Fez-se a luz: Leandro Castro exibe coleção fotossensível

Estilista pinça efeitos da luminosidade em jogo bem calculado de sombras e roupas minimalistas.


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Quanta luz divina é necessária para criar uma coleção de moda? No caso de Leandro Castro, toda iluminação possível. Frestas de sol, luz própria dos vaga-lumes, reflexos, bençãos solares. O brilho ofuscante da claridade foi alvejado nos tecidos que, por sua vez, foram costurados em formas soltas para esta coleção desfilada no último dia da Casa de Criadores.

O estudo fotossensível do estilista se diluiu em peças de formas fluidas, costuradas por meio de modelagem retangular calculada sobre bases de sarjas com dois tons de branco. Não dá para perceber de forma tão clara quanto a fotografia do curta, mas as peças receberam tratamento manual para que, quando tocadas, toda essa luz se torne palpável.

Para além da viagem conceitual, Castro se mostrou especialista no uso de técnicas de alfaiataria e camisaria para conceber vestidos com golas, calças ampliadas e blusas de corte milimetricamente calculado. Há pesos, volumes e matemática nesse guarda-roupa aparentemente simplista demais.

Ora ambientada em cenário bucólico, ora dentro do espaço escurecido de um teatro, o curta tem edição esperta. As imagens em negativo pulam entre as tomadas e auxiliam o entendimento sobre as pretensões plásticas do estilista. Dirigido pela cineasta e também artista da luz, a fotógrafa Rafa Kennedy, o vídeo tem trilha tão minimal quanto a roupa e seu tema.

De acordo com o designer, as peças foram executadas com técnica de restrição, na qual o estilista detém poucos recursos de matéria-prima e simplifica as formas para costurar de forma concisa. A ideia aqui é valorizar o essencial da roupa, e, por fim, tornar o contraste entre luz e sombra a única estampa visível nos panos.

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