Mostra da Rimowa reúne collabs icônicas e malas de celebridades
Em cartaz em Tóquio, exposição da marca alemã conta a história do mercado de viagens e exibe acessórios que pertencem a nomes como Billie Eilish e Patti Smith.
Há alguns meses, Billie Eilish foi contactada pelo time da Rimowa. A cantora é a feliz proprietária de uma raríssima mala de mão de policarbonato transparente, desenhada por Virgil Abloh, em 2019, para a parceria entre a Off-White, grife fundada pelo designer, e a marca de malas alemã. A ideia era que Billie emprestasse a peça para a exposição SEIT 1898 (“Desde 1898”, em alemão), inaugurada no último dia 8 de junho, em Tóquio. Ela topou. E, aproveitando a brincadeira da transparência, mandou dentro dela algumas peças de roupa, um CD e um par de tênis para serem vistos por quem passasse por lá. Pedido parecido foi feito a Lewis Hamilton, que cedeu seu modelo vermelho com o logo da Supreme, outra peça rara de uma collab, para também ficar exposto ali. As malas da cantora e do do piloto de Fórmula 1, junto a mais de 150 outras peças que contam a história da Rimowa – e, de quebra, do mercado de viagens–, ficam até o dia 18 deste mês na capital japonesa. Depois, partem para Xangai, Nova York e, finalmente, Colônia, na Alemanha, onde a marca foi fundada há 125 anos.
“Escolhemos Tóquio para a abertura porque os japoneses são nossos maiores consumidores”, explica Hugues Bonnet-Masimbert, CEO da grife. “Há 44 anos, a primeira mala Rimowa era vendida na cidade, e hoje somos uma marca cult aqui.”
Mala criada para campanha de 2012, com marcas simulando uma mordida de crocodilo.
Embora não esteja no roteiro da mostra, o Brasil é outro país bastante relevante para a história da Rimowa – e não só por reunir vários viajantes fãs da marca. Dieter Morszeck, neto do fundador, Paul Morszeck, é casado com uma brasileira e apaixonado pelo país, onde até hoje mantém uma casa e atua como filantropista.
Comprada pelo grupo LVMH em 2016, a Rimowa foi até então uma empresa familiar, gerida por três gerações. Fundada como marca de selaria, ganhou, na segunda geração, as primeiras sílabas do nome de Richard Morszeck, filho do fundador (o “wa” é de “warenzchen”, marca registrada, em alemão).
De um modelo de madeira, lã e couro datado de 1940, às collabs mais recentes com designers, artistas plásticos e outras maisons, a exposição reforça a busca constante pela inovação. A ideia de fazer uma peça de alumínio, por exemplo, veio da paixão do fundador pela aviação, e o fato de que parte dos aviões da época era feita deste material. Depois do alumínio, vieram as fibras plásticas e, finalmente, o policarbonato – material que hoje, produzido em candy colors, virou desejo absoluto para viajantes antenados e fashionistas conectados e é copiado globalmente.
A ligação da marca com a aviação é abordada na exposição da Rimowa.
É justamente essa capacidade de criar desejo o maior gol recente da Rimowa. Sempre conectada à tecnologia, inovação e, portanto, qualidade, o grupo LVMH chegou para adicionar às malas o verniz do luxo e a conexão com o agora tão fundamental para esse mercado. “A LVMH deu um boost no reconhecimento da marca a partir de collabs e da conexão com grandes embaixadores”, diz Emelie De Vitis, sênior vice-presidente de produto e marketing da empresa. Além disso, a estratégia de marketing não abandonou nenhuma outra que se distanciasse do pilar da qualidade.
Apesar de poder comemorar os 125 anos com tranquilidade nos resultados, a pandemia foi um pequeno terremoto interno. Imagine: uma marca de malas, e só de malas, num mundo fechado para os viajantes. “Foi um momento dolorido”, relembra Hugues. “Mas foi também uma grande oportunidade de repensar a empresa, que hoje expandiu a linha de produtos, criou um programa de compra e revenda de peças usadas e é capaz de oferecer a garantia vitalícia dos produtos. Segundo ele, hoje as vendas superam em muito os números pré-pandêmicos.
Parte do sucesso, como falamos, vem das collabs. Estão na exposição, por exemplo, modelos feitos em parceria com Dior, Fendi, Monclair, Aesop e até Porsche. “As collabs são, muito mais do que uma ação comercial, um exercício de criação. Elas são fechadas a partir da disponibilidade de o parceiro para co-criar. Funcionam para expandir nosso playground criativo”, explica Hugues. Basicamente, além de elevar o nível de desejo de uma marca de malas até para quem nem viaja tanto assim, as colaborações trazem para casa novas possibilidades, muitas vezes assimiladas posteriormente em produtos próprios.
A mala bem viajada de Patti Smith.
Ainda sobre a exposição: longe das collabs, um paredão com malas de “friends and family” diverte o público. O modelo todo adesivado e bem gasto de Patty Smith, um baú-adega de Lebron James, a maleta de alumínio usada nas filmagens de Missão Impossível estão lá. Para delírio dos fãs japoneses, a mala de mão recheada de pelúcias assinadas pelo seu dono, o artista Takashi Murakami; e o modelo preto, pintado com a palavra “fragile”, do músico e designer Hiroshi Fujiwara, foram selecionados para o braço japonês da mostra.
Mala transparente recheada de bichinhos de pelúcia de Takashi Murakami.
Segundo De Vitis, cada país que a exposição visitar deve ganhar novos parceiros para o paredão de “friends and family”. Agora é torcer para que, como mercado relevante para a marca, a expo chegue aqui algum dia – e já dá para ir pensando em quem seriam os friends and family da Rimowa por aqui. Alguma aposta?
A jornalista Maria Prata viajou a Tóquio a convite da Rimowa.
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