Sopa de letrinhas: o beabá do ESG

Se você quer surfar nos investimentos sem deixar de lado o propósito, é preciso entender melhor essa sigla e as aplicações do momento.


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Nunca houve um tempo em que justiça social e climática tenham pautado com tanta força as decisões de consumo que fazemos. Pensar sobre o impacto das escolhas em uma perspectiva mais ampla começou por compras mais ordinárias – do abastecimento diário da despensa ao guarda-roupa – e na prática de reciclagem. Porém chegou também de forma definitiva ao campo dos investimentos. Primeiro, por pressão de acionistas que obrigaram muitas empresas a colocar o ESG (em inglês, environmental, social and governance), sigla do momento, na agenda. E, mais recentemente, pelos investidores que querem seguir socialmente responsáveis em suas aplicações, sem comprometer o retorno.

Conforme a Global Sustainable Investment Alliance, investimentos responsáveis já somam mais de 31 trilhões de dólares globalmente, o que equivale a 36% de todos os ativos sob gestão no mundo. Agora talvez você esteja pensando: o que eu, que estou começando a poupar, embora há muito seja comprometido com meus propósitos, posso ter a ver com isso? Como entender e por onde começar? Dá para saber o que é marketing e o que é de fato uma opção de investimento sustentável? Para responder a essa e outras dúvidas, ELLE conversou com Rafaella Dortas, diretora responsável por ESG do BTG Pactual.

Área de ESG é chancela automática?

Uma dúvida comum é sobre se, contando com uma área ou equipe de ESG, a empresa automaticamente exerça somente boas práticas em relação ao tema. “Mas isso quer dizer, em alguns casos, que há apenas uma certa gestão sobre o tema”, explica Rafaella. “Quando falamos em investimentos ESG, eles podem ser divididos em responsável, sustentável e de impacto”, completa. Os primeiros consideram questões ambientais e sociais, além de aspectos de governança ao avaliarem uma empresa. Na segunda classificação, entram empresas e ativos que fomentam uma economia sustentável ou, nas palavras da executiva, “que procuram integrar fatores ESG em seu portfólio para diminuir o risco e aumentar o potencial de retorno”. Por fim, investimentos de impacto são aqueles cujas soluções e empresas contribuem com iniciativas mensuráveis de alto impacto, seja ele ambiental ou/e social.

Em qualquer tempo, todos os bolsos?

O começo é quase sempre mais conservador, sobretudo para mulheres. Mas, acredite, com pouco e devagar já é possível aplicar em fundos ESG desde o início da vida investidora. “Cabem, sim, em todos os bolsos”, afirma Rafaella. Como exemplo, ela cita o fundo ESGB11, do BTG, que pede aplicação mínima de 100 reais. No curto prazo, especialistas apontam que esse tipo de investimento deve trazer não somente o retorno de um mundo melhor, mas boas perspectivas de lucro também. E, numa perspectiva mais distante, opções fora dos princípios ESG podem não ser contempladas com determinadas isenções no futuro, o que tornará os produtos mais caros para o investidor.

Eu quero, e agora?

Resolveu que sim, vai apostar? O conselho de Rafaella é, antes de tudo, se aprofundar para entender a metodologia de produtos ESG e o que foi considerado nas esferas ambiental, social e de governança. “E, então, para escolher, ter sempre no radar informações sobre empresas e projetos que tenham iniciativas nesse sentido, como gestão de resíduos e economia circular, agronegócio sustentável e segurança alimentar, eficiência energética ou energia renovável, saúde, habitação, educação e inclusão financeira”, lista a especialista.

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