Azeites nacionais estão com tudo: saiba como escolher
Frescos e cheios de personalidade, rótulos brasileiros têm conquistado os mais importantes prêmios do mundo.
Já reparou como as prateleiras de azeites estão cada vez maiores e mais variadas? Além das tradicionais marcas espanholas, gregas, portuguesas e italianas, a gente encontra cada vez mais opções de outros países produtores, inclusive da América do Sul. E, entre elas, têm cada vez mais destaque os azeites brasileiros. Sim, o Brasil já pode ser considerado um importante produtor de azeites – não exatamente em termos de volume, mas de qualidade. Essa cultura ainda é bem recente no Brasil, sequer completou uma década, e tem muito o que crescer. A cada ano, porém, novos rótulos chegam às gôndolas dos empórios gastronômicos. Já temos até um guia publicado bianualmente, o Extrafresco – O guia de azeites do Brasil, editado pelo degustador e professor do Senac Sandro Marques.
Nossos azeites têm conquistado importantes prêmios internacionais. Uma das novidades de 2021 é o azeite Lagar H, produzido em Cachoeira do Sul (RS), onde a família Haas cultiva oito variedades de azeitonas. A marca estreia no mercado com dois rótulos: um blend, medalha de ouro no EVO International Olive Oil Contest, na Itália, e um varietal da variedade Koroneiki, ouro no NYIOOC World Olive Oil Competition, nos Estados Unidos. Quem também tem uma senhora galeria de medalhas é a Sabiá, de Santo Antônio do Pinhal (SP) – só este ano, a marca faturou ouro no NYIOOC, com seu varietal Koroneiki, e a classificação Best in Class, no Japan Olive Oil Prize, para o varietal Arbequina.
Grifes já famosas em outros segmentos também estrearam recentemente entre os azeites. É o caso da Orfeu, produtora de cafés, que lançou o primeiro azeite em 2020. E você, já se aventurou pelo universo do azeite nacional? Confira, a seguir, informações importantes para quem quer provar ou conhecer um pouco mais dos azeites made in Brazil.
Colheita para a produção de azeite Lagar H, em Cachoeira do Sul (RS)Foto: Carlos Ferrari
Como escolher o azeite extravirgem?
O brasileiro costuma conferir apenas o país produtor e o grau de acidez do azeite extravirgem – que deve ser, no máximo, de 0,8%. Mas outros fatores influenciam na qualidade do produto. Quanto mais próximo o produtor, por exemplo, maior a garantia de frescor, um dos atributos mais importantes. Segundo o consultor e degustador Paulo Freitas, azeites brasileiros e de outros países da América do Sul chegam ao mercado na mesma safra, enquanto os europeus geralmente desembarcam por aqui muitos meses depois – e podem perder aromas pelo caminho. A diferença é fácil de perceber. Quando o azeite é extraído de azeitonas bem verdes, recém-colhidas, e chega rapidamente à mesa do consumidor, os aromas herbáceos são muito presentes. Lembram aquele cheiro gostoso de grama cortada.
Qual a diferença entre blend e varietal?
Assim como o vinho pode ser produzido a partir de diversas variedades de uvas, o azeite pode ser extraído de diferentes tipos de azeitonas – e cada uma tem características distintas. Um blend mescla vários tipos, uma espécie de receita própria de cada produtor, que pode variar de intensidade. Já o varietal parte de uma variedade única e expressa integralmente o sabor daquele fruto. Azeites varietais de Arbequina, por exemplo, são suaves e combinam com pratos leves. Os de Arbosana e Frantoio têm corpo médio, enquanto os varietais de Grappolo, Galega, Koroneiki e Picual são bem intensos.
O que significam amargor e picância no azeite?
São atributos que dão personalidade aos azeites extravirgens. Mas há muita confusão a esse respeito. O amargor não tem nada a ver com defeito – pelo contrário, é algo apreciado por uma boa parcela dos consumidores. Da mesma forma, a picância não tem relação alguma com adição de pimenta. No azeite, é aquela sensação rascante que fica na garganta. Quando mais intenso o corpo do azeite, maior o amargor e a picância.
Que regiões brasileiras produzem azeite?
Os maiores produtores brasileiros se concentram no Rio Grande do Sul, na região da Campanha Gaúcha, próxima à fronteira com o Uruguai. Lá ficam as propriedades de maior extensão. Já nos municípios paulistas e mineiros ao redor da Serra da Mantiqueira, predominam produtores de pequeno porte, donos de lavouras menores. Mas já surgem novas regiões cobertas de oliveiras – o novo azeite Davo, lançado em 2021, é produzido em Ribeirão Branco, extremo sul do estado de São Paulo.
Onde encontrar azeites nacionais?
São poucos os rótulos que têm volume para entrar em grandes redes de varejo. Por isso, o mais comum é encontrá-los em pequenos empórios. Desde o início da pandemia, porém, as marcas investiram bastante nas lojas próprias online e garantem entregas em todo o Brasil.
Por que azeites nacionais custam tão caro?
A falta de escala é uma das causas principais. Mas é preciso comparar o preço dos bons azeites nacionais com equivalentes importados. Os mercados brasileiros estão repletos de marcas – algumas bem famosas – que custam pouco porque se limitam a adquirir azeite de centenas de produtores e misturá-los sem critério. Azeite extravirgem de alta qualidade custa caro em qualquer país do mundo.
Justamente em função do preço alto, reserve os melhores azeites para finalização dos pratos – pode ser para temperar a salada ou arrematar aquele risoto especial.
Confira alguns lançamentos da safra 2021
Monovarietal Koroneiki Lagar H (lagarh.com), R$ 102 (250 ml).
Foto: Divulgação
Blend Davo (hotelevinicoladavo.com.br/loja-virtual), R$ 150 (250 ml).
Blend Vila do Segredo (lojaviladosegredo.com.br), R$ 49,90 (250 ml).
Foto: Divulgação
Varietal Koroneiki Sabiá (lojaazeitesabia.com.br), R$ 62 (250 ml).
Foto: Divulgação
Varietal Galega Prosperato (emporio.prosperato.com.br), R$ 35,79 (250 ml).
Foto: Divulgação
Varietal Arbosana Orfeu (loja.cafeorfeu.com.br), R$ 149,90 (350 ml).
Foto: Divulgação
Blend Herança do Cerro (herancadocerro.com.br/loja), R$ 42 (250 ml).
Imersão no mundo dos azeites
Deu vontade de conhecer de perto como se produz um bom azeite extravirgem? É possível conhecer pessoalmente o trabalho de alguns produtores e fazer as compras direto na fonte. Confira:
● A Fazenda do Campo Alto, em Santo Antônio do Pinhal (SP), que produz os azeites Sabiá, recebe turistas que queiram percorrer os olivais e degustar os produtos. As visitas acontecem aos sábados e domingos, às 10h e às 14h, e custam R$ 25 por pessoa. Reservas: azeitesabia.com.br.
● O tour pela Fazenda Irarema, produtora dos azeites Irarema, acontece aos sábados, domingos e feriados em dois horários: 10h30 e 14h30. O preço é R$ 50 por pessoa. Localizada na estrada entre Poços de Caldas (MG) e São Sebastião da Grama (SP), a propriedade tem loja e restaurante. Não é preciso agendar. Informações: fazendairarema.com.br.
● A Fazenda Caminho do Meio, em Airuoca (MG), produtora dos azeites Olibi, oferece visitas guiadas todo sábado, às 10h – nos outros dias, só com agendamento prévio. O ingresso, a R$ 35, vale desconto de R$ 10 na compra de uma garrafa de azeite. Reservas: olibi.com.br.
● Em São Bento do Sapucaí (SP), as fazendas Santo Antônio e São José do Coimbra, que produzem os azeites Oliq, têm as porteiras abertas de quinta a segunda, das 10h às 17h, mesmo horário de funcionamento do restaurante. As visitas guiadas, a R$ 35 por pessoa, ocorrem de hora em hora, entre 10h e 15h. Reservas: oliq.com.br.
● A fazenda produtora do azeite Vila do Segredo, no município gaúcho de Caçapava do Sul, acaba de inaugurar uma pousada cercada pelos olivais, com apenas quatro suítes (diárias para casal, com café da manhã, de R$ 350 a R$ 450). Reservas: pousadaviladosegredo.com.br.
● Fica em Ribeirão Branco, no sul do estado de São Paulo, a Fazenda São Judas, onde a família Davo produz os azeites, cafés e vinhos Davo. É possível se hospedar na propriedade, em uma das 19 suítes (diárias para casal a partir de R$ 1500, com café da manhã, almoço e chá da tarde). Para não-hóspedes, as visitas guiadas, de quinta a domingo, custam R$ 80 por pessoa, sendo 50% revertidos para compras na loja. Reservas: hotelevinicoladavo.com.br.
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