Carta da editora

Em todas as telas.

Renata Piza 1

Eu faço parte de uma geração que cresceu em frente à tela da televisão – sim, bem antes de ficar com o smartphone grudado na cara, scrollando ad aeternum, eram os aparelhos tubo e depois as finíssimas tevês de plasma que levavam o mundo para dentro de casa, nos entretinham, informavam e até ajudam a ditar moda – no Brasil, o poder fashion das novelas é inegável, bem maior, inclusive, do que o das revistas especializadas. Tudo isso para dizer que o mensageiro pode até ter mudado de forma, mas a mensagem continua chegando pra gente praticamente do mesmo jeito: via novela (sempre me impressiona ver o sucesso que elas ainda fazem, especialmente com o público jovem), notícias, séries, programas de auditório, programas de fofoca, reality shows. Uma programação cada vez mais extensa e, graças ao streaming, cada vez mais sem hora marcada, para cada um assistir onde quiser, a hora que preferir, no seu aparelho favorito.

Não à toa, de olho nos 75 anos que a TV completa no Brasil em 2025, a ELLE View homenageia e tenta entender esse fenômeno cultural, certamente o que mais encolheu o mundo (sim, a internet acelerou o tempo, mas a TV já tinha aberto as portas da globalização) e que segue, impávido colosso, impactando no dia a dia de todos nós – e vice-versa. Começando pela nossa capa, com a atriz Clara Moneke: uma mulher preta retinta, próxima protagonista de novela, prova viva e cheia de talento de que ter diversidade hoje nas telas é mais do que inclusão, é demanda social. “Eu não sou só um retrato da sociedade. Eu sou o desejo dela”, diz em entrevista à repórter Rafaela Fleur. O que nos leva à outra matéria, Minoria majoritária, em que Mariane Morisawa discorre sobre os avanços da representatividade nas telas e as faltas que ainda precisam urgentemente serem sanadas – pense em amarelos e indígenas.

ELLE View

Clara Moneke, nossa capa! Mylena Saza

Tem ainda: um papo reto com Renata Vasconcellos, a apresentadora do Jornal nacional que a gente adora (impossível não lembrar dela mandando a real para Jair Bolsonaro em horário nobre e transmissão ao vivo), o recente fascínio pelas novelas gringas, com destaque para as tramas sul-coreanas, que mobilizam até fandoms de mulheres mais velhas, e um raio-x de Twin Peaks, a série mãe das séries como as entendemos hoje – provavelmente, não teriam existido Lost ou Ruptura sem ela. E, pensando em outra efeméride, os 60 anos da Globo, convidamos o jornalista Mauricio Stycer para falar sobre a importância da emissora na rotina e no imaginário social.

ELLE View

Um pedacinho do closet do Projac. Foto: Lucas Landau

Na parte da moda, invadimos o maior closet do país, sonho meu, o acervo do Projac, e contamos (e mostramos em fotos exclusivas) tudo o que acontece por lá, além de dar um zoom nos looks das vilãs e no que eles representam – sabe a coisa da roupa falar sem ter que dizer nada? É mais ou menos por aí. E falamos ainda sobre o “vale a pena ver de novo” que tem tomado conta das passarelas, mais ou menos como as reprises e reedições de tramas do passado. Sem trocadilho, vale a pena se inteirar e perceber como o passado ficou cada vez mais curto e próximo.

Não deixe de conferir também a matéria que traz notícias da inteligência artificial sendo cada vez mais usada, para o bem e para o mal, na indústria da beleza, e nossas colunistas da casa, Nathalia Levy, sempre nos guiando pelos bites da tecnologia e seus impactos sociais, e Roberta D’Albuquerque, inventando histórias que até a TV duvida.

Um beijo e até a próxima!

Rê Piza