A trajetória de Gianni Versace, o estilista que revolucionou a moda

Inovador na escolha de matérias-primas, pai das supermodelos, designer das celebridades, mestre das estampas e das cores, o designer, morto em 1997, deixou um legado que inspira criadores até os dias de hoje.


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Foto: Ron Galella / Colaborador



Gianni Versace era filho de mãe costureira e aprendeu o ofício trabalhando na butique dela. Começou a trabalhar como designer aos 22 anos, desenhando coleções como freelancer. Em 1978, abriu a primeira loja da Versace, em Milão, dando início a um império. Era amigo pessoal de Madonna, Elton John, Princesa Diana e outras celebridades, elevando a relevância da primeira fila. Paralelamente a sua grife, atuava também como figurinista de óperas e balés. Morreu em 1997, após levar dois tiros na nuca na porta de casa.

Acompanhe a sua trajetória a seguir:

A origem de Gianni Versace

Nascido em 2 de dezembro de 1946, em Reggio di Calabria, no sul da Itália, Gianni Versace foi criado com seus dois irmãos – Santo e Donatella – vendo a sua mãe, Francesca, trabalhar como costureira e dirigir a sua própria butique. Quando se formou no ensino médio, passou um período trabalhando e aprendendo com ela sobre o ofício. Ele era encantado pelas clientes elegantes que frequentavam o espaço. O pai, Antonio, era vendedor de eletrodomésticos.

Como também era fascinado por ruínas gregas que dominavam a paisagem da cidade em que nasceu, decidiu estudar arquitetura, mas não seguiu carreira. Aos 22 anos, desenhou a sua primeira coleção de roupas a pedido de um costureiro local. A repercussão foi positiva e fez seu nome chegar a Milão, recém-nomeada capital da moda, para onde se mudou em 1972.

Lá, começou a trabalhar como freelancer para os ateliês Florentine Flowers, De Parisini di Santa Margherita, Genny e Callaghan. Em 1974, lançou a sua primeira linha sob o nome de Complice. O trabalho, todo feito em couro, era inusitado para a época.

O surgimento da Versace

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Gianni Versace em frente a uma parede de croquis em seu studio em 1985. Foto: Mondadori Portfolio / Getty Images

Gianni abriu a sua primeira loja em 1978, na romântica Via della Spiga, em Milão. Nascia, assim, a Versace, que viria a se tornar uma das maiores e mais importantes casas de moda do século 20. Santo e Donatella, seus irmãos, foram trabalhar com ele. Em março daquele ano, apresentou a sua primeira coleção feminina com seu sobrenome na etiqueta, em setembro veio a masculina.

O sucesso da Versace foi praticamente instantâneo. Gianni explorava matérias-primas incomuns, como o plástico, a borracha e o metal, em designs luxuosos que exalavam sexo e sensualidade. Seu encantamento pela antiguidade clássica se mesclava à tendência à rebeldia, resultando em uma costura requintada que desafiava as regras da moda da época.

As expectativas pelo lançamento de cada coleção eram imensas. A criação do tecido oroton, uma malha que parecia ser feita de metal líquido, estampas baseadas na pop art, vestidos com elementos de bondage, padronagem barroca, muito dourado e maxialfinetes se tornaram algumas de suas assinaturas.

Versace e as celebridades

A ligação entre a Versace e as celebridades faz parte da sua base e abriu caminhos para que a moda percebesse o valor de uma primeira fila estrelada. Amigos ilustres como Elton John e Madonna, para quem também desenhava figurinos, marcavam presença em seus desfiles. A princesa Diana volta e meia surgia com tailleurs e festivos de festa feitos sob medida para ela.

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Karen Mulder, Linda Evangelista, Gianni Versace e Carla Bruni em 1992. Foto: Foc Kan / Colaborador

Gianni foi um dos primeiros estilistas a cruzar os mundos da musica e da moda. O figurino dourado usado por Michael Jackson na turnê mundial HIStory, de 1996, era assinado por ele, bem como os looks que o popstar e Paul McCartney usaram no clipe de Say Say Say. O rapper 2Pac aumentou ainda mais o desejo entorno da medusa, o logo da casa italiana, ao usar um medalhão com ela incrustada.

Nas passarelas, Claudia Schiffer, Christy Turlington, Linda Evangelista, Cindy Crawford, Naomi Campbell, Carla Bruni e Helena Christensen abrilhantavam seus shows e, paralelamente, começavam a ser chamadas de supermodelos por seus salários exorbitantes. Enquanto outras marcas contratavam uma ou outra para desfilar, Versace bancava todas juntas, lado a lado.

Figurinista de óperas e balés

Para além da grife e das estrelas do pop, Gianni Versace também era figurinista de óperas e balés. Ele dizia “para mim, o teatro é a libertação”. Colaborava com o Teatro La Scala, em Milão, onde conheceu seu parceiro Antonio D’Amico, e fez os trajes, que foram vistos em palcos do mundo todo, para montagens de:

  • 1984: Don Pasquale
  • 1984: Dyonisos
  • 1987: Leda and the Swan
  • 1989: Chaka Zulu
  • 1996: Malraux
  • 1992: Josephlegende

A trágica morte de Versace

Em 1993, Versace foi diagnosticado com um câncer raro no ouvido, mas conseguiu vencê-lo. Na época, começou a transferir grande parte de suas responsabilidades comerciais para a família. Porém, mal sabiam todos que a vida do estilista realmente estava próxima do fim.

Na manhã de 15 de julho de 1997, o mundo acordou em choque com a notícia de que Gianni Versace havia sido assassinado na porta de sua casa, em Miami. Ele saíra para comprar revistas que detalhavam os desfiles de moda recentes em Paris, e, na volta, recebeu dois tiros na nuca disparados pelo serial killer Andrew Cunanan. Os dois já haviam se conhecido em uma boate, em São Francisco. A segunda temporada da série American Crime Story, da Netflix, relata a história.

Versace tinha 25 anos de carreira e muitos acreditavam que ele vivia o seu auge, criando conjuntos cada vez mais refinados, porém sem abandonar as cores vibrantes e a pegada sexy. A empresa havia se expandido e não só produzia roupas para homens, mulheres, crianças, como também joias, bolsas, perfumes e itens para o lar.

Donatella e Santo estavam na Itália ensaiando para uma série de desfiles de moda quando souberam da morte de Gianni. Eles divulgaram um comunicado agradecendo “todos aqueles que desejam respeitar, em silêncio, sua dor.” No dia seguinte, um memorial privado foi realizado em Miami pela família. Em seguida, um segundo evento, com a presença de aproximadamente duas mil pessoas, foi realizado em Milão.

O Metropolitan Museum of Art de Nova York também sediou um funeral, no qual Ralph Lauren, Anna Wintour, Calvin Klien e Marc Jacobs estiveram presentes para se despedir de Gianni e apresentar condolências à família. Whitney Houston e Jon Bon Jovi, amigos de Gianni, se apresentaram em homenagem.

Versace após Gianni

Os três irmãos Versace controlavam a Versace, com Gianni possuindo 45%, Santo 35% e Donatella 20%. Devido ao câncer de orelha do irmão, há cinco anos ela já vinha assumindo cada vez mais o design da casa, oficializando-se diretora criativa após o falecimento. O estilista havia assinado um contrato para abrir o capital da empresa, na época avaliada em 800 milhões de dólares, poucos dias antes da sua morte.

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Donatella, com o icônico vestido de bondage, e Gianni Versace em 1993 Foto: Donatella Ron Galella / Getty Images

Deixou as suas ações para a sobrinha Allegra, filha da irmã, então com 11 anos (ela só começou a participar dos negócios da família aos 24 anos, quando terminou os estudos). Em 2018, todas as ações da casa foram vendidas para o Grupo Michael Kors Limited, mantendo Donatella em seus postos de diretora criativa e vice-presidente. Santo assumiu como CEO após a morte do irmão, mas passou o cargo para Jonathan Akeroyd, em 2016.

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