Breakfast at Tiffany’s: um passeio pela landmark da Quinta Avenida
Imortalizada no cinema, a joalheria reabre sua loja mais famosa em formato grandioso.
É quarta-feira em Nova York e logo cedo, às 9h da manhã, um punhado de convidados e imprensa do mundo inteiro se aglomeram em um dos endereços mais célebres da cidade: a loja da Tiffany, na Quinta Avenida com a rua 57.
O frisson é justificável, acredite. Além de ser uma das joalherias mais famosas do mundo, reconhecida só pela embalagem, a blue box, foi neste endereço que Blake Edwards filmou uma das cenas mais icônicas do cinema, a de Holly Golightly, em Bonequinha de Luxo, filme de 1961. No take, vemos Audrey Hepburn, absurdamente linda, de pretinho Givenchy, comendo um croissant com café enquanto olha as joias pela vitrine.
Corta para 26 de abril de 2023 e o jogo se inverte. Numa das vitrines da Tiffany, vemos exatamente essa cena rodando numa tela – claro que há joias também, incluindo o yellow diamond montado pelo designer Jean Michel Schlumberger, uma verdadeira instituição da joalheria. Tipo mito mesmo. Mas é esse pequeno grande detalhe que dá pistas do que veremos do lado de dentro.
Tiffany landmark: um novo conceito de loja
Depois de quatro anos de reforma, o projeto liderado pelo arquiteto Peter Marino em parceria com o OMA New York é repleto de preciosidades – e não se trata aqui apenas das joias. São 10 andares, com importantes obras de arte, café, painéis com vídeos que reproduzem cartões-postais novaiorquinos e até manuscritos de Truman Capote, autor do livro Breakfast at Tiffany’s, que inspirou o filme.
Não à toa, a Tiffany deixou para trás a ideia de flagship store, como são chamadas as lojas conceito de grandes marcas, e passou a se autodefinir como landmark, um espaço que engloba mais do que consumo, embora este seja o business da empresa, hoje parte do grupo LVMH. Spoiler: o modelo deve ser replicado em alguns mercados, como o de Londres e, sim, o de São Paulo.
No térreo, logo de cara, ficam as joias mais famosas da casa, como um aperitivo – estão lá as linhas Knot, T e HardWear, por exemplo, além das relíquias já mencionadas de Schlumberger. Nas paredes, enormes telas de vídeo mudam a paisagem de acordo com o clima (há neve no inverno, flores na primavera etc.) e mostram o famoso skyline de Manhattan ou o Central Park, quando acesas. Apagadas, elas funcionam como espelho.
Bem ao centro, pode-se ver o Basquiat usado na campanha da Tiffany com Beyoncé e Jay-Z. E, neste momento, você não sabe mais se olha para os diamantes ou para Equals pi, uma das obras mais importantes do estadunidense, avaliada entre 15 e 20 milhões de dólares.
Subindo pelo elevador, no azul Tiffany, comme il faut, chegamos ao terceiro piso, All About Love, dedicado exclusivamente à linha de noivados e casamentos – se você sonha em pelo menos ver um solitário da marca, aqui é a sua parada. Tudo na decoração, que mais parece cenografia, foi pensado para evocar as facetas e o brilho da gema.
E, a partir daí, você pode dispensar o elevador, esbarrar na Venus de Milo, de Daniel Ashram, e subir até o oitavo andar pela escada inspirada nas formas orgânicas de Elsa Peretti, uma das designers que colaborou com a Tiffany e que também tem espaço cativo nessa landmark: logo acima do piso das noivas, uma sala é dedicada à ela e outra à Paloma Picasso. Duas mulheres lendárias na história da marca – pense na pulseira bone ou nas gemas coloridas que Paloma colocou em voga.
No quinto andar, fica a linha de prata da Tiffany, a mais acessível, os acessórios de couro e, coroa da rainha, a chamada Audrey Experience, que conta com a cena ícone de Breakfast at Tiffany’s, o vestido Givenchy usado pela atriz no filme, a estatueta do Oscar e até manuscritos de Truman Capote. Um presente para cinéfilos e fashionistas.
Mi casa, su casa
Subindo mais um lance de escadas, chegamos ao terreno de Décor e lifestyle. Vale dizer, pra quem não sabe, que a Tiffany começou fazendo luminárias (as até hoje chamadas luminárias Tiffany) e só depois desbravou o mundo das joias. Esse início deve ser resgatado agora, com a entrada de Lauren Santo Domingo na direção da linha Home e itens superespeciais, como o set de pratos de Julian Schnabel, que traz o nome das pessoas com as quais ele gostaria de jantar, incluindo o diretor Hector Babenco, e já estava sold out no dia da abertura. No mesmo piso, prepare-se para ter seu momento Breakfast at Tiffany’s: o Blue Box Café, com menu assinado pelo premiado chef Daniel Boulud, estrela Michelin, afinal, está lá para isso.
Pra terminar, os aficcionados por relógios vão encontrar seu lugar favorito no sétimo andar, no salão Patek Philippe. No oitavo e nono há a Tiffany Gallery & Terrace, que ainda não estava aberta no dia desta visita, e no décimo o Tiffany Private Club. Um mundo para ser descoberto.
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