Stella McCartney e a Amazônia

A estilista lançou uma coleção-campanha com o Greenpeace para alertar sobre o desmatamento na Amazônia. Neste episódio, explicamos como McCartney engrossa o coro de artistas e ativistas que se manifestam, em meio a Cúpula do Clima, sobre a maior destruição florestal amazônica em 12 anos.


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Na semana passada, em pleno Dia da Terra, Stella McCartney lançou uma coleção cápsula de camisetas e moletons para apoiar uma campanha da organização de defesa ambiental Greenpeace contra o desmatamento da Amazônia.

São duas camisetas e dois moletons feitos de algodão orgânico, em tons de branco e azul-claro, além de uma versão marmorizada. As peças têm estampas que lembram campanhas ecológicas antigas, são meio vintage, e trazem uma mensagem: “salve a Amazônia, salve o planeta”. O valor dos itens fica entre 250 e 550 libras, algo em torno dos 1900 e 4182 reais. Sim, o valor é salgado na conversão. Mas quem quiser, pode encontrar as peças no site oficial da marca para comprar.

Acontece, no entanto, que não se trata só de mais uma coleção de moda. Junto com o drop, a estilista aproveitou para pedir que os seus clientes e fãs assinem uma petição do Greenpeace contrária a destruição de florestas tropicais, como a Amazônia. Além disso, a estilista prometeu uma doação à organização de defesa ambiental, feita por meio da Fundação Stella McCartney.

De acordo com a designer: “Eu espero que as coisas não voltem ao normal em 2021. Em vez disso, eu quero que a gente vá para uma vida mais consciente, especialmente no que diz respeito às nossas decisões. Florestas preciosas, como a Amazônia, não deveriam ser destruídas para a produção industrial de carne que é vendida no mundo todo”.

Há tempos Stella McCartney é conhecida por suas iniciativas sustentáveis, que vão desde a produção de tecidos tecnológicos para substituir o couro, por exemplo, ao uso de seu alcance midiático para defender uma diminuição no consumo de carne e na exploração florestal.

Mas desde o ano passado a estilista vem anunciando um compromisso cada vez mais firme com uma produção mais sustentável, algo que ela inclusive formalizou em um manifesto, dividindo com o público metas que a sua empresa deve bater. Dentre elas está o desmatamento zero, que já é praticado pela grife desde 2014, porque a sua marca não se abastece de insumos provenientes de florestas antigas ou ameaçadas de extinção.

Lembrando que a Amazônia é a maior floresta tropical do mundo, que mais absorve carbono e que tem mais de 400 bilhões de árvores representando cerca de 10% das espécies de todo o planeta. O Brasil é o responsável por 60% dessa floresta. Mas, de acordo com o Greenpeace, quase 20% dela já foi destruída pelo desmatamento, uma ação que atingiu o seu pico máximo no ano passado, em 2020, o maior número em 12 anos.

Se na moda Stella McCartney foi uma das poucas vozes a tocar nesse tema, no showbiz foram muitas as celebridades que aproveitaram a semana passada (quando ocorreu a Cúpula do Clima, também no dia 22), para fazer um apelo: o de que os Estados Unidos não feche um acordo com o atual governo brasileiro para combater o desmatamento.

E a gente explica. Acontece que desde o começo do ano, o novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vem estudando uma colaboração com o governo brasileiro para impedir a destruição da floresta amazônica. A promessa do atual presidente estadunidense é o de injetar cerca de 20 bilhões de dólares nas florestas tropicais mundiais, incluindo a floresta amazônica brasileira.

No entanto, o que muitos argumentam é que o dinheiro pode até ser bem intencionado, mas corre o risco de ser muito mal aplicado. Segundo este argumento, a política de Jair Bolsonaro em relação à floresta amazônica é justamente a grande ameaça.

Por isso, Leonardo DiCaprio, Katy Perry e Gilberto Gil foram alguns dos nomes que assinaram uma carta na última terça-feira pedindo a Joe Biden que não formalize qualquer acordo ambiental com o governante brasileiro.

Segundo a carta-manifesto: “Incitamos que o governo dos Estados Unidos não se comprometa com nenhum acordo com o Brasil atual. Nos juntamos a uma coalizão crescente para que não sejam feitos acordos com o Brasil até que o desmatamento seja reduzido, os direitos humanos sejam respeitados e a participação significativa da sociedade civil seja alcançada”. O apelo é assinado ainda por nomes como Joaquin Phoenix, Mark Ruffalo, Uzo Aduba, Jane Fonda, Orlando Bloom, Caetano Veloso, Philip Glass e outros.

E não se trata de um posicionamento só de estrelas pop. Ele se baseia na articulação de outras organizações, como a APIB, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, que também fez o mesmo pedido ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Na carta da articulação dos indígenas está escrito: “É a Amazônia ou o Bolsonaro, não se pode ter os dois”.

Por aqui, na ELLE, a gente segue de olho em cada detalhe dessa história e te atualiza, mas aproveita para indicar uma leitura da nossa última edição impressa. Em “Enquanto Houver Amazônia”, o fotógrafo Wank Carmo conta e mostra em imagens como é presenciar de perto a destruição da maior floresta tropical do mundo há pelo menos 30 anos. Para receber a ELLE em casa, você pode fazer a assinatura pelo nosso site elle.com.br. Ou, se preferir comprar o exemplar avulso, é só fazer o pedido também pelo site ou acessar a nossa loja no instagram, no perfil Ellebrasil.

O blockchain no luxo

Volta e meia você ouve falar aqui e ali de blockchain, mas como a gente sabe que esse é um conceito que ainda dá um nó na cabeça do povo, vamos só fazer uma breve explicação antes de entrar na próxima notícia.

Blockchain é uma tecnologia que permite o registro e o rastreamento de transações de uma forma extremamente segura. É como se fosse um cartório digital, descentralizado e à prova de violações. A princípio, ela surgiu para possibilitar as transações com bitcoins. Mas logo ficou claro que esse sistema poderia ser útil para várias outras finalidades, além das negociações com criptomoedas.

A blockchain possibilita, por exemplo, que um consumidor possa rastrear um produto desde a sua origem, com muita precisão. Quer dizer, é uma mão na roda para evitar falsificações.

E aí a gente chega, enfim, à nossa notícia: na semana passada, os grupos Prada, LVMH e Richemont anunciaram o lançamento de uma plataforma de blockchain para a indústria do luxo.

A plataforma será operada pelo Consórcio Aura Blockchain, que uniu os três grupos rivais em torno de uma causa comum: utilizar a tecnologia para garantir a autenticidade dos produtos que circulam no mercado.

E a ideia é atrair mais empresas para participarem da iniciativa. Como disse o diretor da LVMH Toni Belloni, unir forças é uma abordagem pouco usual para esse mercado, que é altamente competitivo. Mas eles acreditam que oferecer uma solução padrão para a indústria faria a experiência do consumidor ser muito mais fácil e fluida, do que ter que lidar com múltiplas e diferentes soluções.

Cada peça vai ter um certificado digital único que vai permitir rastrear todo o seu ciclo de produção. Com isso, além de ter certeza da procedência daquele item, o consumidor e as empresas vão poder se assegurar de que eles foram feitos de acordo com os critérios de qualidade e sustentabilidade que eles esperam.

Se a gente for pensar bem, a blockchain tem tudo a ver com a indústria do luxo e é até de se estranhar que tenha demorado tanto tempo para ser adotada por ela. Em relação a isso, o CEO da Cartier Internacional e membro do conselho da Richemont, Cyrille Vigneron, deu uma boa explicação no vídeo de apresentação do consórcio. De acordo com Vigneron “a blockchain é uma tecnologia jovem e o luxo é um animal que se move lentamente em direção ao futuro, há muito tempo. Então, nós temos que nos certificar de que esse padrão vai durar e permanecer seguro, em mãos confiáveis”.

O que a Renner pode fazer com o valor de suas ações vendidas?

E aí, você quer virar sócio da Renner? Pois é, a empresa anunciou ao mercado na semana passada que vai fazer uma oferta de 102 milhões de ações no início de maio. Se a procura for muito grande, ela pode ainda colocar à venda mais 35 milhões e 700 mil ações na bolsa de valores.

O preço das ações ainda vai ser fechado nesta quinta, dia 29, mas, se ficar no mesmo patamar do valor negociado na bolsa em meados deste mês, quando cada ação valia 46 reais e 90 centavos, a Lojas Renner pode engordar o caixa com cerca de 6,4 bilhões de reais com essa negociação.

Como ninguém põe esse tanto de ações para vender à toa, logo começaram as especulações a respeito do que a empresa pretende fazer com todo esse dinheiro que deve entrar.

No comunicado oficial, a Lojas Renner, que também engloba as marcas Camicado, Youcom e ASHUA, informou que pretende investir os recursos obtidos no fortalecimento do ecossistema de moda e lifestyle da companhia, no desenvolvimento do seu canal omnichannel e na expansão das lojas físicas, entre outros projetos.

Mas há rumores de que a Renner tem planos mais específicos para gastar essa bolada. De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, a empresa estaria de olho na compra do e-commerce de moda Dafiti, como parte de sua estratégia para ganhar força no comércio online.

Procurada pela nossa reportagem, a assessoria de imprensa da Lojas Renner disse que não iria comentar informações adicionais neste momento.

Mas também aproveitou para lembrar que até o fim do mês parte das vendas do e-commerce das marcas da companhia serão destinadas a projetos que promovem o empoderamento econômico e social de mulheres na cadeia da moda. A iniciativa faz parte do movimento Todas Avançam Juntas, promovido pelo Instituto Lojas Renner, o braço social da empresa.

Kris van Assche deixa a Berluti

E na última terça-feira, dia 20, rolou mais uma dança das cadeiras. O estilista Kris van Assche deixou a Berluti, a única marca exclusivamente masculina do grupo LVMH.

O belga era o diretor artístico da casa desde 2018 e a sua última coleção para a marca aconteceu recentemente, no dia 8 de abril, com a apresentação do inverno 2021.

Kris van Assche foi contratado na Berluti depois de trabalhar por 11 anos na Dior Homme, que hoje é conduzida por Kim Jones. A ideia, na época, era a de que Van Assche incorporasse uma veia mais fashionista a Berluti que é famosa principalmente pelos acessórios de couro e os ternos mais tradicionais.

Em pronunciamento sobre a saída do estilista, o diretor executivo do Grupo LVMH, Bernard Arnault, agradeceu a Van Assche e disse: “Para manter o nosso compromisso com o savoir-faire e a inovação, decidimos deixar a Berluti conduzindo o seu próprio ritmo, dando uma maior liberdade ao seu calendário de apresentações”.

Até o momento nenhum nome foi cogitado para o lugar de Van Assche e também não se sabe qual será o próximo projeto do estilista.

Os novos embaixadores da Louis Vuitton: BTS!

E o K-pop está realmente com a bola toda no mercado de luxo e na moda.

Na quinta-feira passada, dia 22 de abril, a Louis Vuitton anunciou como novos embaixadores da marca os integrantes da banda BTS.

Em um post publicado no Twitter, com uma foto dos sete artistas vestidos com looks da grife, a Louis Vuitton diz que o BTS é reconhecido por suas mensagens inspiradoras e sua influência positiva.

Para quem se liga nos movimentos, uma pista de que tinha parceria vindo aí foi dada no Grammy, em março, quando RM, Jin, SUGA, J-hope, Jimin, V and Jung Kook acompanharam o evento da Coreia do Sul, todos vestidos de Louis Vuitton.

O diretor criativo da grife, Virgil Abloh, comemorou a novidade e declarou no comunicado oficial que essa parceria adiciona um capítulo moderno à casa, fundindo luxo e cultura contemporânea.

E quem também foi buscar no K-pop um nome para representar a marca foi a Tiffany & Co. A joalheria apresentou na semana passada a sua nova embaixadora global: a cantora Rosé, do girl group BlackPink. Se você quiser saber mais sobre essa parceria e sobre a artista neozelandesa com ascendência sul coreana acesse o nosso site e veja a reportagem escrita pelo nosso superespecialista em K-pop Gustavo Balducci.

E você já pensou que a Amazon poderia se aventurar na criação de salões de cabeleireiro? É o que está rolando e o nosso editor de beleza Pedro Camargo conta tudo…

“Oi, gente, tudo bem? Olha só, que loucura, né? A Amazon realmente não perde tempo… Depois de já terem lucrado horrores na pandemia, uma vez que com as lojas físicas fechadas, todo mundo correu para os sistemas de delivery como a Amazon, eles já estão armando novos esquemas de fazer dinheiro com a reabertura do comércio. Em Londres, a Amazon está abrindo o Amazon Salon. Um salão de cabeleireiros que conta com a tecnologia da casa para melhorar a sua experiência capilar. Na prática, o que acontece é o seguinte: antes de falar para o seu cabeleireiro o que você quer fazer no cabelo, um tablet equipado com essas coisas de realidade aumentada te ajuda a visualizar cortes e cores antes de você tomar a sua decisão. De quebra, ainda vai rolar uma lojinha em que você aponta o seu tablet para um produto e, boom, ele te entrega um vídeo com todas as informações sobre ele: para que serve, como usar, etc. Babado, né? Por enquanto, a Amazon ainda não tem planos de abrir outros salões ao redor do mundo. Mas, acho que se esse esquema funcionar na Inglaterra, já já estaremos vendo coisas parecidas pipocando no mundo todo, Brasil incluso. Já pensou?”

E, Bruna Bittencourt, qual é a dica cultural desta semana?

“A Companhia das Letras lançou recentemente Enciclopédia negra: Biografias afro-brasileiras, escrita pelos historiadores Flávio dos Santos Gomes e Lilia Schwarcz, com colaboração do artista Jaime Lauriano. Em mais de 700 páginas, o livro traz 417 verbetes, individuais e coletivos, de personalidades negras, desde o Brasil colônia até os dias atuais. São nomes como Carlos Marighella, Zumbi e Marielle Franco e também anônimos, como curandeiros, alfaiates e músicos. A gente conta mais sobre o livro em matéria que está no site da Elle, da repórter Bárbara Poerner, que conversou com o trio de autores. O livro também conta com retratos assinados por 36 artistas negros, como o premiado quadrinista Marcelo D’Salete e o próprio Jaime. Ele lembra que a maioria dos personagens não tinham retratos oficiais, e, se tinham, não faziam jus à história deles. Uma exposição na Pinacoteca de São Paulo, com abertura prevista para o próximo sábado, 1º de maio, exibirá outros 70 retratos, além dos que estão no livro, somando 106 pinturas que ficarão no acervo do museu.”

Este episódio usou trechos das músicas e Negro é Lindo, de Jorge Ben, Chain of fools, por Aretha Franklin, Money, de Pink Floyd, Dynamite, do BTS.

E nós ficamos por aqui. Eu sou Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro.

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