Em sua estreia na SPFW, Soul Básico questiona o começo e o fim

A marca propõe adaptabilidade, amadurecendo os essenciais, em uma coleção fruto da parceria entre Zeh Henrique Domingues e Wilson Ranieri.


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Zeh Henrique Domingues já trabalhava no mercado corporativo da moda há algum tempo quando, em 2019, fundou a Soul Básico. “A marca nasceu como um desafio pessoal”, diz ele em entrevista à ELLE. Cansado de sentir uma certa resistência às suas ideias por parte de algumas empresas em que atuou como gestor de marketing, o paulista decidiu assumir as rédeas de sua carreira e seguir o que a sua intuição parecia clamar. “Queria saber se o que eu acreditava, pessoalmente e profissionalmente, funcionava. E, agora, sei que funciona”, afirma.

Durante a pandemia, em um momento de introspecção, Zeh voltou aos tempos de faculdade e, entre as memórias ainda vivas, uma em especial falava mais alto: os filmes de David Lynch. “Lembrei o quanto assisti naquele momento da minha vida e, então, nesses últimos meses, revi todos”, conta. Esse acabou se tornando o ponto de partida para o desenvolvimento da coleção Re-Verso, apresentada no último dia da São Paulo Fashion Week, no domingo (27.06), marcando a estreia da Soul Básico no evento.

A marca sugere, dessa vez, um questionamento a respeito de um início e de um final ou, como Zeh prefere definir, do prólogo e do epílogo. “Quando a coleção começa para o cliente, para gente, está terminando. Esse paradoxo do tempo não saía da minha cabeça”, comenta. A relação tem muito a ver com a obra de David Lynch. O diretor e roteirista foi um dos que mais explorou a falta de cronologia no cinema. O conceito de começo, meio e fim nunca o interessou, já que subverter a ordem tradicional das coisas, para ele, parece muito mais interessante.

Nas roupas, essa ideia é traduzida a partir de designs adaptáveis. Cada peça pode se transformar em duas ou até três, sendo capaz de transitar por qualquer hora do dia ou ambiente. Diga olá para calças dupla face, para jaquetas que se desconstroem e se tornam um colete ou para camisas de abotoamento livre, em que você consegue criar mais ou menos camadas apenas com botões. Esse é um avanço e tanto para uma marca que, há pouco mais de dois anos, se lançou vendendo apenas camisetas básicas.

O novo momento vem também acompanhado por uma parceria com Wilson Ranieri, que passa a assinar o estilo da grife. “Queria ter um mix maior de [peças na] coleção. O meu caminho se cruzou com o do Wilson e acabou rolando”, explica Zeh. Embora a dupla esteja se dedicando a desdobrar os essenciais, o cuidado minucioso com as matérias primas utilizadas, que sempre existiu na empresa, segue sendo primordial. “Na verdade, nessa coleção, os tecidos são ainda mais tecnológicos, além de sustentáveis. Essa é a base da marca”, diz.

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