NK Store e Instituto Alinha juntos por uma moda digna

Marca paulista e organização que luta por melhor condições de trabalho e remuneração justa em oficinas de costuras unem forças.


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Natalie Klein estava em Paris quando percebeu que precisava agir rápido para proteger sua NK Store e funcionários. Era semana de moda e pouco tempo antes, o número de casos de covid-19 havia explodido na Itália, logo após a fashion week de Milão. “Havia pouquíssimos compradores na cidade, a maioria voltou para suas casas ou cancelou a viagem”, diz a empresária, fundadora e CIO da loja paulista, que funciona como multimarcas e private label. “Na mesma época, recebi uma ligação de um amigo, dono de uma marca de sapatos na China, para me alertar sobre a gravidade da situação e dizer que era só uma questão de tempo até que tudo aquilo atingisse o Brasil”, continua ela.

Assim que retornou país, começou a traçar planos de ação e rever projetos que estavam em andamento – muitos deles tiveram de ser suspensos. No dia 11 de março, a Organização Mundial da Saúde oficializou a pandemia e Natalie decidiu que era hora de agir. “Muita gente olha para a NK como referência no mercado, era importante tomar uma atitude logo e servir de exemplo”, relata.

O primeiro passo foi fechar loja, escritório, ateliê e fábricas, antes mesmo do decreto oficial de quarentena no estado de São Paulo. No dia 16 daquele mês, todos os 180 funcionários já estavam trabalhando nas próprias casas e as costureiras tiveram oficinas de costura individuais instaladas em suas residências. Desde então, a NK Store se comprometeu em não demitir ninguém.


“Cada um precisa cuidar da sua cadeia produtiva. Sabemos que é um sistema muito complexo e, ao mesmo tempo, frágil e com pouca estrutura”, diz Natalie. As preocupações da empresa nesse sentido começaram há cerca de 4 anos, mas se intensificaram em 20109, quando o Instituto Alinha, responsável por capacitar, legalizar e conectar oficinas de costura com marcas de moda, entrou em cena. “Entre julho e dezembro do ano passado, mapeamos e assessoramos 18 fornecedoras da grife NK Store”, relata Dari Santos, fundadora do Alinha.

Retrato da empres\u00e1ria Natalie Klein.

Natalie Klein.Foto: Divulgação

“O processo começou com uma sensibilização de toda a equipe. Foi importante comunicar internamente tudo que iria acontecer nos meses seguintes de assessoria com as oficinas de costura fornecedoras da marca”, relembra Dari. Essas assessorias previam orientações e avaliações no seguintes pontos: formalização da oficina de costura e emissão de nota fiscal; instalações elétricas e infraestrutura da oficina de costura; saúde e segurança do trabalho; organização do ambiente de trabalho; e relações de trabalho e combate ao trabalho análogo ao escravo.

Segundo Dari, os maiores desafios foram o mapeamento da cadeia de fornecedores – muito além dos terceirizados diretos e com várias etapas – e precificação justa. “Trata-se da aplicação da metodologia do Instituto Alinha, estimando o valor hora de cada oficina, o tempo de produção de cada ítem, e a análise disso em relação ao valor final de cada peça”, explica.

Naquele mesmo 16 de março, Natalie lançou também a campanha #somostodosvendedores, por meio da qual qualquer funcionário pode atuar como vendedor – e sendo devidamente comissionado, basta que o cliente insira um código ao final da compra online. Durante a crise causada pelo novo coronavírus, essa comissão será dobrada: metade fica para o vendedor e metade vai para um fundo destinado ao Instituto Alinha. “Nos comprometemos a dar transparências total aos valores arrecadados durante a campanha”, pontua Natalie, sobre ponto importante no processo de valorização do trabalho de profissionais de moda.

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