Sou de uma geração em que ainda gravávamos fitas cassetes com músicas que diziam o que queríamos dizer e nem sempre tínhamos repertório ou coragem – e, claro, a enviávamos para crushes, amigos, pessoas queridas. Sou de uma geração que manda links do Spotify com músicas que representam o que sinto em determinado momento da vida por determinada pessoa, aquela que eu ando pensando, talvez, demais da conta. E, acredito, somos todos de gerações que se apaixonam, choram, extravasam, tiram os demônios das costas, à la “Dog days are over”, de Florence and the machine, ouvindo canções.
Esta edição da ELLE View é justamente um convite para você aumentar o som e celebrar a música, em especial, as mulheres na música. Que, além de ter que ter talento suficiente para embalar nossas vidas, se veem atravessadas por questionamentos que não rolam no mundo masculino.
Exemplos não faltam. Capa e recheio da nossa revista digital, Bebe Rexha (assim como Adele e tantas outras) parece ser obrigada a dar mais satisfações públicas sobre seu corpo do que sobre seu amplo repertório musical, que vai da ópera ao jazz, chegando ao country e ao pop – você confere tudo isso e muito mais em uma entrevista exclusiva, comandada pela editora e DJ nas horas vagas/válidas Chantal Sordi.
Lidar com os pratinhos da maternidade, diferentes lugares para ir e shows para performar também é privilégio (é?) feminino. Em Mães na estrada, Mallu Magalhães, Negra Li, Pitty e Roberta Sá dividem conosco as dores e maravilhas que enfrentam desde que seus filhos nasceram.
“Uma vez entrei no palco chorando, pensando: ‘Caramba, estou muito cansada. Como é que eu vou conseguir fazer esse show?’”, confessa Roberta Sá à repórter Marina Santa Clara.
E tem ainda sempre o peso de ser desbravadora – e remar contra o mainstream. Embora seu disco Miseducation of Lauryn Hill, que completa 25 anos em 2023, tenha sido definidor e a colocado entre as principais MCs da história, alcançado o topo da Bilboard e conquistando cinco Grammys, ele segue sendo o único registro de estúdio da cantora, que fez duras críticas à indústria musical ao longo de sua carreira.
Outras gênias que tiveram que lidar com diferentes graus de pressão, infelizmente nesse caso nem sempre com sucesso, são Amy Winehouse e Lady Gaga. De Amy, que faleceu em 23 de julho de 2011, em decorrência de problemas com o álcool, mostramos a homenagem de Jean Paul Gaultier à ela em Raio-x de um Desfile.
De Gaga, que teve de cancelar a apresentação no Brasil no fatídico 14 de setembro de 2017 e já compartilhou com o mundo a sua luta contra depressão e fibromialgia, trazemos um relato emocionante do editor de moda, Gabriel Monteiro.
“Neste final de 2023, Lady Gaga completa 15 anos de carreira e eu chego aos 30. Sigo sem ter visto a lenda de perto, mas olho em retrospecto uma relação íntima.”
Já na nossa seção Cinco Estrelas, selecionamos cinco bares para você curtir música tanto ou até mais do que drinques. Aviso: assim como os bons shows, as reservas esgotam rápido.
E, se a música influencia as nossas vidas, não seria diferente com as indústrias da moda e da beleza. Aqui, na View, listamos o Hot parade das marcas de beauté comandadas por cantoras e inspiramos suas próximas compras com uma seleção de camisetas para as fãs de carteirinha.
Pra terminar, dê uma lida – ou melhor, uma escutada – em Som e Fúria, que traz uma playlist direto da redação de ELLE. Ah, eu sou da geração que, assim como manda música na forma de recados/lembretes/amores possíveis ou imaginados, adora receber uma e descobrir novas paisagens sonoras.
Compartilha a sua comigo?
Um beijo e até a próxima.