Novo ritmo

Na terceira coluna sobre negócios de moda da plataforma SANTANDER ELLE CONSULTING, abordamos as metodologias ágeis e como elas podem tornar a dinâmica das marcas muito mais assertiva


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“Agilidade não tem necessariamente a ver com rapidez. Ela torna um processo mais eficiente, é uma mentalidade”, explica Marcelo Nascimento, fundador e gestor de inovação da Binky, empresa focada em design de negócios e branding. Apaixonado por colaboração e agilidade, ele ajuda clientes a encontrarem soluções transformadoras para seus businesses.

Para apoiar empreendedores e impulsionar novos talentos, o Santander se uniu à ELLE em uma série de conteúdos sobre negócios, capacitação, sustentabilidade e cases de sucesso. A plataforma SANTANDER ELLE CONSULTING conecta a expertise do banco que abraçou a moda à da revista – um projeto em sintonia com os desafios atuais da área. Nesta terceira coluna, vamos abordar como as metodologias ágeis estão revolucionando o mercado e têm tudo para conquistar as marcas de moda, sempre em busca de inovação.

Os princípios dos métodos ágeis já estavam presentes no artigo “The New New Product Development Game” (a palavra new duplicada não é erro de digitação), publicado em 1986 na Harvard Business Review pelos japoneses Hirotaka Takeuchi e Ikujiro Nonaka. À época, eles reconheceram que, em um mundo acelerado e altamente competitivo, uma abordagem sequencial (ou em “cascata”) para o desenvolvimento de produtos já não dava mais conta do recado. Um novo processo, com a interação constante de uma equipe multidisciplinar, traria novos aprendizados – de forma muito mais flexível que na lógica tradicional. “Empresas no Japão e nos Estados Unidos estão usando um método que lembra uma partida de rugby: a bola é passada dentro do time à medida em que ele se move”, escreveram.

Em 1993, os americanos Jeff Sutherland, John Scumniotales e Jeff McKenna documentaram e implantaram o Scrum, framework de gerenciamento de projetos – uma das muitas metodologias ágeis que surgiram desde então, em princípio utilizadas no desenvolvimento de softwares. O movimento ganhou força em 2001, quando 17 profissionais da área de tecnologia assinaram o Manifesto Ágil em Utah, nos Estados Unidos. Foram quatro os valores propagados no documento: 1) Indivíduos e interação mais que processos e ferramentas; 2) Software em funcionamento mais que documentação abrangente; 3) Colaboração do cliente mais que negociação de contratos; 4) Responder a mudanças mais que seguir um plano.

Hoje, a aplicação de métodos ágeis extrapola o universo dos softwares e se faz presente na gestão de projetos em geral. Essas metodologias inspiram a adaptação e o aprendizado contínuos, a colaboração, a comunicação frequente, a tomada de decisão mais dinâmica e o foco no cliente. Seus adeptos acreditam que a identificação de falhas ao longo do processo de desenvolvimento se tornou mais simples, resultando em entregas mais assertivas e economia de recursos. “O trabalho é feito de forma colaborativa por equipes multidisciplinares, o que dá um senso de pertencimento aos envolvidos. Esse tipo de imersão faz você se aproximar do outro”, diz Marcelo, que, entre outras atividades, dá consultoria para as empresas incubadas pelo Instituto Gênesis, da PUC-Rio.

Para os empreendedores de moda, o desenvolvimento estratégico da marca e a modelagem do negócio são fundamentais. “O empreendedor precisa entender como o seu negócio funciona, quem são seus parceiros e clientes, as suas atividades-chave, os modelos de relacionamento. Isso ainda é algo que falta no mercado de moda. Inovação existe por natureza nessa área, mas organização é fundamental, e os métodos ágeis tornam tudo mais simples”, explica Marcelo. Para quem quiser fazer uma imersão no assunto, a Binky tem um template de construção estratégica de marca disponível on-line. Por meio dessa plataforma, é possível definir nicho, audiência e valores, entre outros aspectos. “É um modelo ágil para construir a estratégia de uma marca, de forma colaborativa.”

Na prática, as metodologias ágeis dão protagonismo aos desejos do consumidor, alterando a ordem de um mercado tradicionalmente movido por previsões de tendências – o chamado fashion forecasting. Assim, a moda promete mais interação, adaptação e personalização, além de ciclos de produção mais eficientes. Com essa nova mentalidade, as marcas têm tudo para reduzir o desperdício de materiais e manter estoques adequados à demanda. Nessa transformação, a tecnologia se apresenta como grande aliada, tanto para identificar as preferências do público por meio de dados quanto para criar processos mais assertivos no desenvolvimento das peças – como a modelagem em 3D. Sem deixar a criação e a emoção de lado, porque não se faz moda sem imaginação e paixão.

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