5 segredos de Alma Negrot

Maquiador e drag queen conhecido por sua estética exuberante e rica em detalhes, Raphael Jacques (a.k.a. Alma Negrot) defende uma leitura mais criativa (e mágica!) da maquiagem e do mundo.


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Encantar-se é um processo natural para Alma Negrot. Nascido Raphael Jacques, em uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul, o performer e maquiador encontrou na sua drag, uma forma de revelar a sua verdade interior para o mundo. “Eu tinha vontade de fazer teatro e de desenhar, mas não podia. Tudo o que eu gostava, em alguma medida, era proibido. Minha conexão com a arte, a sensibilidade, a música, a moda… Tudo isso era considerado inadequado pela minha família e pela sociedade em volta dela”, disse em entrevista à ELLE. “Portanto, desde criança eu já era punk”, declara.

Antes de decidir trair as expectativas que o circundavam, ele até tentou se encaixar, mas não deu certo. O chamado para o artístico era mais forte. Hoje, aos 27 anos, a rebeldia parece ter valido a pena: Alma Negrot já foi performer residente da Mamba Negra – uma das festas mais importantes da cena underground de música eletrônica em São Paulo –, já assinou a beleza de inúmeros desfiles da Casa de Criadores, já deu aula de maquiagem na renomada Escola Madre (também em São Paulo) e já colaborou com músicos renomados como Karol Conká, Johnny Hooker e Letrux. O seu mantra é “tentar injetar magia nas imagens que produzimos”. À ELLE, ele revela os cinco segredos de beleza mais preciosos que aprendeu até aqui.

Encontre a alma do trabalho

“Se preocupar menos em oferecer um produto mercadológico e mais em encontrar a verdadeira alma do trabalho. Você precisa entender a verdade atrás dele. Qual é a motivação disso tudo? Qual é a energia que está movimentando esse exercício criativo? E essa pergunta é profunda, vai longe. De repente, ela começa com você criança. Qual o desejo que você tem, que te motiva a criar desde criança? Para mim, é a magia, a provocação. Para outras pessoas, pode ser futuro, ancestralidade etc. Isso precisa aparecer na sua pincelada.”

Foque no caminho, não na chegada

“Se a gente só se preocupa pela imagem final, muita coisa se perde e a gente acaba não aprendendo. Então, é preciso prestar atenção nos erros e pensar na composição. Nada é descarte, tudo é uma possibilidade.”

Todo trabalho é sagrado

“Tudo o que fazemos e produzimos pode ser entendido como um ritual. O tempo inteiro, na verdade, somos levados a abandonar esse tipo de abordagem. O sistema quer de nós uma vida banal, uma performance que sirva apenas à grande máquina. E fazemos isso o tempo todo: ao acordar, ao olhar no espelho, ao trabalhar… Mas e se subvertêssemos essa performance? E se a entendêssemos como um ritual? É nesse olhar sensível que está a chave para fazer o nosso dia a dia se tornar mais especial.”

Acredita nas ferramentas ao seu dispor

“Na minha trajetória, já enfrentei muitos momentos em que a falta de recursos era a realidade. Já tive que improvisar muito e acho fundamental saber fazer isso. Afinal de contas, tenho muito orgulho de trabalhos em que tudo o que eu tinha em mãos era uma caneta BIC e um grampo de cabelo. A tudo dá-se um jeito, todo material funciona.”

O argumento precisa estar evidente

“As imagens carregam mensagens e essas mensagens precisam ser diretas, precisam dizer a que vieram. Se você faz um delineado gráfico e preto para o palco, ele tem que ser visto até na última fileira do teatro. Não pode ser meia-boca. Se você vai apostar no ‘sem maquiagem’, então vá sem maquiagem nenhuma, mesmo! É essa imagem que precisa estar bem resolvida. Não faça pela metade e não tenha medo de errar. Acredite naquilo que você está trazendo enquanto argumento estético.”

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