Volta Atelier cria bolsas costuradas à mão por mulheres refugiadas
Em parceria com ONGs do Rio Grande do Sul, marca integrante do #MovimentoELLE faz sucesso com seus modelos feitos por mulheres haitianas que vivem na região.
Como consultora de moda, Fernanda Daudt teve diversas experiências no mercado. E a maioria delas apontava para um mesmo problema: o desperdício de material gerado na produção da indústria têxtil, entre eles, o couro. Após um período desenvolvendo projetos voltados para o trabalho artesanal com a Assintecal (Associação brasileira de empresas de componentes para couro, calçados e artefatos), na produção de acessórios em escala industrial, ela decidiu mudar de rumo. “Não via mais graça em trabalhar com moda, mas sempre quis ter uma marca. Então, precisava ser algo que realmente fizesse sentido.”
Foto: Tuany Areze
Foi aí que surgiu a Volta Atelier, sua marca própria de bolsas feitas com materiais reaproveitados e um propósito social. Cada peça é costurada à mão por mulheres refugiadas do Haiti que vivem em Caxias do Sul (RS). “Todo o couro é upcycled e vem de descartes de coleções ou produções de outras marcas”, explica Daudt, hoje baseada em Nova York, onde a label também vem chamando a atenção. “Os designs são descomplicados e servem como base para mostrar a grande variedade de acabamentos e a costura manual.”
Para a empresária, a equipe é essencial para uma marca artesanal. “Essas mulheres são uma inspiração para nós. Durante o treinamento, aprendemos sobre dificuldades inimagináveis pelas quais elas passaram, forçadas pelas circunstâncias a se mudarem para um país estrangeiro, a se comunicar em um novo idioma, a encontrarem um novo sustento”, conta Fernanda. “Queremos que nossos consumidores sejam parte disso e se inspirem na história por trás de cada item, por isso, os produtos vêm com uma etiqueta assinada pela artesã responsável.”
Foto: Fernanda Calfat
Foto: Caetano Portal / Martin Pisotti
Atualmente, a label tem cerca de 10 modelos de bolsas e mochilas, todos simples e atemporais. “Precisamos de formas clássicas porque usamos couro de alta qualidade e as bolsas duram muito tempo. Além disso, a simplicidade destaca a costura manual e as características do material”, afirma Fernanda.
O reaproveitamento obriga a marca a lidar com algumas restrições. “Produzimos a partir do que está disponível, então, é uma maneira diferente de pensar no desenvolvimento e na manufatura”, conta ela. Por outro lado, uma vantagem desse processo é a exclusividade: quase todas as peças são únicas.
Foto: Alex Korolkovas
A Volta Atelier também faz parte da segunda fase do #MovimentoELLE, projeto solidário da ELLE que tem trazido luz sobre a importância de pensar cada detalhe do negócio, um desafio comum para marcas menores. “Além disso, tem sido um ambiente importante para conexões e aprendizados que só nos fortalecem enquanto marcas com propósito”, diz Fernanda. “Estou amando fazer parte dessa forma coletiva de pensar a economia circular, o futuro da moda e novos modelos de negócios.”
O que é o #MovimentoELLE
O #MovimentoELLE é um projeto solidário idealizado pela ELLE e pensado para impulsionar o desenvolvimento sustentável entre pequenos empreendedores de moda.
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