Maquiagem vintage é a nova obsessão da comunidade digital de beauté

Com mais de 125 milhões de visualizações no TikTok, a hashtag #VintageMakeup revela a força da nostalgia na beleza contemporânea.





Um kit de edição limitada da coleção Night and Day, da Rimmel, de 1950. Um estojo de máscara de cílios, da Maybelline, de 1920. Algumas das sombras criadas pela icônica modelo Twiggy ao lado da Yardley, em 1960… Esses são alguns dos produtos que, recentemente, ganharam milhares de likes no TikTok por evocar a magia da nostalgia na beleza, a mais nova obsessão dos fanáticos pelo assunto. A vintage beauty está viralizando nas redes, mas este é um hobby levado muito a sério por maquiadores, colecionadores e entusiastas que, a partir de suas coleções, conseguem traçar linhas na história do mercado de cosméticos.

Ao longo do último ano, com a pandemia do novo coronavírus e todas as perdas e dificuldades que ela trouxe, não raro, nos voltamos ao passado e às lembranças para encontrar algum conforto. Isso posto, é fácil perceber que a nostalgia se tornou uma macrotendência de comportamento, principalmente entre a geração Z e os millennials. De acordo com uma pesquisa feita pela Global/WebIndex no ano passado, esse olhar ao passado, ao contrário do que se imagina, é capaz de nos fazer mais otimistas a respeito da vida. Por isso que é em momentos difíceis como este em que ele aflora.

Não à toa, séries de televisão como A maravilhosa Srª Maisel (Amazon Prime), The Crown (Netflix) e Bridgerton (Netflix) – que remontam o passado uma boa camada de verniz brilhante – têm alcançado tamanho sucesso durante o isolamento social. Sendo assim, nada mais natural do que a alta da #VintageMakeup que, no Tiktok, tem mais de 125 milhões de visualizações. São cosméticos que datam desde os longínquos anos 1920 até os mais recentes anos 1990: batons, blushes, máscaras, paletas e pincéis de marcas históricas como Dior, Maybelline e L’Oréal.

A beauty artist nova-iorquina Erin Parsons (o nome por trás das maquiagens surrealistas dos desfiles da Schiaparelli), por exemplo, é dona de um acervo invejável de produtos esculturais, quase barrocos. Para se ter uma ideia, um par de cílios postiços usados por Marilyn Monroe figura na coleção. “Foi uma das primeiras relíquias que encontrei. Depois disso, fiquei obcecada”, conta em entrevista à Dazed Beauty. “Gosto de tocar na maquiagem e ver as cores reais que existiam naquela época. É emocionante.”

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Outro grande nome da beleza que também tem um arquivo invejável é a youtuber e maquiadora britânica Lisa Eldridge, dona de sua própria linha de cosméticos e diretora-criativa de maquiagem da Lancôme. “Ela é uma grande colecionadora. Lembro de assistir a um de seus vídeos em que mostrava um batom usado por Audrey Hepburn”, lembra Erin. Lisa é a autora do livro Face Paint: The Story of Makeup, de 2015, uma caminhada pelo passado do mercado de beleza feita a partir dos itens de sua coleção.


Vídeo em que Lisa Eldridge mostra o porta-batons de Audrey Hepburn.
YouTube: Lisa Eldridge

A exclusividade, por fim, é outro elemento importantíssimo desse apelo que têm as maquiagens de época. É isso que colabora para que a aura de fascínio, desejo e encantamento desses itens se multiplique e alcance milhões de pessoas mundo afora, em um movimento viral. Lá no fundo, sabemos que cada década lidou com suas próprias questões e que, de perto, a história nunca é tão refulgente. Mas, mesmo assim, a estética retrô parece oferecer uma válvula de escape desse presente tão cruel ainda que o passado não tenha sido tão idílico quanto mostram os TikToks mais hypados.

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