Mostra reúne imagens que maisons produziam para evitar cópias

Exibição no Museu de Artes Decorativas, em Paris, traz fotografias dos anos 1920 e 1930 tiradas também para provar a autoria de criações.


Look da mostra que reúne imagens que grandes maisons produziam para evitar cópias
Look da Valrose registrado entre os anos de 1920 e 1930 Foto: © Les Arts Décoratifs



O Museu de Artes Decorativas, em Paris, preparou uma exposição inusitada. Moda em modelos – Fotografias das décadas de 1920-1930 reúne uma seleção de 120 imagens de um acervo específico, o das “fotos de registro”.

Nessa coleção estão as imagens documentais que as grandes maisons produziam para anexar a pedidos de patente, com o objetivo de evitar a cópia e a falsificação ou provar a autoria no caso de sofrerem um processo.

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Modelo veste look de Jean Patou entre 1920-1922 © Les Arts Décoratifs

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Por exemplo: as modelos não procuram necessariamente posar. É possível analisar o ambiente dos ateliês e também os recursos utilizados para a documentação, como o uso de espelhos, caso de Madeleine Vionnet. A inspiração dos fotógrafos – apesar de nem sempre assinar, Man Ray era um deles – eram os trabalhos de identificação criminal.

Assim, quem visitar a mostra, em cartaz entre 6 de novembro e 26 de janeiro, verá os registros de criadores famosos, como Jean Patou, Jeanne Lanvin, Marcel Rochas e Jeanne Paquin, de um período anterior à Segunda Guerra Mundial. Mas a graça também reside nas entrelinhas. Além da roupa, os cliques em preto e branco revelam particularidades.

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Foto de manequim registrada entre os anos de 1920 e 1930 © Les Arts Décoratifs

“Há apenas uma preocupação: representar todos os aspectos da peça, como frente, costas, perfil”, explica o curador da exposição, Sébastien Quéquet. “O desafio foi dar vida e ritmo a fotografias que são de natureza judicial”, completa.

A inspiração dos fotógrafos – apesar de nem sempre assinar, Man Ray era um deles – eram os trabalhos de identificação criminal

Looks inteiros, amostras de tecido da época (cetim, organdi, crepe de seda), filmes e revistas ajudam a levar cor e contexto à exposição. Outra discussão que a visita suscita é a questão da cópia na era da inteligência artificial. A respeito disso, Quéquet lembra que havia vestígios de falsificações já na Antiguidade. “Para a moda, em particular, o advento da alta-costura, no século 19, representa um momento desencadeador das cópias. Podemos parar de falsificar? A essa última questão, muitos respondem negativamente.”

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Modelo usa chapéu de Suzanne Talbot, em 1928 Foto: © Les Arts Décoratifs

Esta reportagem foi publicada originalmente no Volume 17 da ELLE Brasil. Para comprar seu exemplar, clique aqui.

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