Me vê um pedacinho de arte para vestir!?

Julliana Araújo é artista plástica de formação, stylist por profissão e criadora de esculturas para o corpo com a marca de acessórios ARCO.


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A cabeça é de artista multidisciplinar, que também é stylist, mexe com ourivesaria, faz joia, desenha um acessório aqui, assina a direção artística de um projeto acolá. Julliana Araújo, carioca, de 28 anos, reúne paixões, pesquisas e ideias várias que ganham forma por suas próprias mãos. “Tem muito desejo aqui e, apesar de eu querer abraçar o mundo, não faço com imediatismo, eu me orquestro bem para tudo funcionar”, diz ela.


Um dos seus interesses é pesquisar territórios, o que a leva muitas vezes para a geografia. E é por meio dessa disciplina que pensa na terra e chega aos minérios, a sua principal matéria-prima. Julliana pega o ouro, a prata e junta os metais com madrepérola, um pequeno quartzo ou um vidrinho do cotidiano para chegar a uma forma para vestir. A cartela de cores também é impactada pelo estudo geográfico. Pesquisando origens, agricultura, a maneira como se plantava e comia em civilizações antigas que ela chega aos “tons de argila, as cores persas, e os tons de temperos do Oriente Médio”.

Julliana, que se define como alguém que gosta de coisas simples, como “comer bem, admirar Bispo do Rosário e ouvir Mart’nália”, fala que expandir a percepção das pessoas sobre o que é arte a impulsiona na produção. Incluindo aí a sua primeira profissão, a de stylist, ofício que toca também hoje e é o seu primeiro contato com a moda. “O que sempre me moveu foi a forma e o trânsito. Então eu adoro vestir um corpo, pensar nele e em todos os seus labirintos”, explica.

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Foto Bruna Sussekind

Atualmente, a artista também integra o coletivo Trovoa, grupo de mulheres racializadas que questionam e criticam as presenças no mercado contemporâneo de arte nacional. Uma de suas criações mais recentes, por meio do coletivo, é a exposição de uma série de trabalhos fotográficos chamada Vão, exibida na última edição da SP Arte. “Neste trabalho e no coletivo falo de lugares que são restritos, personificados em poucas pessoas. A gente precisa ver multiplicidade, volume, nos ver muito e se fazer presente em vários lugares. É necessário descentralizar.”

Assistente de Fotografia: Igor Furtado
Direção de Arte: Labô
Modelo: Victor Freire
Agradecimento: Chorona Editora

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