Será o fim das extensões de cílios?

As extensões de cílios estão enfrentando uma crise. Nas redes sociais, relatos de reações alérgicas, olhos inchados e resultados que desagradam tomam conta do feed. Vídeos virais no TikTok mostram clientes insatisfeitas, algumas em lágrimas, descrevendo os danos sofridos após aderirem à técnica que, até pouco tempo atrás, era considerada inofensiva e quase obrigatória na rotina de beleza de muitas mulheres.

Para explicar melhor, a extensão de cílios consiste na aplicação de fios sintéticos sobre os cílios naturais, com o uso de colas específicas que prometem durabilidade e efeito impactante. O procedimento, que virou febre entre famosas, influenciadoras e usuárias comuns, agora se vê na berlinda. O método, que antes era associado a olhos de boneca, agora está diretamente ligado a consequências inesperadas, como vermelhidão intensa, coceiras, queda dos cílios naturais e até infecções oculares.

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Vanessa Barboza, especialista em lash lifting, extensão de cílios e micropigmentação, alerta para os riscos do uso de produtos não testados dermatologicamente e oftalmologicamente. “Muitas reações alérgicas ocorrem por conta de colas inadequadas, que não foram formuladas para o contato próximo aos olhos. Além disso, uma aplicação incorreta pode causar danos permanentes, como a quebra dos cílios naturais e sua consequente fragilidade”, explica. Para ela, é fundamental procurar profissionais capacitados e que utilizem produtos dentro do prazo de validade e aprovados pela Anvisa.

Alternativas às extensões de cílios

Apesar da crescente onda de críticas, ainda há espaço para o olhar dramático no universo da beleza, mas ele tem se manifestado de outras formas. Prova disso é o retorno triunfal dos cílios postiços às passarelas. Nessa última temporada da semana de moda de Nova York, marcas como Collina Strada, Luar, Eckhaus Latta e Elena Velez trouxeram versões ousadas e maximalistas do acessório. Tinha  glitter, cílios coloridos, modelos extralongos e até formatos artísticos que ultrapassam o limite da pálpebra, flertando com o universo performático.

Foto: @1800andrewdahling

O mesmo se repetiu em Londres: com a assinatura da beauty artist Sofia Tilbury, Harris Reed transformou seu desfile em um verdadeiro espetáculo visual, no qual os cílios postiços foram protagonistas. O resultado? Looks marcantes, mas com maior liberdade estética e sem os compromissos de manutenção constante, como acontece com as extensões de cílios.

A diferença de abordagem também é importante: enquanto as extensões exigem retoques frequentes, manutenção a cada 15 ou 20 dias e cuidados específicos, os cílios postiços são temporários, versáteis e, principalmente, reversíveis. Essa flexibilidade tem atraído até mesmo quem costumava ser fã incondicional das extensões de cílios.

Foto: @alipirzadeh

No TikTok e no Instagram, é crescente o número de vídeos do tipo “antes e depois” mostrando o alívio de mulheres que decidiram retirar as extensões. Muitas delas relatam como os cílios naturais ficaram danificados e como se redescobriram mais confortáveis com uma maquiagem leve ou com o uso esporádico de postiços. Outras citam a economia de tempo e dinheiro como motivos decisivos para abandonar o procedimento.

Enquanto isso, o mercado tenta se adaptar. Marcas de beleza têm investido em novas fórmulas de colas hipoalergênicas e em técnicas menos agressivas. Há também uma aposta crescente em produtos que fortalecem os cílios naturais, como séruns com vitaminas e máscaras que estimulam o crescimento — sinal de que a indústria entendeu que o consumidor quer alternativas seguras e menos invasivas.

Diante desse cenário, é possível que estejamos assistindo ao início do fim das extensões de cílios. Embora ainda haja quem defenda o procedimento, principalmente quando feito por profissionais experientes e com os devidos cuidados, a popularidade massiva parece estar em declínio, empurrada por uma geração que valoriza autenticidade, segurança e estética mutável.

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