Tem estilista que vive de Carnaval. Tem aqueles que vivem para o Carnaval. Tem os dois juntos. Para marcas como Fernando Cozendey, Walério Araújo e Paeteh, as encomendas para os três (ou mais) dias de folia – na rua, no salão ou na avenida – são tantas que rendem quase um ano todo. Ou pelo menos ajudam bastante.

Mas tem também aqueles criadores que passam batido, não ligam muito ou são pouco associados a essa festa. Como acontece e pode (quase) tudo nessa época, convidamos alguns deles para imaginar um look de Carnaval ideal. O resultado você confere a seguir.

Ale Brito x Studio 115

“O look foi inspirado em um pássaro raro, o Gonol laniarius erythrogaster de cabeça preta. É uma ave da família Malaconotidae, encontrada em alguns países africanos, que tem a penugem escura e a barriga vermelha. A textura de plumas na saia faz referência ao corpo preto e à barriga. Na parte de cima, o vestido tem desenho assimétrico, e a cabeça é de tule bordado com placas retangulares de paetês.”

Artemisi, por Mayari Jubini

“O Water Dress é feito inteiramente de resina e silicone translúcidos. O look contempla formas e movimentos da água, criando uma silhueta e estética muito presentes na essência da Artemisi.”

Ão, de Marina Dalgalarrondo

“Meu desejo é recriar a roupa de Joana d’Arc retratada na pintura Joana d’Arc na coroação de Carlos VII (1854), de Jean-Auguste-Dominique Ingres. Gosto da reprodução de trajes históricos em figurinos. Nossa fantasia tem um aro de cobre na cabeça, blusa de cota de malha prateada, estrutura de metal prata maleável com detalhes incrustados, cintos e cordões de couro e saia de algodão, com ornamentos e brasões pintados à mão, além de uma mule metalizada.”  Trazer de volta um personagem do passado por meio de materiais contemporâneos é um gesto que exige uma análise minuciosa. No final da Idade Média, a moda europeia foi marcada pelo estilo gótico tardio, com vestimentas luxuosas para os nobres. Os tecidos eram pesados, e as formas, justas e alongadas. Ao se vestir como um soldado do exército francês, ela rompeu com as normas da silhueta feminina da época. A pesquisa de distorção do desenho tradicional feminino é inerente a Ão. Nossa proposta é que esse contorno do corpo possa ser variável e disruptivo.” 

Dario Mitmann

“Minha proposta é inspirada na icônica Princesa Peach, diretamente do jogo Super Mario Bros, a governante do Reino dos Cogumelos. O meu look dos sonhos traz a cultura gamer para um baile de Carnaval.”

Foz, de Antonio Castro

“Inspirado no Bloco do Bobo Gaiato, tradição carnavalesca do povoado de Tatuamunha, em Alagoas, o look é composto de um caftã de xantungue de seda pura em tom de dourado, com maxilaço no decote e corte mullet. Com aplicações rebordadas, que mimetizam os traços das marcas do bobos, como olhos e chifres, as feições da máscara de papel machê se transformam em acessório de cabeça.”

Lenny Niemeyer

“O ponto de partida foi um look leve, colorido e com movimento. O vermelho é uma cor quente e vibrante, própria para um Carnaval sofisticado e também confortável. As plumas são de organza cortada a laser.”

WTNB, de Ana Clara Watanabe

“Minha inspiração para essa fantasia de porta-bandeira nasceu de uma memória tecida com carinho. Ela remonta a uma roupa criada pela minha avó para minha tia Celi desfilar na escola de samba que minha família formou em 1972, em homenagem ao meu tio Pedro, que sempre foi apaixonado pelo Carnaval. Pedro faleceu um ano antes, e minha mãe, por muitos anos, foi rainha da bateria ao seu lado. Além de sambar em muitos bailes de Pindamonhangaba (SP), ele também cuidava com primor das fantasias que usavam. Sua partida foi uma perda imensa não só para a minha família, mas para a própria história do Carnaval da cidade. Em memória de seu legado, meus tios e amigos se uniram para criar um bloco, uma verdadeira celebração de sua vida, unindo os irmãos e os amigos que o amavam, como uma última homenagem ao ritmo que ele tanto viveu.”