Esta é uma edição de despedida. Despedida de 2023, um ano que, à parte as particularidades individuais, não tem sido bolinho. Ano de guerra na Europa, conflito no Oriente Médio, ascensão da extrema direita na nossa vizinha Argentina, desabamento de bairros inteiros em Maceió, ebulição climática, resultados pífios dos estudantes brasileiros no Pisa e, por que não?, saída de gênios criativos da moda – farewell, Sarah Burton e Alessandro Michele (veja toda movimentação na nossa retrospectiva).
Mas é também uma edição de início. Daquele momento do ano em que paramos pra repensar em tudo o que aconteceu nos últimos 12 meses e ajustar rotas, ressignificar planos, sonhar outros sonhos. Desejar melhor. Fazer melhor. Pular 7 ondas.
Uma edição que traz 10 mulheres em 10 capas diferentes. Mulheres que estão aqui, nas nossas capas, porque já têm sonhado grande, ressignificado clichês, ensinado. Como Tamara Klink que, sozinha, encara a invernagem no Ártico, depois de ter velejado por dois meses entre França e Groenlândia, mostrando força, coragem e um talento danado para storytelling – são delas, inclusive, as fotos feitas para a ELLE. E acompanhar seu Instagram é um eterno encantar-se.
Tamara Klink.
Ou Vitória Mesquita, portadora de T21, que mudou a definição do Google para síndrome de Down, e Erika Hilton, primeira deputada federal preta e travesti na história da política brasileira, que em seu primeiro ano de mandato teve dois projetos aprovados, feito raro, especialmente num congresso tão retrógrado.
Mulheres como Mari Krüger, a bióloga que usa o humor para desmistificar crendices e mentiras, Rafaela Azevedo, que sozinha levantou uma peça, levou 30 mil pessoas ao teatro e inverteu o jogo do patriarcado, e Alessandra Azevedo, que, do Tocantins, com palha, folhas e pedras fez uma semana de moda rural, provando que criatividade não tem mesmo fronteira – e que ganha aqui perfil assinado por Paulo Borges, o big boss da moda brasileira.
Glicéria Tupinambá. Juliana Rocha
Mulheres como Ellen Milgrau e seu projeto social de faxina para ajudar pessoas com depressão e/ou outras doenças mentais, Thallita Flor e o menu saudável de Mais um dia no barraco, Glicéria Tupinambá, liderança indígena, mestre em antropologia e primeira artista fazer o Manto Tupinambá em 400 anos, e Angélica Silva, que via maquiagem recuperou autoestima e ajuda outras tantas a trilharem uma história parecida. Mulheres que nos enchem de orgulho e, por mais piegas que pareça, esperança.
Mulheres também como Mônica, a aniversariante do ano, que tem inspirado gerações e gerações de garotas, e Sofia Coppola, que filmou a relação de Priscilla e Elvis sob uma necessária ótica feminina.
Pra terminar – e, sim, sonhar grande, lembra? –, confira na nossa seção 5 Estrelas 5 lugares para conhecer antes que o mundo acabe. A gente espera que demore, mas, honestamente, sou do time que acha que é sempre melhor se apressar!
Vamos nessa?
PS: toda revista é feita por muitas mãos e cabeças, mas essa em particular ganhou reforço de colaboradores que não pouparam esforços para nos ajudar a concretizar a View de dezembro. Muito obrigada, Juliana Rocha, Márcio Banfi, Angel Moraes, Paulo Raic, Nathalia Fernandes, Luanda Viera, Matheus Krüger, Mariane Morisawa, Letícia de Almeida Alves e todo o time incansável, talentoso e vibes da ELLE Brasil.
PS2: Tradição em janeiro, a ELLE View beleza deixa de ser publicada, em razão do lançamento da ELLE Beauté. Aguarde novidades 🙂
Um beijo especial pra você que nos acompanha.
Boa virada e até fevereiro!
Renata Piza