usejoias, nova marca gaúcha acaba de se mudar para São Paulo
Fruto do olhar e das mãos do designer Bruno Cardoso, a etiqueta explora demarcadores de gênero em acessórios de prata.
Se você é mulher e nasceu até meados dos anos 1990, é provável que você tenha a orelha furada desde muito pequena. Em alguns casos, o furo era feito antes mesmo de sair da maternidade. Foi a partir desse fato que Bruno Cardoso, 26, começou a se aprofundar em uma pesquisa sobre acessórios como demarcadores de gênero.
Após entrevistar 300 pessoas de todo o país, por meio um questionário online, ele constatou que 100% das mulheres contatadas usavam brinco, porcentagem que caía para 7% com o público masculino. “Comecei a pensar em uma joalheria que não associa os dois furos à feminilidade”, diz ele A ideia deu origem ao seu trabalho de conclusão de curso em design pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 2019, e, pouco tempo depois, serviu de base para o lançamento da marca usejoias.
Bruno Cardoso. Foto: Frances Rocha
Sua primeira coleção foi composta de argolas com os círculos virados para frente. “Quis oferecer opções para adornar a orelha sem ser tão violento para as pessoas, como se fosse uma porta de entrada para joias mais pesadas”, explica Cardoso. O designer acredita que, assim como uma peça de roupa transforma o estado de espírito de quem a usa, a joia também pode gerar essa mudança. “Se você nunca usa anel em um dedo e começa a usar, tudo muda.”
No início, todas as peças eram feitas sob encomenda por Bruno, nas horas vagas do trabalho de subgerente da loja Void, em Porto Alegre. Tudo mudou quando, no fim de 2020: ele decidiu largar o emprego e focar na marca, comprando todo o maquinário necessário para produzir suas peças. Atualmente, elas ainda são feitas uma a uma manualmente, mas por fornecedores terceirizados.
Campanha do brinco Antônio. Foto: Talita Menezes
Entre os best sellers da usejoias estão o anel Gabriel, com um cupido na frente e aplicação de pedras ao lado, o anel Romeo, que muda de cor dependendo do humor de quem usa (sim, igual aquele dos anos 1990), o colar Veneno, com pingente em forma de colher, e os brincos redondos Antônio. Os acessórios são todos de prata, que é mais fácil de rastrear e certificar que vem de um garimpo legal.
Para a nova coleção, Bruno escolheu trabalhar a forma do coração de diversas maneiras. “Comecei a desenhá-la no início do ano, quando encontrei a pedra do anel Margot, que é em formato de coração. Fiquei obcecado por ela”, explica. “Nessa nova leva, também tem as primeiras peças da usejoias com logo. Fiquei muito animado com a possibilidade do 3D de produzir itens para os heavy users da marca poderem comunicar para o restante das pessoas qual etiqueta de joias elas se identificam.”
Anel Amante, da nova coleção. Foto: Divulgação
Outras novidades são o estoque e a grade extensa de tamanhos. É que há mais ou menos um mês, o designer se mudou para São Paulo de mala e cuia para buscar novos horizontes, encontrou novos fornecedores e oxigenou as ideias. “Estou achando incrível me conectar com pessoas que nosso público consome. São Paulo está influenciando o meu lado criativo, me sinto no lugar onde eu deveria estar”, diz.
Estar na cidade também abriu novas frentes comerciais. Hoje, quem quiser ver as peças da usejoias de perto, pode agendar um horário e visitar o ateliê Beliche, no bairro da Vila Buarque, um espaço que ele divide com mais sete artistas, ou conferir a seleção – com algumas peças exclusivas – da multimarcas Cartel 011.
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