5 segredos de Mika Safro

Com apenas 24 anos, a beauty artist conquistou o mercado da moda e é um dos nomes mais quentes da beleza. Aqui, ela conta sobre a sua carreira e compartilha seus maiores truques de cabelo e maquiagem.


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Arte: Mariana Baptista



Tudo na beleza de Mika Safro exala ancestralidade – e não é à toa. Filha e neta de cabeleireiras, este universo sempre foi parte da sua vida. “Cresci no salão, mas fui a única dos meus irmãos a me interessar pelo assunto. Desde criança, aprendi com as mulheres da minha família e, aos 12 anos, comecei a adquirir as técnicas e a desenvolver um trabalho mais profissional”, conta a beauty artist. Aliás, sua mãe, Lu Safro, trabalha em parceria com ela em desfiles e editoriais até hoje. “Ela é trancista, visagista e foi professora da Embelleze por muitos anos. Ela foi fundamental na minha trajetória.” 

Mika é baiana, natural de Itagibá, mas cresceu em Franco da Rocha, cidade na região metropolitana de São Paulo. “Quando eu tinha 17 anos, minha mãe decidiu se mudar com a gente para a capital porque sabia das oportunidades de cultura e educação que poderíamos ter.” Em menos de dois anos, a beauty artist já estava entrando no mercado de moda e beleza. “Por acaso, acabei participando de um editorial de um grande veículo italiano e deixaram que eu fizesse os cabelos. Era um projeto pequeno, com pouquíssimos materiais, mas essas fotos rodaram o mundo todo e meu trabalho começou a ser conhecido”. 

A partir daí, as oportunidades não pararam de chegar. Neste mesmo ano, ela teve sua primeira experiência na SPFW e na Casa de Criadores. Logo, passou a trabalhar com marcas como Flávia Aranha, Paula Raia, Aluf, Neriage e Angela Brito. “Eu era muito jovem e acho que esse foi o meu maior trunfo, porque eu nunca tive nenhum outro privilégio. Eu estava onde as coisas aconteciam e o mundo da moda acabou me adotando. Grandes nomes da beleza e da fotografia me pegaram para criar, mesmo”.

Hoje, Mika é figura carimbada nas semanas de moda, assinando a beleza de grandes marcas nacionais, e virou queridinha do mercado editorial e publicitário, nacional e internacional. “Chega um momento em que você vai perdendo a noção da dimensão do seu trabalho e como ele impacta as pessoas. Por isso, amo quando assistentes, outros maquiadores e pessoas do mercado elogiam o que eu faço. Ver a nós mesmos a partir dos olhos dos outros é muito rico”, compartilha. À ELLE Brasil, a maquiadora conta como o trabalho coletivo e sua ancestralidade impactaram sua carreira e ainda revela seus melhores truques de cabelo e maquiagem. 

Estar pelo outro 

“Eu gosto de trabalhar de forma coletiva, com pessoas me apoiando e eu apoiando outras pessoas. Neste universo não existe equilíbrio: eu sou uma mulher negra na beleza e, por conta dos meus recortes, o caminho pode ser um pouco solitário. Porém, grandes nomes da maquiagem abriram as portas desde o começo para que eu pudesse trabalhar. Por isso, tento fazer o mesmo, trazendo mais pessoas para o mercado. É sobre enxergar o potencial de quem está começando, trocar experiências e dar feedback. Além disso, colaborar, tanto com nomes grandes como com pequenos, pode ser muito especial”. 

O preso perfeito

“Eu não uso grampos ou elásticos para prender o cabelo. Ao invés disso, uso um aviamento geralmente utilizado em cós de calças para poder ajustá-las. Eu compro um rolo e vou cortando as tiras. Depois, dou dois nós, um em cada ponta, e enrolo no cabelo, dando várias voltas e prendendo no final. Descobri esse material em uma viagem para Londres e fiquei apaixonada. Serve para todos os tipos de cabelo – liso, cacheado ou crespo –, o preso fica mais bonito e a linha não fica aparente.”

O poder das nossas origens 

“Quando entrei no mundo da moda, o que eu mais queria ver eram pessoas que se pareciam comigo sendo naturalizadas e atuando na indústria, mas isso não acontecia. Por isso, minha dica aqui é para pessoas como eu: estude muito e não pare jamais. Mas além disso, não se esqueça das suas origens porque é isso que te dá identidade e faz com que seu trabalho seja diferenciado. A gente vive a síndrome do vira-lata, de observar a moda internacional e achar que tudo que vem de fora é melhor do que o que temos aqui, mas o nosso mundo é muito rico e ainda é pouco explorado. Honre sua cultura e conte sua própria história.”

O estranho no mundo 

“Pesquiso muito sobre tudo o tempo todo. Amo livros de beleza, mas também de antropologia. Gosto de entender como as pessoas vivem, como elas andam e quais são suas perspectivas de beleza a partir de suas crenças e cultura. Acho incrível explorar regiões específicas, com muitas particularidades. Eu sou uma observadora da vida – amo andar pelas ruas da cidade e ver alguém na feira usando bobe, ou alguém no centro de São Paulo com um piercing esquisito. Isso me desperta criatividade. A vida em movimento me inspira.” 

Sobrancelhas, check!

“Ao invés de um pincel de maquiagem tradicional, eu uso um pincel de nail art para desenhar os pelinhos da sobrancelha. Ele é chanfrado, mas bem fino, o que torna ele perfeito para dar um acabamento bem natural. Uso uma tinta da Kryolan à base de água, com a cor similar ao da sobrancelha natural, e faço o desenho. É tão incrível que parece que você fez micropigmentação.”

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