Testamos, em primeira mão, as novas bases da Mascavo

A convite de Mari Saad, fundadora da Mascavo, fomos até o set da nova campanha da marca para conferir os lançamentos e conversar com a empresária.


Mascavo
Foto: Divulgação



Quando a influenciadora Mari Saad anunciou que lançaria a Mascavo, sua marca de maquiagem independente, depois de anos de sucesso da sua linha em parceria com a Océane, as expectativas eram altíssimas. Não à toa, todos os olhos estavam sobre ela quando fez seu primeiro drop no fim do ano passado. E apesar de ter conquistado a comunidade de beleza com suas fórmulas práticas e identidade visual, decepcionou no quesito diversidade, lançando contornos e bronzers que não funcionavam para peles negras.

Naquele momento, a ELLE Brasil foi o primeiro veículo a criticar a marca, apontando como o racismo cosmético ainda operava no mercado de beleza brasileiro. Foi justamente por isso que Mari nos convidou para conhecer o novo lançamento estratégico e decisivo, que prometia corrigir os erros cometidos no primeiro.

A novidade, prevista para chegar no dia 24 de junho no site da marca, inclui a base Soft Radiance (R$ 129,90) com 36 tonalidades e o corretivo Soft Blur (R$ 79,90) com 24, ambos pensados para atender os seis fototipos e três subtons de pele. Foi justamente esse duo que fomos convidados a testar, em primeira mão, durante a produção da nova campanha da marca.

Logo que chegamos no set, vimos que em uma parede estavam dispostas fotos de 36 modelos: cada um deles especialmente selecionados para representar fielmente os tons da nova base. No camarim, as penteadeiras exibiam toda a linha atualizada com quase todas as bases e corretivos, além de bronzers e contornos reformulados para atender peles negras.

BackStageMascavo 30

Quem nos apresentou os produtos foi Simone Barcelos, maquiadora e fundadora da Escola Madre, que participou ativamente do processo de desenvolvimento da base e do corretivo. Tudo aconteceu de forma prática: assim como os modelos, nos sentamos no camarim e fomos maquiados usando apenas com os produtos da Mascavo, enquanto a expert nos contava detalhes da forma e da aplicação.

Descobrimos que a base foi desenvolvida para ser uma fusão entre maquiagem e skincare, contendo ácido hialurônico, niacinamida e esqualano da cana de açúcar em sua composição – combinação que hidrata e uniformiza o tom. Sua cobertura é média e tem um glow suave, que dá à pele uma aparência de estar bem cuidada. Ela é perfeita para criar a famosa “no make-up, make-up”, com acabamento natural que não entrega o uso de maquiagem. Ficamos realmente impressionados com a qualidade da fórmula e o efeito dela sobre a pele. 

Copia de Mascavo ProdutoConceitoSimplesBases sRGB.jpg

O corretivo acompanha a proposta da base, oferecendo uma cobertura construível, mas com acabamento soft matte leve. Sua fórmula, que também contém ativos de skincare, é fluida e fácil de aplicar, sendo facilmente esfumado com o pincel da marca sem marcar as linhas finas ou craquelar. O destaque fica para a versão em tom salmão, que faz um trabalho impecável em disfarçar as olheiras, e se tornou nosso principal item de desejo deste último lançamento.

Depois de testarmos os produtos e conhecermos a ampliação da paleta de tons, tivemos a chance de conversar abertamente com Mari Saad. Ela abordou as críticas sobre a falta de diversidade no primeiro drop, compartilhou a essência da Mascavo e falou sobre os próximos passos para consolidar a marca no competitivo mercado de beleza brasileiro.

Antes de começarmos, acho importante te dar a oportunidade de falar sobre todo o trabalho que a marca tem feito depois da onda massiva de críticas que foram feitas logo na sequência de seu lançamento. Como a Mascavo tem se movimentado neste sentido?

Tem uma coisa que eu acho válido dizer antes de responder a sua pergunta que é: quando se empreende de verdade, escutar – a escuta ativa – é um processo muito importante, especialmente para quem quer construir algo maior. Sendo sincera, se eu não acreditasse na Mascavo de todo o meu coração, acho que eu não teria passado por essa situação da maneira como passei: aprofundando minha escuta ativa, mantendo minha cabeça erguida… Foi difícil. Eu tomei decisões precipitadas que caracterizaram um posicionamento de marca muito distante daquele que eu desejava para a Mascavo – e as consequências disso foram gigantescas. Então, a primeira coisa que voltou para nossa prioridade é essa lembrança constante de que estamos falando com gente de verdade. Toda essa dor e essa frustração é compreensível – são pessoas que me acompanham há muito tempo e se viram excluídas. E, óbvio, isso precisava ser resolvido da maneira mais rápida possível. Se eu pudesse falar com a Mariana de 7 meses atrás – quando a marca foi lançada e imediatamente “cancelada” – eu diria: trabalhe mais. Continue trabalhando e mostre o que você está fazendo. Para preservar a minha saúde mental e por uma série de outras razões, eu acabei atuando em frentes dentro da Mascavo sem falar nada para ninguém. Hoje, o meu time é repleto de diversidade e de pessoas que amam muito o que fazem, pessoas que têm um comprometimento muito verdadeiro com a missão da nossa empresa. E tudo parte daí, da paixão, dessa consciência do poder que a maquiagem tem de fazer a gente mais feliz, de mudar a maneira como nos vemos. De lá para cá, a gente olhou para dentro e se transformou muito profundamente a partir do que ouvimos. Tem sido um compromisso diário. Afinal de contas, quem a gente feriu, a gente feriu de verdade. Sim, tem o famoso “hater” ali no meio que vai sempre te odiar e te devolver sempre uma energia negativa, independentemente do que você faça, mas tem a crítica real, a construtiva e foi ela que a gente ouviu. De modo que hoje meu objetivo não é só atender meus clientes de um jeito inclusivo e democrático, mas eu quero levar o mercado junto comigo. Sabe, eu aprendi muito com meus amigos pretos que conhecem o meu coração. Eles passaram a mão no telefone, me chamaram e conversaram comigo sobre alteridade, sobre racismo cosmético e quando eu dei um “zoom out” e percebi o que eu tinha feito, aquilo me colocou no chão. Tomei uma decisão pensada pelo viés do empreendedorismo que não levou em consideração quem está ali me acompanhando, quem quer se ver dentro da marca. Então, depois de muito diálogo, de muitas mudanças internas, eu estou aqui emprestando da minha própria fama de boa desenvolvedora de produtos de beleza para pedir uma segunda chance. Tem muita gente envolvida na Mascavo, pessoas muito talentosas e comprometidas, tem todos os nossos curadores de marca – a Rob Freitas, o Alê de Souza – que se colocaram em risco ao trabalhar com a gente. Afinal de contas, uma mancha como essa não sai fácil. Qualquer outro escândalo que a gente possa se envolver não recai mais somente em mim, mas nesse pessoal que acreditou em mim, no meu comprometimento e na Mascavo. E a verdade é também que não existe um momento em que você senta e diz “agora está tudo certo” – quem pode te dizer isso é o seu cliente, quando ele toca a marca, quando ele entra em contato com o seu produto. É isso que fez da Mascavo uma marca real, é isso que me faz crescer e evoluir porque, afinal, a gente aprende errando e errando mais – agora eu espero errar melhor, nunca mais com essa questão da diversidade porque isso virou uma premissa nossa.

Também queria saber um pouco mais sobre o posicionamento da Mascavo no mercado. O público brasileiro, por vezes, resiste a pagar valores praticados por marcas “premium” em produtos desenvolvidos no Brasil. Como a Mascavo está ou não furando a bolha?

Olha, uma coisa que eu fui aprendendo ao longo do tempo é que, de todo o meu público, existe uma quantidade muito pequena de pessoas que não entendem de beleza. O resto sabe muito bem o que está acontecendo. É um público que cresceu comigo, que foi se afinando e se filtrando no decorrer dos anos. A minha credibilidade, inclusive, veio exatamente desse processo – eu fiz parte da formação em beleza dessas pessoas. Ou seja, o critério de avaliação dessa galera é outro. A régua é alta. O mercado brasileiro já é muito competitivo – é muita coisa, a gente fica até meio atordoada. Para se destacar no meio desse barulho todo – agora falando da nossa base, especificamente – a gente optou, para além de trabalhar com tonalidades que compreendem a diversidade da pele brasileira, em focar nos subtons, naquilo que ninguém vê, mas que é o que faz uma base realmente vestir o seu rosto ou não. Dá para entender muito desse posicionamento da Mascavo ao olhar para esse novo produto. Quando a gente fala de um “premium acessível”, estamos falando da tecnologia que a gente vê nas marcas internacionais mais consagradas globalmente, é um produto que faz brilhar os olhos desde a embalagem até a formulação – que, por sinal, foi revista infinitas vezes. É uma fusão entre maquiagem e skincare – tem niacinamida, esqualano de cana-de-açúcar, é vegana, constrói camadas se você quiser, é elástica… Por isso “Soft Radiance”. É um filtro sutil e customizável. Mas, voltando à questão da precificação, é isso: não posso cobrar 95 reais em um bronzer e a cliente não sentir que aquele produto foi pensado para ela. Afinal de contas, a minha maior concorrência sou eu mesma – foram oito anos desenvolvendo e lançando produtos. Ou seja, para eu lançar uma marca, eu precisava de algo novo, algo para além do produto. A Mascavo é uma personalidade, é o que eu acredito em termos de maquiagem, ela conta a minha história ao mesmo tempo em que leva para o mundo essa minha crença de que o make tem esse poder, essa força, de nos transformar, de fazer a gente se sentir e ser melhor.

Copia de Mascavo ComposicaoCategoriasCorretivos sRGB

E como você chegou nesse DNA da Mascavo?

Esse tema é um tópico meio sensível para mim. Eu procuro por um ponto de equilíbrio entre o que eu já fui e o que eu quero ser. E não é fácil. Essa mistura entre o universo criativo e a liderança empresarial é uma estrada muito bacana, mas você precisa estar muito equilibrada para não tombar demais para nenhum dos dois lados. Óbvio que ter um time como o meu me ajuda muito – é por causa deles que a marca tem a consistência que tem. Isso sem falar no quão complexo é comunicar esse DNA hoje em dia, em um momento em que a briga por atenção é tão grande. Então é um cuidado muito grande com cada imagem, com tudo. Esse é um momento 2.0 da Mascavo – até o final do ano a gente deve estar em mais de duas mil portas e isso vai ajudar muito a levar adiante a mensagem da marca –, mas tudo ainda depende muito do meu olhar, do meu direcionamento. É ficar ligada que no set em que a gente está clicando a campanha, se a modelo está comendo, se os profissionais têm tempo para respirar, é a maneira como a gente trabalha, como a gente pensa nos outros. Isso é Mascavo.

E por que a ideia de lançar base e corretivo nesse momento?

Eu acho que tudo parte de uma frustração. E a frustração é que eu sinto que a gente tem que amar as bases brasileiras tanto quanto as bases internacionais. Para isso, elas precisam nos “vestir”, precisam funcionar em vários aspectos: não pode vincar na pele madura, tem que durar bem o dia todo nos diferentes climas do nosso país, tem que construir, tem que ser flexível. Evidentemente, eu poderia criar uma base mais comercial, cheia de pigmento, mais grosseira, mas que vai agradar por esse lado da “cobertura”. Não é isso que a gente quer com a Soft Radiance. Queremos uma base que, a depender da aplicação, possa tanto chegar em uma uniformização de pele potente, quanto em um visual mais para o dia a dia. Ela é transparente na primeira camada, mas você chega a alta cobertura. Ela transfere bem pouco, não oxida e vem em uma embalagem que você tem orgulho de deixar na bancada, de vidro fosco, com pump. Foi um processo de desenvolvimento intenso, quase não saudável (risos) porque a gente ficava em foco total, eram horas e horas dedicando-se a encontrar a fórmula perfeita. E acho que a gente chegou nisso: o slogan da Mascavo é “a beleza do seu agora” – é isso o que a base ressalta. Ela se encaixa em você, você a veste como quiser. E o que a gente acredita é que é isso do subtom que dá essa sensação do vestir. A gente não pode deixar a pessoa laranja ainda mais laranja, nem a rosada ainda mais rosada. Nossas cores foram pensadas para encaixar na pele de cada um. A gente tem uma cartela de 36 tonalidades – se deus quiser, um dia eu consigo fazer 100 –, mas acredito que com o que temos, 90-95% das pessoas vão conseguir se encontrar sem ter que recorrer a misturinhas. E o corretivo é um irmão gêmeo dessa base. Ele é um pouco mais denso, que é para funcionar melhor nas regiões em que se costuma aplicar corretivo, mas é muito parecido com a base. E aí temos o “orange” e o “peach” que são corretores, mas são corretores simplificados, para usar sempre e que não vão pesar. Não demandam muita elaboração ali na questão das cores. Quem tem a pele mais clara, corrige a olheira mais funda e escurecida com o “peach” e quem tem a pele mais escura, com o orange. Às vezes, só uma camada leve deles já resolve a questão. Às vezes, a depender do estilo que você gostar mais, vale usar o nosso corretivo. E o melhor: você não precisa usar só a nossa base, só o nosso corretivo. Ele tem uma formulação tão delicada e sofisticada que eu tenho certeza de que ele não vai fazer qualquer maquiagem pesar.

Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes