Para a Modem, o velho pode ser novo de novo

Em sua sexta apresentação na SPFW, a marca dirigida por André Boffano revisita seu arquivo e colore a passarela (desta vez, digital).


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Nos primeiros minutos de conversa com a ELLE, André Boffano solta logo de cara: “Nesta temporada, a nossa cartela de cores é quase um arco-íris”. Cores não são bem uma marca registrada da Modem. Ao longo dos seus seis anos, a etiqueta se dedicou a examinar o minimalismo urbano, tendo a alfaiataria como base de muitas das suas construções de peças e, salvo raras exceções, se apoiando sobretudo em tons neutros.

Acontece que, agora, em meio ao caos, a possibilidade de enxergar a sua estética através de uma lente vibrante já era uma certeza para o estilista. “A gente sempre pensa no minimalismo a partir das cores neutras, mas existe toda uma cartela por trás delas e é desse arco-íris que estamos precisando”, comenta. Diante de um momento limitado para o mercado, uma mudança como essa poderia soar arriscada para algumas marcas, mas, no caso da Modem, o risco parece calculado e necessário.

Enquanto a cor impulsiona as dicotomias provocadas pela marca, o comprimento das saias encurtam e a alfaiataria passa a dividir espaço com detalhes matelassados, quebrando vestígios de rigidez e construindo uma imagem mais fluida. Aliás, fluida ao ponto de ser a primeira vez em que a Modem inclui modelos homens em seu casting. “No filme, eles estão quase trocando de look com as mulheres”, diz André. Segundo o estilista, a intenção não é tornar a etiqueta unissex, mas sim, provar a versatilidade que sempre existiu em suas criações.

Embora as novidades possam parecer muitas, as principais referências para o verão 2022 da marca foram os códigos já existentes no próprio arquivo. “Durante a pandemia, peguei modelagens de coleções antigas que nunca mais tinha visto”, conta o estilista. Focado em estudar as diferentes forças da grife, para além dos sucessos comerciais, André se propôs a desdobrar o seu design assimétrico e orgânico a partir de um olhar mais funcional. “O tecido interno de muitas das peças é acetinado para que elas deslizem no corpo. Outras têm, agora, metade do peso. Estamos pensando no mesmo produto, mas de outra forma”, explica.

Enquanto alguns preferem continuar na roda insustentável movida pela obsessão por um novo que nem sempre chega, agora, André Boffano parece mais interessado em amadurecer e evoluir o seu trabalho já construído. “Quando tudo perde o sentido, há duas opções: ou a gente volta e coloca tudo no lugar ou a gente para. Eu escolhi voltar e colocar tudo no lugar”, finaliza.

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