Carta da diretora

Tempo, tempo, tempo, vou te fazer um pedido.

Curioso falar sobre ritos de passagem em um ano em que o ponteiro parece ter andado para trás em muitos aspectos. Todo mundo congelou sonhos, adiou planos, atrasou contas, revisitou memórias. Não sei quanto a vocês, mas eu tenho refletido muito sobre a passagem do tempo. Hoje é aniversário do meu pai, que completa 87 anos. Meu filho mais novo acabou de fazer 7 e eu farei 50 no ano que vem. Idades emblemáticas. Escrevendo esta carta, fiquei lembrando de quando fiz 15 anos. Ganhei de presente um papelzinho escrito a lápis, com um texto do meu cunhado, Rogério Skylab, a quem frequentemente cito aqui por ter sido uma presença fundamental na minha formação. Perdi a folha de caderno, mas até hoje guardo na memória a introdução, que dizia assim: “Fazer 15 anos significa dizer que tudo pode acontecer, porque temos o mundo em nossas mãos. Se uma criança sonha, ela o faz porque não tem meios de realizar o que sonha. Uma criança é só fantasia…”

Quando li a
entrevista com a Maisa, conduzida com maestria por mais de uma hora pela redatora-chefe Nathalia Levy para esta ELLE View, me conectei imediatamente com essa lembrança. Maisa acabou de completar 18 anos e tem o mundo nas mãos. Em plena pandemia, deixou para trás uma carreira longeva no SBT para construir uma nova história, como empresária. Sua maturidade e consciência sobre o tempo das coisas é espantosa e encantadora. Confesso que comigo não foi assim aos 15, nem aos 18, nem tampouco está sendo aos quase 50 (se você se identificou, pule para a tirinha da quadrinista Christine Mari, em “Para qual direção?”, e verá que está tudo bem). Para encerrar este ano de incertezas e caos, ouvimos relatos e histórias inspiradores de pessoas que se reinventaram, raspando a cabeça, mudando de casa ou ampliando sua presença nas redes de forma construtiva, como na matéria “Um ano, uma vida”. Listamos 20 séries, filmes e livros que falam sobre as dores do processo de amadurecimento e refletimos sobre como até as roupas têm um papel decisivo em nossas transições. Por fim, chegamos aqui com uma certeza: a de que 2020 precisa acabar e a vacina precisa chegar. Um beijo e até já!