A energia contagiante de TA Studios

Estreante na SPFW, marca carioca busca referências nos elementos da cultura Iorubá.


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Ela é filha de costureiras e sempre buscou honrar suas antepassadas. Gisele Caldas passou por várias marcas de moda no Rio de Janeiro e, em 2013, decidiu criar a sua própria, a TA Studios. Hoje, sua estreia na SPFW foi por meio do Projeto Sankofa. Sua coleção resgata os adrinkras, um conjunto de símbolos de matriz africana.

”As criações têm a ver com o meu Sankofa, o meu resgate”, explica. Ela conta que foi instigada por histórias sobre experiências vividas em um centro de Umbanda por uma tia distante, que não visitava há tempos. ”Mostrava para ela as roupas e música da apresentação e ela dizia que as peças tinham energia do malandro, do erê”, continua. Os elementos e estudos referenciais são da cultura Ioruba, como os Exus-Orixás e seus arquétipos divinos, que se mesclam aos Adinkras da cultura Ashanti, do povo ACã de Gana e da Costa do Marfim.

O destaque vai para as estampas e texturas coloridas dos looks, que nos transportam para uma aura contagiante e calorosa. ”Chamo as minhas roupas de amuletos, como se fossem armaduras para as pessoas se vestirem nessas energias”, compartilha a estilista. No filme fashion, tudo é lúdico. A trilha sonora foi assinada por Baco Exu do Blues – o rapper produziu outras quatro, todas para integrantes do Sankofa. Gisele diz que foi uma experiência única, já que é fã assumida do cantor, e que pediu a benção de tudo para sua tia. E assim foi.

Na TA Studios, a tentativa é de criar produtos sem gênero. Gisele vê isso com bastante seriedade, pois ”só falar que tem uma coleção agênero é muito raso”, diz. ”Se esse trabalho não for pensado para as particularidades dos tipos de corpos, sem fazer com que todos fiquem em um saco de batatas, não será aprofundado”, completa.

Sua expectativa é de que a participação do Sankofa, e de outras marcas geridas por pessoas negras, seja um divisor de águas e mostre esse potencial por muito tempo ignorado pelo evento. No projeto, a estilista conta que todos são fã um do outro. ”Não tem competição entre si, até porque somos muito diferentes, não só pela região, mas pela experiência. Nos vemos como uma comunidade”, finaliza.

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