O que você precisa saber sobre a nova coleção de Celine

Apresentada nos jardins do castelo de Vaux-le-Vicomte, o inverno 2021 da grife francesa lembra de estilos passados para falar de desejos presentes.





Paul Verlaine, Charles Baudelaire e Arthur Rimbaud são três poetas franceses famosos por, entre outras coisas, versarem sobre as dores e delícias de uma juventude transviada. Mais recentemente, um ponto em comum entre eles surgiu com o inverno 2021 da Celine. Nas notas sobre o desfile, o diretor de criação Hedi Slimane escolheu trechos dos três autores para fazer as vezes de release para a coleção. Esta, aliás, foi descrita pelo próprio como “uma parada utópica e um sonho melancólico da juventude interrompida”.

Sim, parece que Slimane também está com saudades de uma festinha ou simplesmente da vida aglomerada. Outra opção é que ele esteja apenas refletindo a angústia de um público demográfico que sempre lhe interessou e inspirou muito. Dessa vez, porém, há um equilíbrio maior entre sua proposta inicial para Celine e sua obsessão por movimentos de cultura jovem.

Logo que assumiu o atual posto, Slimane comentou sobre sua vontade de reconectar a marca a suas origens burguesas. A ideia deu o tom de praticamente todos seus desfiles até a pandemia. Quando o show migrou do presencial para o virtual, rolou uma pequena revolução de estilo. Muito influenciado pelos conteúdos do TikTok, o estilista fez um desvio brusco com coleções quase que 100% focadas na Geração Z.


O foco continua lá, mas agora de maneira mais sutil e em sintonia com as propostas iniciais. É assim, por exemplo, que vemos blazers oversized ou jaquetas de tweed estilo Chanel combinados a tops cropped esportivos ou sobrepostos a moletons. O mesmo vale para os maxitricôs com calça skinny de couro e bota de montaria e para as blusas de seda com jeans meio anos 1990, mais larguinho, de cintura alta e barra encurtada para mostrar a botinha com meia. Os jaquetões sobre vestidos de festa mais ainda.

O mais interessante sobre o trabalho de Slimane é que, ame ou odeie, ele sabe despertar desejo como poucos, mas de um jeito atual. Lembra a moda da década de 90? Lembra. Mas não lembra também a maneira como muita gente se veste, ou se vestia antes do caos pandêmico? A proporção da calça de cintura, barra curta e corte quadrado não tem a ver com o que queremos neste momento? Ok, não há nada exatamente novo no que ele propõe e é justamente sobre isso. Ele fala do agora. A repercussão é imediata – diferente do timing de produção e lançamento. Essa roupa vai demorar uns seis meses para chegar às lojas, mas isso é outra discussão.

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