Saiba como foi o 1º dia da Casa de Criadores
Pela primeira vez em formato digital, evento ressalta busca por ancestralidade, identidade e um escapismo muito bem humorado.
Começou na segunda-feira (23.11) a 47ª edição da Casa de Criadores, agora em formato 100% online devido à Covid 19. A partir das 20h desta semana, os conteúdos produzidos pelos estilistas participantes fica disponível no site do evento, que ganhou novo visual e melhor navegabilidade. São fotos, textos, vídeos de bastidores e filmes sobre os trabalhos, coleções e processos criativos.
A ideia é oferecer uma experiência mais imersiva e abrangente sobre os fazeres, pensamentos, mensagens e pessoas envolvidas em cada etapa da produção de uma coleção. Já falamos aqui sobre como as apresentações digitais oferecem uma falsa ideia de democratização e acesso à informação. A nova plataforma da CdC se propõe a melhorar tal percepção. O objetivo é permitir que o espectador, além do cliente já interessado e conhecedor do universo daquela etiqueta ou profissional, possa se inteirar e saber mais profundamente sobre todos os processos.
Durante um discurso de abertura, André Hidalgo, diretor artístico, curador e idealizador da Casa de Criadores, falou sobre urgência de uma mudança radical nas estruturas da indústria e mercado de moda. Abrir as portas para os bastidores, explicar processos internos, dialogar e ser mais transparente tem a ver com isso.
Ao longo de sua história, a CdC sempre esteve comprometida em dar espaço e voz para diferentes corpos, narrativas, olhares, fazeres e demandas. Nesta edição não é diferente: das 32 marcas no line-up, sete são estreantes e, dentre estas, cinco são comandadas por pessoas negras, transsexuais, indígenas ou asiáticas. “Queremos ser agentes de uma construção estética que seja um projeto antiviolência, antirracista, antimachista, antitransfóbico, antigenocida. É sobre isso”, afirma André.
Foram meses de reuniões sem fim, tentativas, estudos e planejamentos para colocar o evento de pé (ainda que virtualmente). Do lado dos estilistas, os desafios foram ainda maiores. Escassez de matéria-prima, mão de obra, recursos e dinheiro limitou muitas coleções a um pequeno número de looks e as possibilidades de produção visual. Diante de tantas dificuldades, não faltaram questionamentos sobre como e porque fazer moda neste momento.
Não por acaso, autoconhecimento foi uma palavra recorrente nas entrevistas feitas com os estilistas ao longo dos últimos dias. Ela se refere aos processo de introspecção pelo qual muita gente passou durante os meses de quarentena e também a um mergulho mais profundo de reconexão com ancestralidades, identidades e potências.
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