Bruno Sodré: o cabeleireiro, a diva e as dicas

Hit no TikTok e reconhecido pelo tom Vanilla nos fios, ele conta sua trajetória e revela o segredo para as mulheres se sentirem empoderadas.


O cabeleireiro Bruno Sodré é um hit no TikTok e rei do cabelo vanila.
Bruno Sodré Divulgação



Bruno Sodré é um fenômeno. Saiu do Capão Redondo, extremo sul de São Paulo, para as regiões nobres da capital, chegou a Dubai e ganhou o mundo (e muitos fãs) viralizando nas redes sociais. Virou até meme. Mérito de uma trajetória, que pode até ter começado por acaso, mas que deu certo pela combinação entre talento e “carão”, com direito a frases cortantes – literalmente.

@brunosodre

• tudo tem um limite,até as pontas do seu cabelo. 🎈❤️ #foryou #fy #foryoupage

♬ original sound – Bruno Sodre

Entre as tendências e técnicas que compartilha, uma, particularmente, virou sua principal característica: a defesa do loiro Vanilla. “Quem descobriu o Vanilla foi o Twitter, não fui eu. (risos) O tom existe há muito tempo, às vezes, chamam de baunilha e tal. Mas acho que, como verbalizei, deixei o nome mais sonoro, alguém achou graça, outro deu um print, alguém fez um meme… Foi aleatório, foi a escolha do público”, brinca.

Blond ambition: a trajetória de Bruno Sodré  

Nascido no Jabaquara e criado no Capão Redondo, o cabeleireiro começou a carreira aos 17 anos, pra se sustentar mesmo. Sua família, ex-dona de restaurante e imobiliária, quebrou depois do Plano Collor, em 1990, e teve que ir morar de favor na casa de um tio.

“A mulher dele tinha um salão na garagem de casa. Então, cresci ali, no meio disso. E na adolescência, comecei a ajudá-la a pintar cabelo.”

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Bruno Sodré na Casa Floráh Divulgação

Aos 19, foi para o Jacques Janine, depois passou pelo De La Lastra e fez ainda uma passagem relâmpago pelo Studio W, do shopping Iguatemi, onde ficou apenas um mês. “Tinha uma amiga morando em Portugal e decidi ser cabeleireiro, começando logo pela Europa. Claro que não deu certo. Fiquei três meses sem conseguir nada e voltei, completamente decepcionado.”

Calma. É aí que começa sua grande virada.

@brunosodre

sobre isso né? #fy #foryou

♬ original sound – Bruno Sodre

“Não tinha mais certeza se queria ser cabeleireiro e zero energia pra procurar algo em salão. Mas dúvida por dúvida, não sou herdeiro.” 

De volta ao Capão Redondo, Bruno Sodré montou um cantinho de trabalho improvisado em sua casa. Em 2014, já com clientes fiéis, reformou a lavanderia e fez seu primeiro salão lá. “Juntava dinheiro dentro do meu livro do Harry Potter, nem conta no banco eu tinha. Fiquei dois anos assim, depois abri um novo espaço, dessa vez na rua da minha casa, porque minha mãe sempre me incentivou a dar passos maiores. Se não fosse por ela, talvez nada disso tivesse acontecido.”

Trabalhando de domingo a domingo, se sentiu preparado para ganhar outros territórios: alugou um casarão na Avenida Morumbi e depois se mudou para o Shopping Morumbi Town. “Era um salão-sonho, desenhei no papel e ficou exatamente como eu queria. Mas eu tinha uma carga de trabalho muito grande e acabei tendo um burnout insano, não conseguia nem sentir o cheiro do shopping, tinha crises, era internado.”

Extreme makeover

Há dois anos, Bruno fechou o salão. Mas isso está longe de ser o fim da sua história. Pelo contrário. Há mais ou menos dois anos também, durante a pandemia, ele foi se recriando, se redescobrindo, até alcançar a imagem que tem hoje, a de uma mulher linda e poderosa.

“Eu passei por uma transformação e essa transição, inclusive, foi mostrada nas redes. Sempre gostei de moda e comecei a ir atrás de looks, de referências, estudar o que vestir para ver se aquilo faz sentido.”

Apesar do visual, o cabeleireiro não se enxerga como uma mulher trans. “As pessoas se confundem mesmo, e acho natural. Tenho uma imagem extremamente feminina, mas nunca tive a sensação de que estou no corpo errado. Minha maquiagem, meu corpo, minha roupa é algo externo. No interior, me sinto um homem gay.”

Tudo tem um limite, até as pontas do seu cabelo

 

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Com mais de 600 mil seguidores acumulados nas redes sociais, Bruno Sodré abriu mão do salão próprio, “algo impensável pra quem tem muito ego”, e hoje atende na Casa Floráh, nos Jardins, além de continuar indo para Dubai, onde atende mulheres e participa de campanhas de moda.

Entre os aprendizados que acumulou, falar não para alguma cliente é uma vitória. “No começo, você quer agradar, quer produzir conteúdo e usar a cliente também como uma forma de divulgação. O que a idade e o tempo de profissão ajudam a entender é que existem coisas diferentes: o que a cliente quer, o que ela precisa e o que ela pode ter. Não adianta fazer um superloiro acreditando que ela vai ficar linda, se ela não consegue secar e polir esse cabelo.”

E já tem planos para dar novamente um restart na sua vida: “Quero focar em dar workshops online e ter minha linha de cosméticos, um sonho antigo.”

Cheiro de sucesso

NEW YORK - MARCH 24: Actress Marilyn Monroe gets ready to go see the play "Cat On A Hot Tin Roof" playfully applying her make up and Chanel No. 5 Perfume on March 24, 1955 at the Ambassador Hotel in New York City, New York. (Photo by Ed Feingersh/Michael Ochs Archives/Getty Images)

“Quando eu quero me sentir confiante, mesmo nos dias em que não estou me sentindo assim, uso uma boa fragrância.”

Nosso papo, termina com ele revelando sua fonte de autoconfiança – já viu ele andando nos vídeos? Tipo diva?

Da periferia para a perfumaria de nicho, Bruno solta o verbo: “Quando eu quero me sentir confiante, mesmo nos dias em que não estou me sentindo assim, uso uma boa fragrância.

Sou apaixonado por perfume, tenho mais de 40, um pra cada momento – date, ver os amigos, ir pra uma reunião, se empoderar. Acho que o cheiro tem esse poder de trabalhar nossa mente e elevar nosso estado de espirito. Isso funciona muito pra mim”.

Anota aí (ou tira print). Os perfumes que Sodré mais espirra para exalar poder são o Chanel Sycomore e o Armani Privé Cuir Zerzura. “O Chanel Beige também sempre funciona para uma imagem mais clean, mas que ainda assim imprime um senso de responsabilidade.”

Alguém duvida?  

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