? É uma coisa chocante? Desesperadora? Qual a palavra pra isso?

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“Doce 22” é o nome do segundo álbum de Luísa Sonza.Foto: Vivi Bacco

Você acabou adiando também o seu novo álbum, às vésperas do lançamento.

Ele seria lançado dia 22 de junho – eu soltaria a primeira divulgação no dia primeiro. Mas chegou um ponto em que tive que parar para processar tudo. É um álbum que escrevi e produzi. Um trabalho que levou 14 meses e que me fez crescer e me conhecer. Hoje estou mais consciente do que sou e do quero como artista. Foi um processo muito artesanal. Fiz questão de ter instrumentos orgânicos, por exemplo. Ele vai ter 28 instrumentistas, com violino vindo da Rússia e um dos melhores pianistas do Brasil. E também vai ter várias raízes minhas, do pop dos anos 2000, em uma homenagem estética ao universo Britney e Christina, à música nativista gaúcha, passando por rock e Elis Regina. Vai ter singles e clipes. Mas sonho muito que as pessoas prestem atenção nele inteiro. Nesse álbum, eu apareço dividida. No lado A, estou fortona e, no lado B, vou ladeira abaixo. Com quase 23 anos, estou colocando um pezinho na vulnerabilidade. Quando eu melhorar, ainda não sei quando, vou vestir a minha capa de Luísa Sonza, a persona, para lançar o álbum e as outras coisas, mas depois vou ficar um pouquinho afastada. Caso contrário, não vou aguentar. Agora estou um pouco triste ainda pra fazer isso.

O que você tem feito para se acalmar nesses dias, a que você recorre?

Não mexo nas redes sociais de jeito nenhum, porque ainda é um gatilho muito forte pra mim. Se eu abrir o Instagram agora, eu já vou ficar, sei lá, prefiro nem pensar como eu vou ficar. Estou tentando olhar o que eu sou diante dos meus olhos, e não diante dos olhos dessas pessoas. Estou fazendo muita terapia. E também estou fingindo que não sou a Luísa Sonza, sou só a Luísa! (risos). Ela é o meu maior amor, a minha carreira, esse personagem que construí. Mas agora ela precisa ficar um tempinho guardada lá no canto. E estou aqui num lugar lindo, com meu namorado e meus amigos. Se eu estivesse agora no Brasil, com o celular na mão, você ia ver outra Luísa, provavelmente respondendo a todas as perguntas aos prantos. Acho importante também dizer que as coisas pioraram e é muito triste que, por exemplo, dois jovens – o Victor tem 21 e eu tenho 22 – não possam andar nas ruas sem ser xingados. E, nesse momento, por causa das circunstâncias, a gente está falando só sobre o lado ruim da coisa. Mas a gente também recebe muito carinho, muito apoio dos fãs. Se não tivesse todo esse amor em contrapartida, não faria sentido nenhum eu estar aqui, depois de seis anos levando essas pauladas. A galera acha que não, mas foi bem aos pouquinhos que eu conquistei meu lugar com meu público e pretendo mostrar o meu trabalho mais e mais. As pessoas que me acompanham é que me dão vida. Ninguém aguentaria essa situação sem ter também uma imensa recompensa amorosa.

A entrevista completa e o ensaio exclusivo com Luísa Sonza está na ELLE View de junho, que já está disponível para assinantes. Quer saber o que mais você encontra na edição?

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