Prato feito: conheça a Croak Monsieur

Desde que escolheu São Paulo como segunda casa, há quase 10 anos, o parisiense Baptiste Demay sempre teve dificuldade em encontrar as roupas que gostaria de usar. “Era sempre uma moda muito praia, ou muito conceitual, ou careta. Não tinha um básico cool, sem pretensão, mas com diferencial”, diz ele. Da própria frustração, veio a ideia de preencher esse espaço com um negócio próprio: a Croak Monsieur (o nome é uma brincadeira com o Croque Monsieur, clássico prato francês que também pode ser considerado um básico com twist da culinária local).

Na recém-lançada coleção de estreia, são os detalhes que fazem a diferença. Isso vai desde a escolha de materiais, como o algodão e linho, aos tingimentos artesanais, recortes e texturas pontuais. “Queria uma roupa fácil, que valorizasse o movimento do corpo, para ser usada no dia a dia, sem muita montação”, explica Baptiste. A cartela de cores prioriza os tons terrosos e sóbrios, como azul-marinho e verde-oliva, com alguns toques de branco. Dos shorts aos blazers, todas as peças foram previamente testadas para garantir a qualidade da produção. “Usei todas as pilotos, viajei com as roupas e lavei tudo para entender onde poderiam haver defeitos e corrigi-los antes de chegarem ao cliente final.”

A atenção minuciosa vem de anos de experiência na área. O francês tem formação em marketing de moda e um MBA na área, mais voltado ao mercado de luxo. Profissionalmente, ele já passou pela multimarcas L’Éclaireur, pela Converse e, hoje, faz parte do time do Cartel 011. Isso sem contar os trabalhos de modelo. “Faço desde os meus 21 anos, mas nunca foquei muito nisso e acho que por um lado foi bom, porque consegui manter os estudos e meu lado empreendedor”, conta.

Baptiste Demay.Foto: @adrienlandre

A ideia de abrir o próprio negócio já vinha amadurecendo há uns dois anos e começou com uma minicoleção de camisetas, já com o nome Croak. “Era uma outra história, uma espécie de teste de mercado, para entender o desenvolvimento das roupas, o preço, a venda e conhecer possíveis clientes. Foi um aprendizado incrível, sem custo alto, para saber se era aquilo mesmo que queria fazer.”

A pandemia obrigou Baptiste a dar uma pausa nos planos, mas também serviu como momento de reflexão sobre a retomada da empreitada. Em parceria com o estilista Samuel Santos, ex-Modem, a Croak fez seu début oficial com uma pop-up store no restaurante Divina Encrenca, no centro de São Paulo. “Cada lançamento ocupará um lugar diferente, sempre um restaurante, porque a marca está atrelada ao setor alimentício, como o nome deixa claro”. A influência gastronômica também aparece nas embalagens das peças, que são entregues em caixas de papel, como as dos delivery de comida. “É a roupa pronta para o consumo”, diz Baptiste.

Foto: @adrienlandre

Outro pilar da Croak é a sustentabilidade e a ideia é que cada coleção abranja uma nova iniciativa voltada para isso. Nesta primeira, a seda é reaproveitada de estoque morto, os casacos são feitos de poliéster reciclado, os botões são de semente de corozo e os tingimentos artesanais foram desenvolvidos por uma oficina de mulheres da periferia de São Paulo. “Não uso plásticos, quero sempre trabalhar com reutilização de materiais tanto nas roupas, como nas etiquetas e aviamentos”, explica. “O caminho ainda é muito longo para se tornar uma marca sustentável, porém estou investindo nesse lado, e cada etapa da minha produção está sendo direcionada para isso”. No perfil da marca no Instagram também é possível acompanhar esse processo, que também será divulgado em uma newsletter quinzenal.

Enquanto começa a desenvolver a segunda coleção da Croak, prevista para novembro, Baptiste deu um pulo em Paris para filmar sua campanha de estreia, estrelada pelos amigos de infância nas antigas fábricas da Christolfe, marca de utensílios de mesa francesa, outro flerte com a gastronomia, que você confere logo abaixo. Play!

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