Carta da editora

O rugido das mulheres.

As vozes da minha vida sempre foram mais femininas que masculinas – as histórias da avó, da mãe, as confissões da irmã, das amigas, a música de Adriana Calcanhotto, a poesia de Cecília Meirelles, recitada, não lida. Vozes íntimas ou desconhecidas, que sempre proporcionaram conforto, acolhimento. Fazer, portanto, uma edição da ELLE View dedicada às mulheres na música é voltar para esse lugar de escuta, de espelho. Muitas vezes também de descobrimento – vide a seleção de princesinhas do pop, feita pelo editor de moda Gabriel Monteiro, que você confere em Supertrunfo: a novíssima era do pop.

 

ELLE View

Alô, alô, Ludmilla. Foto: Ivan Erick

Mas vamos ao início dessa história, que começa com Ludmilla, estrela da nossa capa (e do Brasil), que acaba de subir em um dos maiores palcos da sua vida (e do da vida de tantas mulheres), o da maternidade. Sim, em maio, mês do Dia das Mães, nasceu Zuri, sua primeira filha com Brunna. E para homenagear esse momento, entramos com ela no clima lullaby, fotografando-a em um cenário que remete a um quarto infantil, em contraste com looks à la diva. “Ainda bem que sempre gostei porque, de fato, a moda vem no pacote da diva pop”, diz, em tom de brincadeira, à repórter Lelê Santhana.

Além da filha, Ludmilla também se prepara para novos e excitantes desafios – se apresentou no último Coachella, gravou seu novo álbum, que será lançado no segundo semestre, nos Estados Unidos, no mesmo estúdio pelo qual já passaram Michael Jackson e Beyoncé, e tem se empenhado, inclusive, no inglês, para ser entendida além fronteiras. Spoiler: já, já sai o single “Paraíso”, uma declaração de amor à sua mulher.

Falando em amor, tem mais voz apaixonada por aqui. Caçulinha do imenso clã Gil, Flor, que tem participado das turnês do avô, lança seu primeiro disco agora, Cinema love, aos 16 anos, com nove faixas, que passam por diferentes gêneros, mas se conectam por temas em comum: paixão, saudade e amor juvenil.

Temáticas que encontram eco no novo trabalho de Luedji Luna, que conversou com a repórter Marina Santa Clara sobre o álbum que encerra uma trilogia de cinco anos, depois de se tornar mãe e cantar Sade no palco. “Quero ser essa artista, low profile, que vive a vidinha dela, não fica se enfiando em escândalo. Chiquérrima, elegante. Ela é meu farol e tem também o amor como bandeira, né?”, diz ela.

Nesta ELLE View especial Mulheres na Música, relembramos ainda a importância de “Brasil”, canção de protesto do terceiro álbum de Cazuza, Ideologia, na carreira de Gal Costa – gravada pela baiana numa versão que faz ponte com a MPB, para a abertura de Vale tudo, a música é uma espécie de antes e depois na trajetória de Gal. 

E os shows que parecem ser feitos agora pro Reels, hein? Convidamos o jornalista especializado em música Guilherme Guedes para analisar esse fenômeno, que inclui Rosalía, Beyoncé e outras! Será que a música virou coadjuvante? Confira.

ELLE View

Myra Ruiz, estrela de Wicked Foto: Rogério Cavalcanti

Tem também por aqui as backing vocals, que merecem lugar de destaque na nossa e na sua playlist, as intérpretes dos musicais de sucesso, Wicked e Meninas Malvadas, e uma matéria superinteressante que fala sobre a importância das trilhas sonoras nos desfiles de moda – análise da nossa súper Giu Mesquita.

Para terminar, do som ao visual, você vai se apaixonar (olha o amor outra vez!) pela nova onda de capas e encartes, que tem impulsionado o colecionismo de vinis e afins, e pelas meninas superpoderosas do XG, grupo japonês que, durante a sua passagem pelo Brasil, fez uma capa especialmente pra View e bateu um papo com o editor Gustavo Balducci: “Lembro de cantar e dançar ouvindo os gritos dos fãs”, diz Harvey. “Quero muito voltar ao Brasil e reviver tudo isso. Então, por favor, esperem por nós.”

Um beijo e até mês que vem,

Rê Piza