Este é o corpo que me dá prazer (e ele é perfeito)
ELLE Brasil e O Boticário se unem para fazer uma reflexão acerca do impacto dos padrões de beleza na nossa capacidade de sentir prazer.
CONTEÚDO APRESENTADO POR O BOTICÁRIO
Só transar com as luzes apagadas, evitar certas posições durante o sexo ou até deixar de se relacionar sexualmente: quantas vezes você se privou de sentir prazer por ter inseguranças com o seu corpo?
Se você é mulher, é provável que a resposta seja “muitas vezes”. Tudo isso é tão comum, inclusive, que quase se tornou banal. Afinal, fomos ensinadas a nos preocuparmos muito mais com a nossa aparência do que com o nosso prazer.
Uma pesquisa realizada pela Zava, empresa britânica no segmento de saúde, revelou que, enquanto a grande insegurança dos homens na cama é a performance, 79% das mulheres disseram que a imagem corporal é o maior fator de desconforto para elas.
“Quando falamos sobre interações interpessoais, ainda vemos muito peso em como o outro nos enxerga. Nós, mulheres, especificamente, vivemos na contenção e no controle corporal a partir, principalmente, do olhar masculino. O que acontece na cama, no íntimo, nada mais é do que um reflexo do que vivemos todos os dias”, comenta a educadora sexual Clariana Leal.
Fomos ensinadas a agradar. Durante o sexo, isso quer dizer duas coisas: dar prazer e sermos fisicamente atraentes para o outro. A prioridade nunca é nos divertirmos, relaxarmos ou gozarmos.
O mesmo não acontece com os homens na mesma proporção. “Você acha que eles deixam de transar por estarem preocupados com o corpo? Ou que ficam pensando como o físico deles está sendo visto na hora do sexo? Para ser bem direta: não, eles não estão nem aí”, adiciona a sexóloga e escritora Laís Conter.
Para as mulheres, a lista de inseguranças parece infinita: vai desde aquelas que também estão presentes no dia a dia, como o peso, como as exclusivas dos momentos íntimos, como a aparência da vulva.
“Até as nossas genitais são colocadas dentro de um padrão. Esperamos que a nossa vulva, por exemplo, seja como aquelas que vemos em filmes pornôs – rosada, fechadinha e sem pêlos –, quando ela pode ser assimétrica, mais escura ou com lábios maiores”, diz Clariana.
Em um estudo conduzido pelo International Journal of Obstetrics and Gynaecology, 50 mulheres tiveram toda a região íntima, interna e externa, medida. A conclusão é uma só: as dimensões genitais variam amplamente. Ou seja, assim como nossos corpos, nossas vulvas e vaginas são múltiplas e diversas.
Como é de se imaginar, essas preocupações estéticas impactam a qualidade e a quantidade de prazer que sentimos durante a relação sexual. “Nossa mente é a principal responsável pelo nosso prazer – se na hora do sexo estamos preocupadas com a aparência do nosso corpo, nós nunca vamos conseguir relaxar e curtir a sensação física do que estamos vivendo. Nosso foco precisa estar apenas em sentir”, afirma Laís.
“Sexo é sobre vulnerabilidade. Mas ao longo dos séculos o colocamos como algo sério e obrigatoriamente sexy. Quando criamos esse roteiro, tanto estético, quanto performático, ele deixa de ser divertido”, adiciona Clariana.
Como, então, quebrar com esse padrão? Infelizmente, não existe fórmula mágica. São anos acreditando que nossos corpos precisam ser esticados, puxados e comprimidos para encaixá-los dentro de moldes que nem sequer se sustentam.
O olhar gentil com o próprio corpo não se dá de um dia pro outro. Algumas estratégias, porém, podem ser adotadas. “Busco ver o meu corpo como uma máquina que me permite fazer tudo o que eu quero fazer, que me dá prazer e me mantém viva. É isso que mais me dá confiança”, compartilha Laís.
O conselho de Clariana é que possamos nos olhar com cada vez mais atenção. “Se masturbar olhando para o espelho é uma ótima ferramenta. Existe uma potência latente nesse ato que proporciona sensações boas associadas à imagem do nosso próprio corpo, independentemente de como ele seja”.
“Outro método é, todas as manhãs, listar as coisas que você gosta em você. E elas podem ser simples, como as unhas ou as covinhas. Com o tempo, você vai percebendo características novas e enxergando beleza onde antes você não via”, adiciona a expert.
A verdade é que, no final das contas, pouco importa nosso tamanho ou formato – a partir do momento em que você se sente bem na sua própria pele, automaticamente vai se enxergar mais bonita e gostosa e, consequentemente, mais prazer vai ter.
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